Não bastasse o nepotismo, UFPA inova e contrata empresa para "fornecer trabalho terceirizado"

Na maior universidade pública da Amazônia, as relações pessoas importam mais que a competência para uma Reitoria em fim de mandato e que ignora a figura do concurso público.

22/07/2024 09:00
Não bastasse o nepotismo, UFPA inova e contrata empresa para
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s relações de nepotismo e favorecimentos na administração pública, típicas do modelo patrimonialista, parecem descer a escala hierárquica na Universidade Federal do Pará, a UFPA. Em um contrato de alocação de pessoal terceirizado para atuar na área administrativa da instituição - o que por si só já é discutível, ante a salutar existência de quadro de pessoal contratado por concurso público - há, agora, uma empresa “fornecendo trabalhadores”, parte dos quais atua na universidade indicada por amigos e por relação de parentesco.


Pessoal do Gabinete da Reitoria integra a lista de favorecidos em contratos via terceirização que inaugura novo modelo no final da gestão na Universidade/Fotos: Divulgação.

 

Ação entre amigos

 

Dentre esses trabalhadores beneficiados pelo estranho contrato está, por exemplo, a mãe da secretária-executiva do gabinete da Reitoria - e outros, por óbvio. Também, pudera: a diretora de contratos é ‘amiga’ da atual direção da Universidade, povoada por personagem bastante conhecida da comunidade acadêmica e tudo indica que lá mais importam as relações pessoais e familiares e menos, é claro, a competência.


Não precisa dizer que, diante desse quadro, parece que os órgãos de controle fazem vista grossa para o que se passa na gestão da instituição, onde quem questiona não escapa de processos disciplinares internos. 

 

Direito em Bragança

 

A Prefeitura de Bragança voltou a atenção para a oferta de cursos de graduação para atender a demanda da cidade, reconhecidamente uma cidade universitária.  A administração do município aderiu ao programa Forma Pará, gerido pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, e implantou o curso de Engenharia Civil, ofertado pela UFPA.  Agora, talvez para dar um upgrade na estratégia de marketing visando a eleição, a ideia é negociar a implantação de uma turma do curso de Direito da UFPA. 

 

Conversa de gabinete

 

O que se diz é que essas tratativas estão acontecendo de certa forma à revelia dos dirigentes da Universidade no município, uma vez supostamente são apoiadas por integrantes do gabinete da Reitoria. Informações não oficiais, contudo, apontam o valor estimado para o funcionamento de um curso de Direito, de cerca de R$ 7 milhões, tido como “alto”, a considerar, por analogia, contratos similares assinados pela instituição federal com alguns municípios da região de Carajás, no sul do Pará.


Mais o que fazer

 

Observadores da cena questionam - com essa dinheirama toda - quanto poderia ser melhorado o sistema de abastecimento de água potável da cidade, a urbanização das feiras livres, a melhoria do saneamento básico nas favelas à margem do rio Caeté, ou mesmo melhorias no sistema viário da cidade, sem acostamento e praticamente em colapso.

 

Nota do redator

 

Coluna Olavo Dutra apurou que, ao menos na Faculdade de Direito da UFPA, em Belém, não há acordo firmado para abertura de curso em Bragança. Segundo fontes, essa possibilidade chegou a ser discutida na Reitoria durante a campanha, mas não foi oficializada.

 

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