"Aceita" que dói menos, ops!: festival de R$ 3 mi acaba sem entregar o que vendeu em Belém

Produtores do evento fracassado admitem falhas e se desculpam, como se a justificativa risível correspondesse à devolução do valor do contrato milionário recebido sob o selo COP30.

01/09/2024 08:20

Até o ministro do Turismo, Celso Sabino, que bancou a maior parte do custo, caiu na esparrela, mas alguns cantores não deixaram passar em branco/Fotos: Divulgação


D

 

esde que foi anunciada como sede da COP 30, ano que vem, Belém virou a queridinha para todo e qualquer tipo de evento. Dos sérios e comprometidos aos que anunciam ações mirabolantes, recebem por isso e deixam a desejar.

 

Esse parece ter sido o caso do Festival Aceita, promovido em Belém de 23 a 25 de agosto, considerado um retumbante fracasso de público e de realização, sob o patrocínio dos Ministérios da Cultura, do Turismo e do Nubank. A rede social está aí para provar. A produção do Aceita levou uma semana para se explicar em um laudatório de 3 mil toques.


A Lei Rouanet liberou quase R$ 3 milhões para o festival, que ainda teve o adjutório financeiro dos Correios e do Sebrae - R$ 190 mil -, e do Ministério do Turismo - R$ 250 mil.


Furacão faraônico 

 

O Festival Aceita surgiu provavelmente soprado pelos ventos da COP30, pois até maio passado, não existia para o público. Mas eis que, de repente, chega a Belém o faraônico e mesopotâmico Milton Cunha, curador e embaixador do festival, paraense estabelecido há anos no Rio de Janeiro e comentarista dos carnavais da TV Globo. A ele coube escolher os artistas.


A proposta incluía shows - em dois palcos montados na imensa área do Marine Clube, no coração do Guamá - de artistas paraenses, nacionais e internacionais, valorizando a comunidade o LGBTQIA+; debates; oficinas e desfiles de moda.


No site do festival, lia-se: “Como cidade-sede da COP 30, Belém será palco para uma convergência subversiva, um epicentro de discussões globais sobre sustentabilidade e mudanças climáticas. O festival é uma jornada de reconexão com as raízes ancestrais e um chamado à ação pela justiça climática, rumo à Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e a presença, como headliner, do cantor, dançarino e ator americano Billy Potter pela primeira vez no Brasil.

 

A produção e realização do Aceita foi da produtora Criattiva & Cavallero, de Lany Cavallero e Cássio Nogueira, este, pessoa de imenso trânsito em Brasília. Só faltou público, mesmo com a doação de ingressos de última hora na chamada ‘cota social’.

 

Debandada geral

 

Eventos podem fracassar, mas o Aceita foi mais longe. Sem estrutura para convidados e trabalhadores, no sábado, 24, a equipe de cobertura de fotografia e de mídias sociais pediu demissão; pessoas “curadas” por Milton Cunha foram desconvidadas; a produção negou credenciamento a jornalistas de Belém para favorecer os “de fora” que, por sua vez, não receberam as passagens. Alguns artistas protestaram no palco, como a banda As Travestis e modelos e estilistas protestaram chamando o festival de ‘Rejeita’ e cobraram cachê.


A cantora Lorena Simpson fez diferente. Já em Belém, a amazonense cancelou a participação no festival, junto com o cantor Rawi. Ela publicou uma postagem no X e disse que a única comemoração dela no Aceita foi ter conhecido as pessoas LGBTQIANP+ de Belém.  O grupo de drags Themônias, famoso depois da polêmica na Feira do Livro, deu o troco por ter sido alijado do festival e promoveu o ‘Rejeita’ em um bar da cidade.


O elefante incomoda

 

Em nota, a produtora Criattiva & Cavallero diz saber que “nossa ousadia em promover os direitos da população LGBTQIAPN+ incomodou alguns, e as dificuldades logísticas e financeiras foram grandes. Infelizmente, enfrentamos uma série de desafios que impactaram a experiência de alguns participantes e colaboradores. Problemas logísticos, envio de passagens aéreas de última hora, desistência de alguns participantes e consequentes mudanças na programação reduziram o alcance de algumas das atividades planejadas, resultando em insatisfações legítimas. Pedimos desculpas sinceras aos trabalhadores, artistas, jornalistas, palestrantes e, especialmente, ao público paraense, nortista e LGBTQIAPN+ que se sentiu prejudicado em qualquer etapa do festival.

 

Entendemos as críticas e manifestações nas redes sociais e nos solidarizamos com todos. O festival disponibilizou cotas de ingressos gratuitos, estabelecidas em lei, sendo a maioria retirada no dia 25 de agosto, dia de maior presença do público. Gostaríamos de reiterar que todos os contratos de prestação de serviços serão devidamente cumpridos”.



 

Papo Reto

 

·  O deputado federal Antônio Doido (foto) saiu às pressas de Ananindeua, ontem, depois de ser hostilmente espetado por eleitores de oposição.

 

· Candidato do MDB na eleição deste ano no município, o parlamentar, segundo seus assessores, recuou apenas para evitar maiores problemas.

 

· Antônio Doido estava em campanha quando foi informado sobre o acidente envolvendo o governador Helder Barbalho, em Tucuruí.   

 

· O déficit primário do setor público chegou a R$ 21,2 bilhões em julho e a dívida bruta do governo cravou 78,5% do PIB, ou 0,7 % a mais que o mês anterior.

 

·  Et pour cause e com a avidez de sempre, o governo Lula pôs na mesa um novo projeto, agora elevando as alíquotas da contribuição social sobre lucro e do imposto de renda retido na fonte.

 

·  Vem a ser aquela que incide sobre os juros sobre capital próprio das empresas, tudo, diz que, "para equilibrar o orçamento".

 

·   Cortar gastos? Ninguém fala sobre o assunto.

 

· Uma variante do vírus oropouche, que anda espalhando febre pelo Norte do Brasil, já avança sobre a Bahia, Espírito Santo e Santa Catarina, dizem especialistas.

 

·  No Pará, não se tem notícia de plano de enfrentamento à doença, caso o surto também chegue por aqui.

 

·  Começou o horário eleitoral na TV e rádio, ficando no ao ar até o dia 3 de outubro.

 

· Prepare o bolso: a conta de luz virá em setembro com bandeira vermelha.

 

· Não é nada, não é nada, mas serão R$ 7,87 a mais a cada 100 KWh consumidos, já avisou a Aneel.

 

· O governo federal, claro, debita a lapada na conta de São Pedro, ou seja, na previsão de chuva pouca prevista para este mês.

 

·  Olha que boa notícia: pesquisadores treinam algoritmos para identificar doenças degenerativas através de expressões faciais.

 

Mais matérias OLAVO DUTRA