o ano passado para cá, a Coluna Olavo Dutra alertou ao menos em dois momentos: há algo estranho no gabinete - e principalmente nas gavetas - do juiz Rafael Fecury no Tribunal Regional Eleitoral, o TRE. Em publicações feitas em 15 de setembro do ano passado, e este ano, em 22 de janeiro, quando as atividades judiciárias do Tribunal foram retomadas e o desembargador Leonam Gondim da Cruz Júnior estava com 50% de seu mandato do biênio 2023-2024 concluído, ainda dormiam no gabinete de Fecury ações eleitorais com denúncias contra Beto Faro, atual senador pelo PT do Pará, contradizendo a declaração de quatro meses antes.
É que
há um ano, em setembro de 2023, o juiz Rafael Fecury informou à coluna que “não
sabia do processo contra Faro em seu gabinete”, enquanto o desembargador Leonam
Cruz também disse à coluna, em áudio, que tomaria pé da situação e o processo
sairia da gaveta que estivesse, em referência à Representação Especial nº
0602661-35.2022.6.14.0000, enviada ao TRE em janeiro de 2023 pelo Ministério
Público Eleitoral e, ainda, à Ação de Impugnação de Mandato Eletivo de número
0600006-56.2023.6.14.0000, impetrada pelo Partido Liberal por compra de votos
com o forte escopo de provas.
Condensadas
em um só processo, depois de muita pressão, circulava nos bastidores a
informação de que seriam julgadas em agosto. Em princípio parecia ser o mês de
agosto passado, mas agora se sabe: é “a gosto”.
Isso,
por si só, já pegava muito mal para a promessa e o discurso de Leonam Cruz de
dar celeridade às ações da Corte Eleitoral em seu mandato. Porém, a denúncia
contra Fecury feita ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) fere mais a fundo e
obriga o desembargador a um posicionamento. Afinal, não é de hoje a força da
lição de que “quem cala, consente” e, até aqui, as posições de Leonam Cruz têm
sido firmes no sentido de cumprir a Constituição no que diz respeito à
celeridade da Justiça Eleitoral.
Segredo de Justiça
De
acordo com informação publicada pelo Portal de notícias Ver-o-Fato,
o CNJ investiga o juiz Rafael Fecury por supostas violações atribuídas à
conduta do magistrado, mas o caso tramita sob sigilo de justiça. Ainda segundo
a matéria, “as acusações contra Fecury são graves e abrangem uma série de
alegadas infrações que poderiam comprometer a integridade do Sistema
Judiciário". Segundo a representação, o juiz estaria envolvido em práticas
irregulares que vão desde o uso indevido da magistratura para fins comerciais,
até a violação de normas éticas, como o plágio de obras”, diz o texto,
informando que a representação solicita uma intervenção cautelar imediata,
destacando “o risco iminente para as eleições municipais de 2024 e para a
imagem do Judiciário”.
Afinal, para que pressa?
Em
janeiro do ano passado, o TRE recebeu do Ministério Público Eleitoral uma
representação especial do procurador Eleitoral Alan Mansur (nº
0602661-35.2022.6.14.0000) com ampla apuração de compra de votos para Beto
Faro, e a Ação de Impugnação de Mandato Eletivo de número
0600006-56.2023.6.14.0000, impetrada contra Beto Faro pelo Partido Liberal. As
ações foram anexadas em um processo, que nesse tempo não deu passos
significativos dentro do Tribunal rumo ao julgamento.
Ao
contrário, o processo passou todo o ano de 2023 e mais da metade de 2024 praticamente
dormindo nas gavetas de Rafael Fecury, que sobre o processo emitiu uma ou outra
citação, mas sempre aproveitando as dificuldades burocráticas para evitar
julgar o processo.
