esde que foi anunciada como sede da
COP 30, ano que vem, Belém virou a queridinha para todo e qualquer tipo de
evento. Dos sérios e comprometidos aos que anunciam ações mirabolantes, recebem
por isso e deixam a desejar.
Esse parece ter sido o caso do Festival
Aceita, promovido em Belém de 23 a 25 de agosto, considerado um retumbante
fracasso de público e de realização, sob o patrocínio dos Ministérios da
Cultura, do Turismo e do Nubank. A rede social está aí para provar. A produção do
Aceita levou uma semana para se explicar em um laudatório de 3 mil toques.
A Lei Rouanet liberou quase R$ 3 milhões para o
festival, que ainda teve o adjutório financeiro dos Correios e do Sebrae - R$
190 mil -, e do Ministério do Turismo - R$ 250 mil.
Furacão faraônico
O Festival Aceita surgiu provavelmente
soprado pelos ventos da COP30, pois até maio passado, não existia para o
público. Mas eis que, de repente, chega a Belém o faraônico e mesopotâmico
Milton Cunha, curador e embaixador do festival, paraense estabelecido há anos
no Rio de Janeiro e comentarista dos carnavais da TV Globo. A ele coube
escolher os artistas.
A proposta incluía shows - em dois palcos montados na
imensa área do Marine Clube, no coração do Guamá - de artistas paraenses, nacionais
e internacionais, valorizando a comunidade o LGBTQIA+; debates; oficinas e
desfiles de moda.
No site do festival, lia-se: “Como cidade-sede da COP
30, Belém será palco para uma convergência subversiva, um epicentro de
discussões globais sobre sustentabilidade e mudanças climáticas. O festival é
uma jornada de reconexão com as raízes ancestrais e um chamado à ação pela
justiça climática, rumo à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças
Climáticas e a presença, como headliner, do cantor, dançarino e
ator americano Billy Potter pela primeira vez no Brasil.
A produção e realização do Aceita foi
da produtora Criattiva & Cavallero, de Lany Cavallero e Cássio Nogueira,
este, pessoa de imenso trânsito em Brasília. Só faltou público, mesmo com a
doação de ingressos de última hora na chamada ‘cota social’.
Debandada geral
Eventos podem fracassar, mas o Aceita
foi mais longe. Sem estrutura para convidados e trabalhadores, no sábado, 24, a
equipe de cobertura de fotografia e de mídias sociais pediu demissão; pessoas
“curadas” por Milton Cunha foram desconvidadas; a produção negou credenciamento
a jornalistas de Belém para favorecer os “de fora” que, por sua vez, não
receberam as passagens. Alguns artistas protestaram no palco, como a banda As
Travestis e modelos e estilistas protestaram chamando o festival de ‘Rejeita’ e
cobraram cachê.
A cantora Lorena Simpson fez diferente. Já em Belém,
a amazonense cancelou a participação no festival, junto com o cantor Rawi. Ela
publicou uma postagem no X e disse que a única comemoração dela no Aceita foi
ter conhecido as pessoas LGBTQIANP+ de Belém. O grupo de drags Themônias,
famoso depois da polêmica na Feira do Livro, deu o troco por ter sido alijado
do festival e promoveu o ‘Rejeita’ em um bar da cidade.
O elefante incomoda
Em nota, a produtora Criattiva & Cavallero
diz saber que “nossa ousadia em promover os direitos da população LGBTQIAPN+
incomodou alguns, e as dificuldades logísticas e financeiras foram grandes.
Infelizmente, enfrentamos uma série de desafios que impactaram a experiência de
alguns participantes e colaboradores. Problemas logísticos, envio de passagens
aéreas de última hora, desistência de alguns participantes e consequentes
mudanças na programação reduziram o alcance de algumas das atividades
planejadas, resultando em insatisfações legítimas. Pedimos desculpas sinceras
aos trabalhadores, artistas, jornalistas, palestrantes e, especialmente, ao
público paraense, nortista e LGBTQIAPN+ que se sentiu prejudicado em qualquer
etapa do festival.
Entendemos as críticas e manifestações nas redes sociais e nos solidarizamos com todos. O festival disponibilizou cotas de ingressos gratuitos, estabelecidas em lei, sendo a maioria retirada no dia 25 de agosto, dia de maior presença do público. Gostaríamos de reiterar que todos os contratos de prestação de serviços serão devidamente cumpridos”.
Papo Reto
· O deputado federal
Antônio Doido (foto) saiu às pressas de Ananindeua, ontem,
depois de ser hostilmente espetado por eleitores de oposição.
· Candidato do MDB na eleição deste ano no
município, o parlamentar, segundo seus assessores, recuou apenas para evitar
maiores problemas.
· Antônio Doido estava
em campanha quando foi informado sobre o acidente envolvendo o governador
Helder Barbalho, em Tucuruí.
· O déficit primário do setor público chegou
a R$ 21,2 bilhões em julho e a dívida bruta do governo cravou 78,5% do PIB, ou
0,7 % a mais que o mês anterior.
· Et pour cause e com a avidez
de sempre, o governo Lula pôs na mesa um novo projeto, agora elevando as
alíquotas da contribuição social sobre lucro e do imposto de renda retido na
fonte.
· Vem a ser aquela que
incide sobre os juros sobre capital próprio
· Cortar gastos? Ninguém
fala sobre o assunto.
· Uma variante do vírus oropouche, que anda
espalhando febre pelo Norte do Brasil, já avança sobre a Bahia, Espírito Santo
e Santa Catarina, dizem especialistas.
· No Pará, não se tem
notícia de plano de enfrentamento à doença, caso o surto também chegue por
aqui.
· Começou o horário
eleitoral na TV e rádio, ficando no ao ar até o dia 3 de outubro.
· Prepare o bolso: a conta de luz virá em
setembro com bandeira vermelha.
· Não é nada, não é nada, mas serão R$ 7,87 a
mais a cada 100 KWh consumidos, já avisou a Aneel.
· O governo federal, claro, debita a lapada
na conta de São Pedro, ou seja, na previsão de chuva pouca prevista para este
mês.
· Olha que boa notícia: pesquisadores treinam
algoritmos para identificar doenças degenerativas através de expressões
faciais.