Indígenas Warao voltam à Praça da Bandeira e reclamam de más condições e do confinamento

Prefeitura de Belém adota sistema de convivência na base do “tudo junto e misturado” e ignora apelos para mudar a situação e evitar conflitos entre os diversos grupos.

04/08/2024 11:00

No relato do indígena Orlando Matne, a verdade imposta aos grupos, que preferem a rua às condições insalubres dos abrigos, como o do Tenoné/Fotos: Divulgação.


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arte dos indígenas da etnia Warao retirados da Praça da Bandeira, há poucos dias, pela Prefeitura de Belém, já voltou para o local. O acampamento improvisado sob as poucas árvores encontradas na praça abriga homens, crianças, mulheres e adolescentes em condições precárias de sobrevivência. Desta vez, nenhuma estrutura em madeira para armar redes foi erguida e as noites de sono são sobre o chão duro de uma quadra de cimento.


A equipe da Coluna Olavo Dutra esteve no local e ouviu, do cacique Orlando Matne, algumas das razões que levaram os indígenas de volta a este e a outros pontos abertos da cidade. O principal motivo, de acordo com o cacique, é misturar diferentes tribos Warao em um mesmo espaço e forçar a convivência, mesmo a equipe de assistência social da Prefeitura de Belém tendo conhecimento do quanto isso é prejudicial.

 

“Não somos iguais”


“Nós, indígenas venezuelanos, não somos iguais. Alguns querem briga, outros falam demais. A convivência é difícil. Por isso estamos aqui”, explicou. Matne contou ainda que seu grupo já procurou os órgãos governamentais para tentar conseguir ou um espaço maior para os indígenas ou uma casa para abrigar apenas sua tribo, mas nunca obteve respostas.

 

O cacique conta, também, que o atual abrigo oferecido pela Prefeitura de Belém é insalubre e tão desconfortável quanto as ruas e espaços públicos ocupados da cidade. A casa alugada fica no bairro do Tenoné, onde o controle de entrada e saída é rígido e beira o confinamento compulsório para que os indígenas não sejam vistos pelas ruas da cidade.


Para não incomodar

“Nós assamos peixe e frango aos domingos (na Praça da Bandeira), mas somente aos domingos, segunda-feira, não”, explica Orlando, afirmando que as famílias encontradas na Praça da Bandeira permanecem no local também nos demais dias da semana. A ideia é não incomodar e, muito menos, chamar a atenção de pessoas e autoridades, a exemplo do que aconteceu quando estruturas em madeira foram erguidas no local. “Somos uma tribo de pessoas tranquilas", disse ele.


Histórico perverso

O histórico de confinamento dos indígenas pela Prefeitura de Belém não é dos melhores. As más condições de abrigo e convivência indistinta entre eles já resultaram em casos de doença e até em morte. De acordo com Orlando, o espaço oferecido no Tenoné segue o padrão dos anteriores. Enquanto for assim, a cena recorrente de pedintes e indígenas venezuelanos pelas esquinas de Belém estará longe de acabar. 

 

Papo Reto

 

· Em que conta deve ser creditada a balbúrdia causada pelo BRT no trecho Marituba-Ananindeua, do governador ou do prefeito Daniel Santos?

 

·  Noves fora um eventual efeito Morgana - ou seria pareidolia? -, Daniel (foto) não escala um agente de trânsito para o trecho e a obra, por sua vez, não anda, justamente em frente ao prédio da prefeitura.

  

·  De Paulo Stark, que reaparece nas redes sociais depois das “intrigas palacianas”: “Não pagaram os 50 reais para a galera do Igor Normando...”, justificando a violência ocorrida ontem na convenção do MDB.

 

·  Novas normas para jogos de aposta online entram em vigor em janeiro de 2025. O apostador, agora, precisará estar informado quanto vai ganhar, caso seja premiado, além de suas possibilidades de ganho.

 

·  É servidor público o dono da balsa que fez o transporte de um veículo de Manaus para Santarém com drogas e munições. O caso envolve o filho de um vereador, preso dias depois por ordem da Justiça.

 

·  O inquérito policial que investiga o caso aponta Amilton de Queiroz Freitas como lotado Instituto de Gestão Previdenciária, o Igeprev.

 

·  Já estão em vigor as novas regras do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida que deram fôlego novo ao setor de habitação e animou os compradores. 

 

·  Entre as modificações promovidas pelo governo estão aumento do subsídio para entrada do imóvel, ajuste na renda nas faixas do programa, taxa de juros e elevação do teto do valor da casa ou apartamento.

 

· A primeira mudança anunciada é a atualização das três faixas de renda do programa. Na faixa 1, se enquadram as famílias com renda até R$ 2.640,00 mensais. A faixa 2 contempla pessoas com renda de R$ 2.640,01 a R$ 4.400 mensais.

 

·  Já na faixa 3 serão atendidas as famílias com renda mensal que varia de R$ 4.400,01 a R$ 8.000,00.


·  Em julho, foram registrados mais de 11 mil focos de queimadas na Amazônia, quase metade do total de 24 mil alertas de 2024. Ambientalista adverte para eventual piora do cenário em agosto.

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