PL derrete no Pará sob calor da disputa entre Éder Mauro e Joaquim Passarinho; eleição vira incógnita.

Sem a sombra do governo federal, partido se abala, expõe intolerância interna e abre espaço para debandada.

27/03/2024 09:30
PL derrete no Pará sob calor da disputa entre Éder Mauro e Joaquim Passarinho; eleição vira incógnita.
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desinteligência política que corrói o PL no Pará, envolvendo os deputados federais Joaquim Passarinho e o Delegado Éder Mauro - com sobras para o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro -, ameaça não só o futuro dos dois líderes do partido no Estado, mas toda e qualquer eventual candidatura prevista para as eleições deste ano.


Desentendimentos vão da Assembleia Legislativa ao interior do Estado, onde Éder Mauro e Joaquim Passarinho se digladiam e dividem o partido, inclusive com perda de lideranças/Fotos: Divulgação.

 No âmbito da Assembleia Legislativa, por exemplo, as divergências foram escancaradas, expondo, principalmente, os deputados Rogério Barra, filho de Éder Mauro, e o seu colega Aveilton Souza, afilhado político de Joaquim Passarinho.

 

O desentendimento teve como base o fato de Aveilton se negar a assinar projeto de lei de Rogério Barra propondo a concessão do título de Cidadã do Pará à primeira-dama Michelle Bolsonaro, sob a justificativa de que (Michelle) “nunca fez serviço relevante” ao Estado para justificar a honraria.

 

Éder Mauro se enfureceu e mandou encaminhar o caso à Comissão de Ética, que não contou duas vezes para requerer o mandado de Aveilton, eleito com “votos bolsonaristas” depois de responder pela Superintendência do Incra em Marabá.

 

De pai para filho

 

Nesse episódio, Joaquim Passarinho não deu um pio, mas a base aliada na Assembleia, embora em silêncio, apreciou o desfecho do episódio em que a família Éder Mauro impôs sua vontade, enquanto pelo menos um dos integrantes do partido na Casa se certificou, lá com seus botões, “sim, temos ditadura”.   

 

Perda de liderança


Semana passada, as divergências entre Éder Mauro e Joaquim Passarinho explodiram em Parauapebas, sudeste do Estado, onde o até então candidato do partido à sucessão do prefeito Darci Lermen, vereador Aurélio Goiano, aparecia como o mais cotado para ocupar o cargo, segundo pesquisas eleitorais, e o MDB do governador Helder Barbalho se encontra mais perdido do que “caititu fora do bando”, por assim dizer. Aurélio deve se abrigar no Solidariedade para concorrer.

 

Se Joaquim Passarinho já não se entendiam com relação ao candidato, uma denúncia formulada pela presidente da ala feminina do partido foi caprichosamente oferecida à ex-primeira-dama Michelle e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem coube, sem muita conversa, destituir Aurélio Goiano do projeto de concorrer à prefeitura pelo PL.

 

Um suposto dossiê, que virou caso de Polícia, selou seu destino político na legenda e, se bem andou, já deve estar a caminho da outra, para tentar se manter no grid de largada, enquanto o PL derrete sob o calor do atrito provocado entre as lideranças.   

 

Ninguém se entende


A partir desse episódio, porém, outros foram descortinados em municípios como Uruará, Altamira e Itaituba, onde Joaquim Passarinho também não apoia as candidaturas do partido, mas sim as candidaturas do partido Avante - que está nas mãos do seu aliado, o deputado estadual Wescley Tomaz, pré-candidato a prefeito de Itaituba.

  

Promessas ao vento

 

Em Belém, onde Éder Mauro aparece entre os candidatos mais cotados à sucessão do prefeito Edmilson Rodrigues, a queixa de postulantes ao cargo de vereador também aponta que o PL derrete. Nomes a quem o delegado prometeu vaga à Câmara de Vereadores simplesmente ficaram de fora, embora cada parlamentar do partido tenha direito a onze indicações.

 

A caótica situação, longe de apontar um caminho até as eleições, sugere que o partido do ex-presidente Jair Bolsonaro perde força e consistência política, quer por interesses pessoais das lideranças locais, quer pela ausência de liderança.


Dinheiro fala alta

 

“Quem manda no Partido é o Eder Mauro”, diz fonte da coluna, “mas, sem o governo federal, o dinheiro ficou curto”, sem falar nas articulações do governo estadual, que aos poucos desidrata a legenda, atraindo lideranças em regiões declaradamente bolsonaristas nas últimas eleições, como no sul e sudeste do Estado e, mais recentemente, em Santarém.

 

Segundo a fonte, a suposta informação de pré-candidatos a vereador no Estado de que terão R$ 1 milhão disponibilizados às proximidades das eleições deste ano “é tentadora demais para defender causas e bandeiras; o dinheiro fala mais alto”.  


Papo Reto


Sem nenhum sinal significativo de mudança no comando do Ministério da Saúde, ocupado pela ministra Nísia Trindade (foto), passa de 800 o número mortes por dengue em 2024 no Brasil. Semana passada, o País chegou à casa dos 2 milhões de casos confirmados da doença.

 

Embora reconhecendo que a Venezuela descumpriu o Acordo de Barbados por garantias eleitorais, em nota, o Itamaraty diz que o "Brasil e a comunidade internacional cooperarão para o pleito presidencial venezuelano, que deverá normalizar a vida política do país caribenho".

 

A verdade é que o principal bloco de oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD), de Corina Yoris - indicada por María Corina Machado, inabilitada ao pleito pela Suprema Corte –, esperneia por também ter tido bloqueado o registro de sua candidata.

 

Mas, ao apagar das luzes, Manuel Rosales, governador de Zulia e ex-adversário de Hugo Chávez, conseguiu formalizar a sua candidatura no Conselho Nacional Eleitoral para enfrentar Maduro.

 

O Supremo Tribunal Federal derrubou a carência para trabalhahora autônoma receber salário-maternidade do INSS.

 

Prevaleceu o entendimento do ministro Edson Fachin, para quem a exigência de cumprimento de carência apenas para algumas trabalhadoras violava o princípio constitucional da isonomia.

 

Já não sem tempo, o Ministério Público e TRE do Rio de Janeiro se reuniram ontem para elencar ações de inteligência que resultem num protocolo consistente que reprima candidaturas ligadas ao crime organizado.

 

Embora "quase impossível", segundo especialistas, o esforço não deixa de ser louvável e bem que deveria ser copiado pelos demais estados da federação.

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