Área de invasão vira "zona de guerra" em bairro de Ananindeua e moradores clamam por Justiça

Apontado como responsável pela violência, candidato Fernando Barra nega, mas é citado repetidamente por supostas vítimas, segundo vídeos encaminhados à coluna

23/08/2024 12:00

Moradores do residencial agredidos: nome do suposto algoz é mencionado insistentemente como responsável, mas ele nega em nota de esclarecimento/Fotos: Divulgação.


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om todo o respeito, a Polícia Civil do Pará precisa espichar os olhos e esclarecer, e dar fim, à barbárie escancarada perpetrada contra moradores do Residencial Professora Jurema Barra, área pertencente à Caixa Econômica Federal, invadida há mais de sete anos e que virou propriedade de “uns poucos”. Fica no bairro Levilândia, em Ananindeua, onde, em desespero de causa, moradores gritam desesperadamente por socorro.

 

O suposto responsável pelas atrocidades, duas vezes citado em reportagens anteriores, o pastor evangélico, candidato a vereador pelo PT e ex-assessor parlamentar de um deputado estadual, atende pelo nome de Fernando Barra, mas não consegue se explicar com relação às denúncias de moradores e principalmente à menção ao seu nome em vídeos.


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 As acusações mostram o modo como Barra e seus aliados costumam agir. Um dos vídeos encaminhados à Coluna Olavo Dutra mostra um homem bastante machucado, com o rosto ensanguentado e informando: “Isso é coisa do Fernando”. Outro vídeo traz imagens de destruição: objetos jogados pelo chão, porta quebrada, uma menor de uns 4 anos de idade chorando muito e aterrorizada. A voz que acompanha as imagens explica repetitivamente: “Por causa do Fernando....



 

Mais denúncias

 

Desde que a coluna começou a mostrar a situação na invasão, passou a receber outras denúncias, trazidas por pessoas que se dizem vítimas, mas o poder de amedrontar imposto pelos opressores também aparece em conversas no grupo de WhatsApp dos moradores da invasão. Mensagens e áudios recebidos são bem claros ao mostrar que a área virou uma espécie de “curral eleitoral”, com um grupo fechado em torno do candidato acusado. Inúmeros boletins de ocorrência confirmam, mas a Polícia Civil ainda não deu importância

.

As falas são do tipo “Como vamos fazer para eleger Fernando Barra”. “Vamos pra cima. O problema de muitos aqui (no residencial) é não acreditar no potencial do cara (Barra)...” “Agora que veremos quem vai apoiar o cara. Ele tenta de todas as formas ajudar todos aqui, tá na briga pela nossa causa e muitos não veem isso”, diz um deles. “Com um vereador ao nosso lado, os benefícios pra comunidade virão mais rápido”, diz outro. “Não podemos nem pensar em perder essa eleição, porque se nós perdermos essa eleição, praticamente estamos com o pé na rua, todo mundo, porque vão pensar que nós temos força. Então, temos que eleger nosso vereador, mostrar aqui que temos força e temos um nome para nos representar”.

 

Busca de votos

 

As conversas também versam sobre como os moradores farão para conseguir mais votos para Fernando. Um deles afirma que nem vota em Ananindeua, mas “tenho condições de conseguir mais dez votos para o Fernando”. “Nós temos os nomes das famílias, das 100 e poucas pessoas que moram aqui. Se cada uma dessas casas arrumar 10 votos pra ele, ele se elege. Acho que é mais do que obrigação dessas pessoas arrumar esses votos, pra ajudar. Fica a cargo da consciência de cada um que não vota aqui em Ananindeua”, destaca outro morador.

 

Outro lado da moeda

 

O candidato Fernando Barra foi ouvido, novamente, sobre as acusações e, em longa entrevista, afirma que tudo o que falam dele são mentiras. Nega tudo. Ele repete continuamente que “é perseguição política”, mas não diz de quem. Não explica, por exemplo, de onde vem a renda dele, já que não é mais assessor parlamentar, mas afirma com convicção: “Sempre tive uma reflexão comigo que diz assim: a única coisa que não pode te acusar é tua consciência”. Fernando também falou que não vai criar expectativa de que a coluna vai “postar algo para me defender”, apesar de ter tido uma postagem inteira, na quinta-feira, 22, mostrando os argumentos dele.

 

Fernando Barra fala repetidamente: “Se trata de perseguição política”, sem dizer quem são os que o perseguem, e teve a ousadia de fazer uma proposta à reportagem: “Então vamos fazer assim: você diz quem me acusa e eu digo quem está fazendo isso comigo. Bora lá?”.

 

Nota sobre os fatos

 

E por fim, Barra se decidiu a mandar a seguinte nota: “Eu, Fernando Barra, venho a público manifestar meu repúdio às fake news disseminadas contra mim, que têm como objetivo distorcer a verdade e prejudicar minha imagem e o trabalho sério que estamos realizando em Ananindeua. Essas falsas informações não apenas atacam a minha integridade, mas também subestimam a inteligência do povo de nossa cidade. É lamentável que, em vez de focar no debate de ideias e propostas, alguns escolham o caminho da desinformação e da calúnia. Quero deixar claro que não nos deixaremos abalar por essas tentativas de manchar nossa campanha. Seguiremos firmes, com o compromisso de sempre falar a verdade e de trabalhar pelo bem de Ananindeua. Agradeço a todos que nos tem apoiado e peço que continuem ao nosso lado, compartilhando a verdade e desmascarando essas mentiras. Juntos, vamos mostrar que a integridade e o respeito são os pilares de uma campanha limpa e honesta”.



 

Papo Reto

 

· O ato dos trabalhadores em educação, na última quarta-feira, em frente à Secretaria de Educação, exigiu do governo do Estado a revogação da portaria que acaba com as aulas suplementares na rede de ensino.

 

· Representantes do Sintepp chegaram a ser recebidos por uma comissão da Secretaria, não pelo secretário. A medida retira o direito de educadores readaptados e em fase de aposentadoria, impactando 5 mil educadores com redução salarial de até R$ 4 mil.

 

· No Hangar, hoje, a partir das 17 horas, dentro da Feira do livro, ocorre o lançamento do livro “Peças de teatro”, de Homerval Ribeiro Thompson Teixeira (foto), ex-aluno do Colégio Santa Terezinha, em Bragança.

 

·  Quase 3 mil cidades terão, no máximo, dois candidatos a prefeito este ano, segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos e o Common Data Coletivo Científico para Desenvolvimento, com base no registro de candidaturas na Justiça Eleitoral.

 

· Universidade Federal de Minas Gerais executará a construção de escolas e o Instituto Federal de Roraima, a formação de professores em terras Yanomami, englobando R$ 32 milhões de recursos federais.

 

· Sem Lira, nem Pacheco, e com plenário vazio, o Congresso Nacional promulgou ontem a infame PEC da Anistia a partidos políticos trapalhões e endividados, inclusive aqueles que sequer cumpriram cotas raciais.

 

· Como agora está valendo, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado reduziu o prazo de inelegibilidade previsto na Ficha Limpa.


· Nada, nada, isso significa que políticos devem ficar fora das urnas por, no máximo, oito anos a contar da condenação. 

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