Mudança no governo reduz poder de Jader Filho e entrega ao PT obras milionárias da habitação

Ministro sequer foi avisado e Lula diz aos Barbalhos que “não sabia”; dinheirama do “Minha Casa, Minha Cida” vai para o controle do grupo ligado ao ex-ministro José Dirceu.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

08/09/2024 08:00
Mudança no governo reduz poder de Jader Filho e entrega ao PT obras milionárias da habitação
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imprensa nacional repercutiu, em nota singela, uma grande mudança no tabuleiro do poder palaciano envolvendo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, e a Casa Civil da Presidência da República. A nota que circulou nas colunas dizia que, a partir de uma mudança protocolar, o ministro paraense passou a se tornar “uma espécie de rainha da Inglaterra" na Esplanada dos Ministérios.


Mexida foi operada nas caladas da noite e surpreendeu o ministro e toda a família Barbalho, mas Lula desconversou, convenientemente/Fotos: Divulgação.
 

Essa comparação, embora um tanto exagerada, reflete a sensação de impotência que tomou conta do Ministério das Cidades diante de uma reestruturação que alterou profundamente a dinâmica de poder dentro do governo.

 

Poder reduzido

 

A mudança em questão ocorreu no controle do Programa Minha Casa, Minha Vida, um dos pilares da política habitacional do Brasil, que visa proporcionar moradia digna a milhões de brasileiros. A pasta, que até então era responsável pelo regramento e pagamento das obras bilionárias do programa, viu seu poder objetivamente reduzido. A decisão, tomada na calada da noite, pegou o ministro Jader Barbalho Filho de surpresa. Assessores próximos ao ministro confirmam que ele não foi previamente avisado da mudança. Com a perda do poder sobre os recursos financeiros, restou à pasta apenas a gestão das normas e a fiscalização, enquanto o pagamento das obras agora está nas mãos de Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da Caixa Econômica Federal.

 

Fritura fina

 

A mudança não é apenas uma questão de redistribuição de responsabilidades. Representa uma reconfiguração significativa da influência política e administrativa dentro do governo. Inês Magalhães, que agora controla um dos maiores programas sociais do País, é ligada à secretária-executiva da Casa Civil do Planalto, Miriam Belchior, e ao ex-ministro Zé Dirceu, figuras de destaque no cenário político brasileiro e que seguem tendo grande influência sobre as decisões que o Partido dos Trabalhadores toma.

 

Belchior tem um histórico sólido, tendo sido responsável pelo monitoramento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento durante o segundo mandato do presidente Lula. Sua experiência e conexões dentro do governo são inegáveis, e isso levanta questões sobre o verdadeiro alcance da nova estrutura do poder e suspeita sobre uma possível “fritura” de Barbalho Filho.

 

Controle de contas

 

A atuação de Belchior como ministra do Planejamento e presidente da Caixa na gestão de Dilma Rousseff lhe conferiu um conhecimento profundo das engrenagens do governo federal e de suas armadilhas orçamentárias. Sua ascensão ao papel de gestora indireta do Minha Casa, Minha Vida pode ser vista como uma estratégia do governo para centralizar o controle de um programa essencial, especialmente em um momento em que a política habitacional se torna moeda de troca eleitoral em todas as cidades.

 

Cobrança e resposta

 

Surpreendida com a mudança, a família Barbalho rapidamente apelou ao presidente Lula, buscando entender os motivos por trás dessa decisão que, segundo eles, foi tomada sem qualquer consulta. A resposta de Lula, que afirmou não saber de nada, ecoou como uma frase familiar em seu repertório de respostas diante de crises políticas.

 

Tal postura já foi observada em diversas ocasiões, deixando a impressão de que o presidente, muitas vezes, foge do confronto com aliados políticos apresentando a eles argumentos técnicos, sempre mais difíceis de refutar.

