ob título “Carta Aberta”, a engenheira ambiental Nathalia Obando publicou sábado, 7 deste mês, em perfil no Instagram, denúncia de assédio sexual contra um diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão da Prefeitura de Belém. Um dos comentários partiu da advogada Márcia Cristina Oliveira, também servidora da Secretaria, corroborando Nathalia como vítima de assédio sexual e moral, do mesmo diretor. Na quinta-feira, 12, denúncia semelhante foi publicada por Marjorie Silva.
As três mulheres - Nathalia, Márcia e Marjorie - acusam o
ex-secretário Cláudio Puty de ter conhecimento dos fatos, mas não tomou
providências, o que ele nega.
Silêncio de dois anos
O relato de Nathalia na “carta aberta” (abre aspas): Me
calei por meses, por quase dois anos me mantive calada. Tanto tempo aguentando
ser difamada, aguentando assédio moral, perseguição, porém chega um momento
simplesmente que não dá mais, sabe?
Depois que minha amiga Márcia bravamente decidiu expor
tudo que ocorreu com ela na Segep, me deu forças pra eu poder expor também,
porém, sempre com aquele medo.
Ontem, aconteceu uma situação extremamente revoltante: uma
certa política “de luta”, que se diz defensora das mulheres, que luta contra o
assédio, assediou moralmente uma amiga minha, e adivinhem: apenas por ela ser
minha amiga (essa ‘política de luta’ seria a deputada Lívia Duarte). Me difamou
mais uma vez, me xingou pra todos verem, e adivinhem: não fizeram nada. Então,
até o momento que a perseguição era apenas comigo, eu aceitei muita coisa, mas
agora não dá mais”.
Até que um certo dia, a pedido de superiores, veio minha
exoneração, “mulheres feministas”, que lutam pela igualdade de gênero, que são
contra a violência às mulheres, mas pera aí, só não são contra quando elas
mesmo praticam, né?
Eu fui assediada por um diretor da Segep no início de
2023, em um local fora do trabalho, mas todos os diretores, inclusive o
ex-secretário (Cláudio Puty) também estavam presentes.
Fiquei extremamente abalada, no entanto, de vítima passei
a ser a culpada, de um dia para outro minha vida mudou, de vítima fui para: “a
Nathalia dá em cima de homem casado, fica de olho nela”.
Achei que acontecendo isso, essas pessoas iriam me
esquecer e eu ia poder viver em paz, porém não, engano meu, continuo sendo
‘perseguida até hoje’. Denunciei tudo à Secretaria, mas como sempre, arquivaram
tudo e fingiram que nada ocorria. Inclusive, possuo uma carta informando que
fui assediada, que essa certa política me ligou e me ofendeu (fecha aspas).
Com os próprios olhos
Em um comentário à postagem de Nathália Obando está o
comentário de Márcia, que se identifica no Instagram como “Bouganvilly” (abre
aspas): “Éramos duas assessoras mulheres sendo levadas a um lugar
totalmente inadequado pelos nossos chefes homens, brancos e políticos de
esquerda. Lá, tu foste assediada, o diretor que assediou - e eu vi com meus
próprios olhos - já tinha assediado outras pessoas e era de conhecimento de
todos, mas foste tu quem a mulher dele e a mulher do nosso chefe difamaram.
A deputada feminista que, em tese, deveria sair em defesa
das assediadas, foi a pessoa que mais assediou e perseguiu, tudo porque enfiou
na cabeça dela que o marido a trai (fecha aspas).
Acusações de Márcia
No início da tarde de quinta-feira, 12, em uma série
de stories no Instagram, Márcia Cristina relatou o episódio.
Ela é, até o momento, chefe do Núcleo Setorial de Assuntos Jurídicos da
Secretaria, mas foi secretária interina de Gestão e Planejamento, quando da
saída de Puty do cargo.
Márcia conta que foi assediada sexualmente várias vezes
pelo diretor A, fato que também seria do conhecimento dos demais diretores. Em
junho, segundo Márcia, veio a ‘a gota d’água’: “Havia um contrato a ser
renovado, de grande interesse, que esbarrava no Controle Interno. O próprio
prefeito havia se manifestado que esse contrato não poderia ser perdido”,
relata.
