imprensa nacional repercutiu, em nota singela, uma grande mudança no tabuleiro do poder palaciano envolvendo o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, e a Casa Civil da Presidência da República. A nota que circulou nas colunas dizia que, a partir de uma mudança protocolar, o ministro paraense passou a se tornar “uma espécie de rainha da Inglaterra" na Esplanada dos Ministérios.
Essa comparação, embora um tanto
exagerada, reflete a sensação de impotência que tomou conta do Ministério das
Cidades diante de uma reestruturação que alterou profundamente a dinâmica de
poder dentro do governo.
Poder reduzido
A mudança em questão ocorreu no
controle do Programa Minha Casa, Minha Vida, um dos pilares da política
habitacional do Brasil, que visa proporcionar moradia digna a milhões de
brasileiros. A pasta, que até então era responsável pelo regramento e pagamento
das obras bilionárias do programa, viu seu poder objetivamente reduzido. A
decisão, tomada na calada da noite, pegou o ministro Jader Barbalho Filho de
surpresa. Assessores próximos ao ministro confirmam que ele não foi previamente
avisado da mudança. Com a perda do poder sobre os recursos financeiros, restou
à pasta apenas a gestão das normas e a fiscalização, enquanto o pagamento das
obras agora está nas mãos de Inês Magalhães, vice-presidente de Habitação da
Caixa Econômica Federal.
Fritura fina
A mudança não é apenas uma questão de
redistribuição de responsabilidades. Representa uma reconfiguração
significativa da influência política e administrativa dentro do governo. Inês
Magalhães, que agora controla um dos maiores programas sociais do País, é
ligada à secretária-executiva da Casa Civil do Planalto, Miriam Belchior, e ao
ex-ministro Zé Dirceu, figuras de destaque no cenário político brasileiro e que
seguem tendo grande influência sobre as decisões que o Partido dos
Trabalhadores toma.
Belchior tem um histórico sólido,
tendo sido responsável pelo monitoramento das obras do Programa de Aceleração
do Crescimento durante o segundo mandato do presidente Lula. Sua experiência e
conexões dentro do governo são inegáveis, e isso levanta questões sobre o
verdadeiro alcance da nova estrutura do poder e suspeita sobre uma possível
“fritura” de Barbalho Filho.
Controle de contas
A atuação de Belchior como ministra
do Planejamento e presidente da Caixa na gestão de Dilma Rousseff lhe conferiu
um conhecimento profundo das engrenagens do governo federal e de suas
armadilhas orçamentárias. Sua ascensão ao papel de gestora indireta do Minha
Casa, Minha Vida pode ser vista como uma estratégia do governo para centralizar
o controle de um programa essencial, especialmente em um momento em que a
política habitacional se torna moeda de troca eleitoral em todas as cidades.
Cobrança e resposta
Surpreendida com a mudança, a família
Barbalho rapidamente apelou ao presidente Lula, buscando entender os motivos
por trás dessa decisão que, segundo eles, foi tomada sem qualquer consulta. A
resposta de Lula, que afirmou não saber de nada, ecoou como uma frase familiar
em seu repertório de respostas diante de crises políticas.
Tal postura já foi observada em
diversas ocasiões, deixando a impressão de que o presidente, muitas vezes, foge
do confronto com aliados políticos apresentando a eles argumentos técnicos,
sempre mais difíceis de refutar.
Efeito colateral
Essa nova configuração não apenas
afeta o poder de Jader Barbalho Filho, como também levanta questões sobre a
governança e a transparência nas decisões tomadas no Palácio do Planalto às
vésperas de uma eleição decisiva. A falta de comunicação prévia sobre mudanças
tão significativas sugere um afastamento da família Barbalho do núcleo de
articulação política do governo Lula, algo que pode ter repercussões não apenas
para a relação entre os ministérios, mas também para a imagem do governador
Helder Barbalho diante da opinião pública e dos aliados políticos.
Risco de tensões
A mudança no Minha Casa, Minha Vida
traz à tona outra discussão, mais ampla, sobre a centralização do poder em
torno da Casa Civil, uma prática que, se não bem gerida, pode gerar tensões
entre os ministérios e afetar a governabilidade. A Casa Civil, tradicionalmente
vista como o coração do governo, desempenha um papel decisivo na articulação de
interesses diversos e na mediação de conflitos entre as diferentes esferas do
poder.
Equilíbrio em jogo
As consequências políticas locais
dessa reestruturação ainda são incertas, mas é evidente que o equilíbrio de
forças entre a família Barbalho e o núcleo duro de Lula está em jogo. Jader
Barbalho Filho, político com uma trajetória até aqui bem-sucedida e prestigiado
por Lula, é guardião de um forte legado familiar nas articulações palacianas,
mas terá que navegar por águas turbulentas, buscando reafirmar sua posição e
influência em um cenário que agora lhe parece hostil.
Vácuo da disputa
O que se observa é que o jogo de
poder em Brasília entrou no vácuo da disputa pelo voto. Com a proximidade das
eleições deste ano e um cenário político cada vez mais polarizado, o governo
Lula enfrentará desafios significativos para manter a coesão entre seus aliados
e garantir que programas essenciais, como o Minha Casa, Minha Vida, não apenas
sobrevivam, mas prosperem em um ambiente que exige eficácia e transparência.
Estratégia e manobra
A mudança no controle do programa
habitacional não é apenas uma questão de política interna; é um reflexo das
estratégias e manobras que afetam fortemente a disputa presente e futura no
terreno político paraense. As repercussões dessa decisão ainda estão por se
desenrolar, mas uma coisa é certa: o tabuleiro do poder em Brasília se moveu, e
os protagonistas dessa história, dentre eles o governador do Pará, devem estar
preparados para se adaptar às novas realidades que se apresentam.
Papo Reto
· Não se sabe o motivo de a
grande mídia não ter repercutido, mas o deputado federal Eder Mauro (foto) baixou
o sarrafo denunciando o fato de que uma organização criminosa "tomou conta
de Icoaraci", obrigando empresas e até cooperativas ao pagamento de
"taxa de funcionamento".
· A Usina da Paz Icuí-Guajará
está com as atividades suspensas por supostos problemas na rede elétrica.
· Sem serviços, incluindo aulas
do pré-Enem, consultas, emissão de documentos, cursos de qualificação e todas
as atividades esportivas, a comunidade não está convencida que a culpa é da
rede elétrica.
· A tentativa do governo do
Pará de “lançar” a ideia de repassar o prédio da Casa das Artes para a
Diretoria da Festa de Nazaré, para a construção do novo santuário, esbarrou na
grita dos artistas paraenses.
· A mobilização foi imediata.
Há duas semanas, a suposta “cessão” foi publicada por um colunista de Belém
habituado a “barrigadas”.
· Agora, até as redes sociais
do governo passaram a dizer que a Casa das Artes, ao lado da Basílica, vai
continuar onde está e com a mesma função de propagar e incentivar as artes
paraenses.
· Aliás, o decreto que cortou
gastos do governo do Estado este ano fez mais uma vítima: as senhorinhas
do Gran Coral, que há 23 anos cantam e encantam os promesseiros da
Trasladação e do Círio de Nossa Senhora de Nazaré.
· Elas não poderão se
apresentar este ano porque a Fundação Cultural do Pará, responsável pelo
patrocínio da tradicional homenagem, alega que não tem verbas para repassar ao
grupo.
· Os integrantes do Gran
Coral, a maioria composta por idosos acima dos 60, 70 anos, fez até
protesto e se pergunta se será o fim do coral.