Escândalo vaza e abala alicerces da UFPA na reta final do mandato do reitor Emmanuel Tourinho

Um professor atuou com diploma falso sob o manto do silêncio; outro, do mesmo Instituto, é acusado de assédio moral.

08/09/2024 11:00
Escândalo vaza e abala alicerces da UFPA na reta final do mandato do reitor Emmanuel Tourinho
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relato crível de dois casos incríveis anda tirando o sossego de muita gente na Universidade Federal do Pará. Na prática, um dos casos foi descortinado em recente reunião da Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, e envolve um professor acusado de suposta prática de assédio moral. O outro, mais grave, tem um personagem ligado ao mesmo Instituto por uso e diploma falso - falso ou adulterado - atuando em programa de pós-graduação da UFPA, ambos compondo um cenário escandaloso para o final de mandato do reitor.


Reitor chega ao final de mandato com escândalos para administrar, e a professora Jane Beltrão sai frustrada da reunião da Congregação/Fotos: Divulgação.

 Os casos, de tão delicados - envolvem atos e pessoas muito relevantes na Universidade -, estavam protegidos pela infame “lei do silêncio”, até que, na reunião da Congregação, foi colocada em votação uma proposta de moção de solidariedade a uma das partes envolvidas, mas foi recusada.

 

Tratava-se do caso de assédio moral. A Congregação negou o voto, contrariando o desejo da ‘eminente’ professora Jane Beltrão, uma das ungidas pelo reitor, optando por aguardar o desfecho do processo. O caldo entornou e veio a público. Como um caso puxa o outro, os dois casos chegaram à Coluna Olavo Dutra envelopados com o selo de denúncia. 

 

Falsidade ideológica

 

O caso mais grave tem outro professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas como personagem central do enredo bufo. Atua no Programa de Pós-Graduação em Psicologia, área onde o nome de maior destaque é justamente o do magnífico reitor Emmanuel Tourinho, que é psicólogo. O professor passou por laboratório, aulas em graduação e pós-graduação e orientação a residentes em hospitais, até a descoberta de que nunca cursou graduação em Psicologia, nem tem registro profissional, mas exibe um diploma de pós-graduação ‘adulterado’.

 

Anatomia da farsa

 

Lotado no Instituto de Ciências Biológicas e atuando na interface com Psicologia, o professor conseguiu entrar nos grupos de pesquisa através da ‘boa vontade’ de uma colega, de quem foi ‘orientando’ de doutorado, e que funcionou como ‘a chave do sucesso’. Teria sido uma ‘entrada conturbada’: o professor não tinha os pré-requisitos de produção necessários, mas nada que “favores superiores” não pudessem resolver. Além do mais, ninguém queria o cargo.

 

Fim de carreira

 

Contudo, como reza a lenda, ‘não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe - e nessa fronteira estancou o voo do passarinho. Entre uma banca e outra de concursos, o professor reprovou uma aluna que tinha seu passado controverso e nebuloso na palma da mão e acionou o Conselho Regional de Psicologia, oferecendo a denúncia. A verificação foi rápida: os arquivos confirmaram que o professor não era diplomado, portanto, não tinha registro no Conselho. A Justiça Federal foi acionada e comunicou o fato à Reitoria da UFPA.


Incontinenti, a Reitoria fez os comunicados internos de praxe, afastou e mandou o professor ficar quieto. No curso das investigações, descobriu-se que o diploma não é falso, mas ‘adulterado’. Tanto faz como tanto fez, essa prática consta no Código Penal: Decreto-lei 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusão de um a cinco anos, e multa.

 

Dizem que esse mesmo professor integrava o grupo de articulação e pesquisa de gente poderosa na Universidade, pessoas responsáveis pelo acobertamento do escândalo no Instituto, sob as bênçãos do alto escalão.