Segundo o relato, depois do expediente, o diretor
Administrativo telefonou e lembrou que o contrato “tinha que ser renovado” e
recomendou que ela “se humilhasse” pela renovação, "caso necessário”. A
advogada se sentiu “humilhada e chegou a chorar” por não se conformar com a
recomendação, sendo que o maior interesse era do prefeito.
Discussão acalorada
No dia seguinte, porém, Márcia foi chamada para falar
sobre o contrato justamente com o diretor A, que a teria assediado. A conversa
entre eles teria sido áspera, com troca de ofensas, até que Márcia admitiu
“fazer no parecer técnico” segundo as recomendações”. A conversa estava sendo
gravada pelo diretor que, inclusive, ameaçou mover um processo contra Márcia,
caso não se desculpasse pelas supostas ofensas.
“Nesse dia, depois do que houve, mandei uma mensagem para
Cláudio Alberto Castelo Branco Puty relatando tudo o que estava acontecendo e o
silêncio dele foi absoluto”, conta Márcia. E o mais grave é que, dias depois,
Puty chamou Márcia à sala dele: “Eu entendo o seu ‘destempero’, ao que Márcia
refutou reafirmando ter sido assediada.
Nota de esclarecimento
A pedido da Coluna Olavo Dutra, o
ex-secretário Cláudio Puty encaminhou os seguintes esclarecimentos. Leia abaixo:
“Nos últimos dias, Márcia Cristina Santos Oliveira,
ex-servidora da Secretaria de Planejamento e Gestão de Belém, publicou nas
redes sociais denúncias que tratam de assédio moral e sexual que teriam sido
perpetrados por outros servidores da Segep, impunemente.
Meu histórico como gestor comprova os esforços de combate
a esse tipo de crime que atinge milhões de brasileiras. Apesar disso, em suas
denúncias, Márcia Oliveira também fez acusações envolvendo a mim e a minha
esposa.
Como homem público, devo esclarecer: Durante minha gestão
na Segep, todas as denúncias recebidas foram tratadas com seriedade e levadas à
devida investigação. Casos comprovados resultaram em exonerações e afastamentos
para a condução de processos administrativos. Em março deste ano, instituí a
Comissão de Combate ao Assédio Moral e Sexual na Segep, nomeando Márcia
Cristina como presidente.
Márcia Cristina ocupou cargos de relevância dentro da
Segep, incluindo a chefia de gabinete e, posteriormente, a titularidade
interina da Secretaria, posição para a qual foi indicada durante meu
afastamento em função do prazo eleitoral. Na condição de titular interina, ela
possuía plena autoridade para tomar as providências necessárias, mas, até onde
é de meu conhecimento, nenhuma ação foi efetivamente realizada.
É lamentável que minha esposa, a deputada Lívia Duarte,
esteja sendo mencionada de forma indevida nessa situação, sem qualquer relação
com os fatos.
Tomarei todas medidas judiciais cabíveis para que o caso
seja esclarecido e que os responsáveis respondam por seus atos”.
Papo Reto
· Dor de cabeça para o governador Helder Barbalho (foto):
sinais de fumaça que não saem das terras quilombolas nem dos lagos Bolonha e
Água Preta apontam discreta movimentação do MP do Pará contra as obras de
construção da Rodovia da Liberdade.
· Semana passada, o prefeito Edmilson Rodrigues escapou de
tomar uma chuva de ovos em Icoaraci.
· Avisado a tempo do clima hostil no interior do mercado
municipal - que recebeu aporte financeiro do Estado, mas nunca teve sua reforma
concluída - o prefeito "passou direto", fazendo de contas que nada
tinha a ver com a inacabada obra do mercado.
· Falando nisso, o Observatório Nacional vai transmitir o
eclipse parcial da lua, amanhã, 17, às 21 horas, 41 minutos e 7 segundos,
horário de Brasília. Apenas parte da lua passará pela sombra escura da Terra.
· As festas de aparelhagem ganham homenagem do Centro
Cultural Banco do Brasil, no Centro do Rio de Janeiro, uma tradição cultural do
Pará que vai invadir o festival Paredão Ocupa o Museu.
·
No sábado, dia 28 de setembro, o Sonoro Paraense traz
toda a potência do Norte para a capital carioca. Liderada por Júnior Almeida,
filho e guardião de uma herança transgeracional do construtor da aparelhagem,
Milton de Almeida Nascimento, Júnior está em atividade desde 1985, e vai
proporcionar uma noite com discotecagem em vinil.