 

Efeito colateral

 

Essa nova configuração não apenas afeta o poder de Jader Barbalho Filho, como também levanta questões sobre a governança e a transparência nas decisões tomadas no Palácio do Planalto às vésperas de uma eleição decisiva. A falta de comunicação prévia sobre mudanças tão significativas sugere um afastamento da família Barbalho do núcleo de articulação política do governo Lula, algo que pode ter repercussões não apenas para a relação entre os ministérios, mas também para a imagem do governador Helder Barbalho diante da opinião pública e dos aliados políticos.

 

Risco de tensões

 

A mudança no Minha Casa, Minha Vida traz à tona outra discussão, mais ampla, sobre a centralização do poder em torno da Casa Civil, uma prática que, se não bem gerida, pode gerar tensões entre os ministérios e afetar a governabilidade. A Casa Civil, tradicionalmente vista como o coração do governo, desempenha um papel decisivo na articulação de interesses diversos e na mediação de conflitos entre as diferentes esferas do poder.

 

Equilíbrio em jogo

 

As consequências políticas locais dessa reestruturação ainda são incertas, mas é evidente que o equilíbrio de forças entre a família Barbalho e o núcleo duro de Lula está em jogo. Jader Barbalho Filho, político com uma trajetória até aqui bem-sucedida e prestigiado por Lula, é guardião de um forte legado familiar nas articulações palacianas, mas terá que navegar por águas turbulentas, buscando reafirmar sua posição e influência em um cenário que agora lhe parece hostil.

 

Vácuo da disputa

 

O que se observa é que o jogo de poder em Brasília entrou no vácuo da disputa pelo voto. Com a proximidade das eleições deste ano e um cenário político cada vez mais polarizado, o governo Lula enfrentará desafios significativos para manter a coesão entre seus aliados e garantir que programas essenciais, como o Minha Casa, Minha Vida, não apenas sobrevivam, mas prosperem em um ambiente que exige eficácia e transparência.

 

Estratégia e manobra

 

A mudança no controle do programa habitacional não é apenas uma questão de política interna; é um reflexo das estratégias e manobras que afetam fortemente a disputa presente e futura no terreno político paraense. As repercussões dessa decisão ainda estão por se desenrolar, mas uma coisa é certa: o tabuleiro do poder em Brasília se moveu, e os protagonistas dessa história, dentre eles o governador do Pará, devem estar preparados para se adaptar às novas realidades que se apresentam.

 

Papo Reto

 

· Não se sabe o motivo de a grande mídia não ter repercutido, mas o deputado federal Eder Mauro (foto) baixou o sarrafo denunciando o fato de que uma organização criminosa "tomou conta de Icoaraci", obrigando empresas e até cooperativas ao pagamento de "taxa de funcionamento".

 

· A Usina da Paz Icuí-Guajará está com as atividades suspensas por supostos problemas na rede elétrica.

 

· Sem serviços, incluindo aulas do pré-Enem, consultas, emissão de documentos, cursos de qualificação e todas as atividades esportivas, a comunidade não está convencida que a culpa é da rede elétrica.

 

· A tentativa do governo do Pará de “lançar” a ideia de repassar o prédio da Casa das Artes para a Diretoria da Festa de Nazaré, para a construção do novo santuário, esbarrou na grita dos artistas paraenses.

 

· A mobilização foi imediata. Há duas semanas, a suposta “cessão” foi publicada por um colunista de Belém habituado a “barrigadas”.

 

· Agora, até as redes sociais do governo passaram a dizer que a Casa das Artes, ao lado da Basílica, vai continuar onde está e com a mesma função de propagar e incentivar as artes paraenses. 

 

· Aliás, o decreto que cortou gastos do governo do Estado este ano fez mais uma vítima: as senhorinhas do Gran Coral, que há 23 anos cantam e encantam os promesseiros da Trasladação e do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.

 

· Elas não poderão se apresentar este ano porque a Fundação Cultural do Pará, responsável pelo patrocínio da tradicional homenagem, alega que não tem verbas para repassar ao grupo.


· Os integrantes do Gran Coral, a maioria composta por idosos acima dos 60, 70 anos, fez até protesto e se pergunta se será o fim do coral. 

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