PF aponta irmão do deputado Chamon como chefe de organização criminosa em garimpo ilegal

Esquema envolve usurpação de terras junto a órgãos oficiais para exploração de minério, tendo o parlamentar do MDB como suposto ‘facilitador das operações’ nos gabinetes.

09/09/2024 08:00
PF aponta irmão do deputado Chamon como chefe de organização criminosa em garimpo ilegal
I


rmão do deputado estadual Chamonzinho, do MDB, Samir Chamon é apontado em investigação da Polícia Federal como chefe de uma organização criminosa de usurpação de terras para exploração ilegal de minério.


Preso quatro anos atrás em operação da Polícia Federal, irmão do deputado Chamonzinho, de grande influência na região, segue no olho do furacão/Fotos: Divulgação-PF.
A PF aceitou denúncia do Ministério Público Federal e instaurou inquérito para apurar denúncias extração ilegal de cobre na Fazenda São Luiz, em Canaã dos Carajás, município que, junto com Marabá, sofre grande influência política da família Chamon.

 

O Inquérito Policial de N° 2020.0071516-DPF/MBA/PA nasceu da notícia crime do MPF (Processo n° 1002911-36.2020.4.01.3901), que também trouxe em seu bojo o relato, feito pela mineradora Vale, de extrações ilegais em outras localidades, dentre elas o "Garimpo do Chagas VS 40" e o "Garimpo do Luizão VS do Melechete", ambos localizados na propriedade de outra figura conhecida na região, o coronel Rodrigues dos Santos.

 

A PF também está investigando duas figuras da região que seriam ligadas ao esquema de Samir Chamon e que estariam por trás do minério apreendido recentemente pela PF em Marabá e nos Portos de Vila do Conde, em Barcarena, e de Itaqui, em São Luís, no Maranhão.

 

Legalidade aparente

 

A investigação da PF aponta para uma prática que tenta emprestar aparente legalidade para a usurpação de terras usadas na exploração ilegal de minério. O esquema consiste na regularização de uma área de terras de 25 hectares e nela, realizar a exploração ilegal de minérios em outros mil hectares de terras não legalizadas, inclusive em áreas que deveriam ser de preservação.

 

Além disso, o esquema inclui a alteração de Cadastros Ambientais Rurais (CAR) para reforçar o recurso de regularidade ambiental que não existe, exercendo a propriedade das terras. Esse esquema serviria também para facilitar o trânsito de documentos nas engrenagens de órgãos como o Incra e o Instituto de Terras do Pará - Iterpa.

 

Controle político

 

A pergunta que não quer calar é: como Samir Chamon obteve a lavra da Agência Nacional de Mineração (ANM), que substituiu o antigo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), para operar por tanto tempo com exploração mineral às margens da lei? E a possível resposta investigada pela PF chama-se “controle político”.

 

O caminho desse controle é relativamente tranquilo, já que a ANM, antigo DNPM, vem sendo controlada há muito tempo pelo MDB, e já teve inclusive nomes na gerência regional indicados por políticos da alta cúpula do partido, como o deputado federal José Priante.

 

Influência respinga

 

A engenhosa teia de influências políticas investigada pela PF começa com o irmão de Samir, o deputado estadual Chamonzinho, que lidera uma forte corrente política na região que representa e na qual detém o comando da Prefeitura de Curionópolis, através da mulher dele, Mariana, do MDB, candidata à reeleição. Chamon é candidato em Marabá.

 

A família também emplacou um parente como superintendente da Polícia Civil na região, braço que envolveria coronéis da PM na segurança particular das empresas de mineração. Com essa influência, o deputado Chamonzinho seria o facilitador dos desembaraços da atividade de Samir no Estado e quanto ao trânsito junto ao órgão regulador do setor mineral, a ANM.

 

Indício de irregularidade

 

Além da questão da usurpação de terras, o garimpo ilegal há muito tempo vem causando impactos e conflitos nas regiões sul e sudeste do Pará. Um levantamento recente feito pelo MPF e por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais sobre dados da própria ANM, aliados a imagens de satélite, constatou que 58% do ouro extraído por garimpos entre 2019 e o primeiro semestre de 2022 possuem indícios de irregularidades.

 

Ao todo, foram produzidas 96 toneladas de ouro no período - o equivalente a cerca de R$ 2,95 trilhões, segundo a cotação atual do mercado.

 

Tipificação de crimes

 

O levantamento aponta dois indícios de irregularidades. O primeiro é o “garimpo fantasma”, quando não há evidências de exploração mineral no local indicado como origem do ouro. Cerca de 15% da produção garimpeira nesse período - 14,6 toneladas - se enquadra nessa situação.

 

A outra suspeita ocorre quando o garimpo identificado nas imagens de satélite extrapola os limites autorizados pela ANM, que seria uma das práticas da operação de Samir Chamon. Nesse caso, como não é possível afirmar se o ouro foi extraído nesses limites, os pesquisadores a consideraram “potencialmente ilegal”. Neste caso se enquadram 41,3 toneladas, ou 43% da produção no período analisado.

 

Papo Reto

 

·  Márcio Zanardi (foto), ou Márcio Fernandes: quem dirigirá o time do Paysandu no restante da temporada da Série B?

 

· Se depender da opinião praticamente unânime da torcida bicolor nas redes sociais, Zanardi parece ter a preferência geral, mas não estaria aceitando o salário pago a Hélio dos Anjos. 

 

· Depois que virou santuário, a Paróquia de Nossa Senhora do Bom Remédio, no Conjunto Satélite, entrou em decadência, segundo denunciam fiéis católicos.

 

· Muitos deles dizem que passaram a evitar o templo, por conta do que entendem como “gestão duvidosa do pároco”, que, inclusive, não admite prestar contas de suas ações.

 

· Dizem mais: que humildade é coisa que "passa longe" das rotinas do vigário que, além de não participar da vida da comunidade como seus antecessores, transfere responsabilidades a terceiros, sem se preocupar com os reais interesses do rebanho.

 

· Faz sucesso de compartilhamento nas redes sociais o post relatando o fato de a ministra da Igualdade Racial - que se declara lésbica -, acusar de assédio sexual justamente o ministro de Direitos Humanos, que é negro.


· Em contrapartida - diz o post -, o ministro diz estar sofrendo perseguição racial da ministra da Igualdade Racial. 

Mais matérias OLAVO DUTRA