Correr contra o tempo
Esse
ritmo imprimido pelo juiz ao processo atende pelo apelido de “passos de
tartaruga”, ou ritmo de esquecimento mesmo, fere frontalmente o que recomenda a
própria Lei Eleitoral, que em seu Artigo 97-A, com base na Constituição
Federal, considera como razoável a duração máxima de um ano para processos que
possam resultar em perda de mandato eletivo, como é o caso do senador Beto
Faro, contado da sua apresentação à Justiça Eleitoral.
A
demora deste caso completa dois anos de eleição no próximo mês e um ano e nove
meses em que um senador com mandato suspeito legisla e recebe salários pagos
pelo contribuinte, obrigado a se vestir de povo em outubro para ir às urnas e
eleger prefeitos e vereadores.
Haverá recondução
Em
que pesem todas as denúncias, o juiz Rafael Fecury ainda busca sua possível
recondução ao cargo de juiz eleitoral nas próximas eleições. Com ele disputam
ouros nove advogados, que serão escolhidos em uma lista tríplice que
posteriormente será enviada ao presidente do TRE e, em sequência, os três mais
votados serão enviados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para ser em seguida
encaminhada ao presidente Lula para a escolha final.
Para
a próxima vaga concorrem, além de Fecury, os advogados Tiago Nasser Sefer,
Américo Herialdo de Castro Ribeiro Filho, Rodrigo Tavares Godinho, Pedro Henrique
Costa de Oliveira, Edilene Chaves Macedo Pedrosa, Diego Magno Moura de Moraes,
Emanuel Pinheiro Chaves, Anete Marques Penna de Carvalho e Charles Flandiney
Pinto de Souza.
Papo Reto
· O estaleiro Rio Maguari, da família Gueiros, em
Icoaraci, será um dos beneficiados com a construção de algumas das 400 balsas
nos próximos quatro anos, com financiamento de R$ 3,7
bilhões.
· O negócio é conduzido pela empresa LHG Logística Ltda.,
subsidiária do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista (foto).
As balsas se destinam ao transporte de minérios de ferro e manganês pelos nos
Paraná e Paraguai.
· Depois de se enfronharem no setor energético, os
Batistas, queridinhos do governo Lula, vão passar a nadar de braçada também no
setor logístico, embalados pelos recursos públicos drenados pelo governo que,
recentemente, foi denunciado por eles por corrupção.
· Chama-se Rota do Pará a empresa responsável pela
prestação de serviços públicos de recuperação, melhorias e manutenção do nível
de serviço de trechos de rodovias no Pará nas rodovias PA-150, PA-475, PA-252,
PA-151, PA-483 e Alça Viária de Belém. O governo privatizou essas rodovias e
haverá cobrança de pedágio
· De janeiro a agosto de 2024 já foram registrados, em todo
o Pará, 370 mortes por intervenção policial. Já são 40 mortes a mais do que o
mesmo período de 2023, quando foram registradas 330 mortes.
· O mais interessante é que o Estado não adota nenhuma
política para redução dessas mortes, sendo o Pará, depois do Rio de Janeiro e
da Bahia, a unidade federativa com maior letalidade policial do Brasil.
· Enquanto isso, as outrora combativas Comissão de Segurança
Pública da Assembleia Legislativa do Pará e entidades de direitos humanos
continuam mudas e considerando normais essas mortes.
· Diz o jornalista Cláudio Humberto - “Diário do Poder” -,
hoje, que "a maioria esquerdista que ocupa cargos de confiança, no governo
Lula, são os principais acusados de assédio sexual, usando cargo de chefia para
obter favores sexuais. Já são 557 só de janeiro a agosto de 2024."
·
A deputada estadual Macaé Evaristo, do PT de Minas
Gerais, foi escolhida pelo presidente Lula para assumir a chefia do Ministério
dos Direitos Humanos e Cidadania, ocupado até sexta-feira por Silvio Almeida.
· A nova ministra possui graduação em assistência social e
doutorado em educação, sua principal bandeira.