 

Serviços prestados

 

Havia anos que o professor atuava impunemente, inclusive como responsável pelo setor de Apoio Psicológico no Hospital das Clínicas, fazendo e desfazendo, definindo e assinando documentos oficiais, participando de bancas, coordenando programas, clinicando, pesquisando, elaborando projetos, coordenando concursos e viajando. Qualquer semelhança com ‘serviços prestados’ será mera coincidência.

 

Panos quentes

 

Fontes da Coluna Olavo Dutra na Universidade avaliam que a tal moção de solidariedade foi uma tentativa frustrada de ‘botar panos quentes’ e proteger o professor acusado de assédio moral, com sérios riscos de enlamear pessoas e a instituição federal em final de gestão. Por isso a Congregação acionou um grupo de pessoas e atropelou tudo, entendendo que, por não haver fato formalizado internamente no Instituto, não poderia se manifestar.

 

Por outro lado, a professora que sofreu o assédio prestou queixa crime na Polícia e requereu medida protetiva, depois de levar o caso ao Colegiado da Pós-Graduação. Até o momento, porém, não há nenhum tipo de processo instaurado na UFPA contra o assediador. Quanto ao professor ‘diplomado e graduado’, o processo corre em segredo de Justiça.

 

“Conflitos internos”

 

A professora vítima de assédio alega que fez sua parte e apenas cobrou providências do Colegiado para tentar o afastamento do assediador que, de fato, é tido e havido como criador de casos há muito tempo no do Instituto, mas os ‘juristas’ de plantão e ‘companheiros’ carimbam o episódio como ‘conflito interno’ e ‘nada grave”.

 

Papo Reto

 

· A rigor, a justificativa oficial para a queda do secretário de Meio Ambiente, Mauro Ó de Almeida (foto), não se sustenta. Se as queimadas derrubam, mesmo por causa da COP30, há inúmeros outros fatores bem mais ‘controláveis’ na gestão que teriam a mesma função - nem por isso alguém caiu.

  

· Uma tentativa de ‘roubar um beijo’ de uma garota de 14 anos em um colégio particular que funciona na Serzedelo Corrêa acabou em confusão. O “gostosão” de 15 anos partiu para a agressão.

 

· A cena ocorreu em frente ao Cemitério da Soledade, com direito a palavrões do tipo “vadia” e “vagabunda”.  O agressor foi suspenso da escola por cinco dias, mas as alunas estão apavoradas e não querem voltar à escola.

 

· O megafraudador ambiental Menandro Souza Freire conseguiu na Justiça a reintegração de posse sobre a famosa Fazenda Ligação, na BR- 010, entre os municípios de Dom Eliseu e Ulianópolis.

 

· A fazenda hoje está em posse do Grupo Sperafico, do Paraná, cuja família é reconhecida no País pela atividade no agronegócio e na política.

 

· Menandro Freire afirma ter sido enganado comercialmente: não recebeu o acordado na venda da propriedade rural. 

 

· A Sala do Advogado, no prédio da Justiça Militar, em Belém, foi inaugurada com o nome do advogado Laurênio Rocha, mas, pelo visto, deve ter sido “reinaugurada”; só pode.

 

·  Quem frequenta o prédio atualmente não vê mais nem a placa, nem o nome, e sequer houve qualquer menção ao conhecido advogado. É o velho hábito de apagar memórias em Belém.

        
· O ministro Nunes Marques, do STF, pediu urgente parecer da AGU e PGR sobre a suspensão do X no Brasil, à luz de recurso interposto pelo partido Novo, requerendo que o X volte a operar normalmente no País.

 

·Aos desavisados: o STF não pede transferências bancárias, pagamento de boletos, muito menos cobra pendências judiciais por meio de aplicativos e mensagens de texto.

 

· Já não sem tempo, o Conselho Federal de Medicina lançou plataforma de combate à emissão de atestados falsos, permitindo que trabalhadores acessem seu histórico de atestados e aos empregadores que possam checar a veracidade dos documentos apresentados.

 

· A queda nas exportações de soja e ferro, além da alta nas importações fez o superávit comercial brasileiro encolher em agosto. 

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