Edmilson coloca "pingos nos is" sobre relação com Lula e diz que amizade garante COP em Belém

Esforço para reverter quadro político desfavorável pela rejeição leva prefeito a, literalmente, se “segurar no pincel”, mas não há sinais de que a recíproca é verdadeira.

04/08/2024 08:03

Com boa dose de ironia, prefeito se diz reconhecido pelo presidente e justifica escolha de Belém para evento da ONU/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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m recente entrevista a um portal de notícias, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do Psol, falou sobre sua relação de amizade e proximidade com o presidente Lula. Com a imagem desgastada, segundo atestam de forma recorrente as pesquisas pré-eleitorais, Edmilson usa esse recurso para creditar a realização da COP30 em Belém à confiança que Lula tem nele.

 

Entre outras provas dessa proximidade, Edmilson Rodrigues conta que Lula não apenas sabe seu nome e quem ele é, como já foi à sua casa, razão pela qual tem, inclusive, fotos com as filhas de Edmilson. “Não é de hoje que sou amigo pessoal desse homem que hoje é o presidente mais amado do mundo”, garante ele, dando a entender que não chegou ontem na relação com Lula e, por isso mesmo, “senta na janela”.

 

Triunfo da amizade

 

Mas é no campo político que o prefeito de Belém acredita estar seu maior trunfo junto a Lula. “Lula quis trazer a COP para a Amazônia, claro, mas se fosse também uma cidade com um prefeito que ele não conhecesse, que ele não acreditasse, ele não arriscaria. Por isso o presidente está enviando os recursos federais, e eu estou fazendo as obras necessárias para que Belém receba bem a COP30”, disse Edmilson a seus entrevistadores.

 

O bom combate

 

A fala do prefeito de Belém, ao mesmo tempo que contrasta com a postura adotada pelo governador Helder Barbalho ao puxar desde o início a COP para si, também diz muito sobre como, nessa mesma manobra, o governador, por vários momentos, jogou Edmilson para trás da cortina da organização do evento, antes mesmo do público rompimento político entre os dois.

 

Da cintura para baixo

 

Até o rompimento praticamente formalizado com o anúncio, pelo governador Helder Barbalho, de um candidato próprio - no caso, seu primo Igor Normando - contra Edmilson Rodrigues nestas eleições municipais, a corda entre o prefeito de Belém e o governador foi roída por vários acontecimentos, como o esvaziamento de poderes e caneladas em pronunciamentos nos eventos, nas redes sociais e nas declarações em coletivas de imprensa ou transmissões ao vivo e, infelizmente, em atos que sobram para a população, como os boicotes a licenciamentos de obras, a repasses de recursos e até ao trâmite de processos que dependam da máquina sob o comando do governo estadual, conforme a coluna antecipou.

 

As tais conveniências 

 

Em 2020, o governador Helder Barbalho fez uma conveniente aliança com Edmilson Rodrigues, em detrimento da candidatura do seu próprio partido, o MDB, sigla pela qual concorreu o deputado federal José Priante, figura que, embora seja da família do governador, tem sido eternamente rejeitado por Helder para sentar na cadeira de prefeito de Belém.

 

A aliança se confirmou vitoriosa nas urnas por dois anos, e o movimento pela eleição de Lula foi reconhecido pelo presidente, que logo após as eleições já embarcou para a COP 27, no Egito, na companhia de Helder Barbalho. No final de dezembro daquele ano, ao anunciar seus ministros, Lula garantiu o renascimento da pasta do Ministério das Cidades e confirmou Jader Filho no comando.

 

Fatos e fotos

 

Pode-se dizer que foi justamente a COP o divisor de águas entre Lula e Helder, a ponto de, ao final da COP27, quando Lula voltou decidido a candidatar Belém ao evento, o crédito ter sido dado direto para o governador. Logo depois de tomar posse em 1º de janeiro de 2023, Lula oficializou à Organização das Nações Unidas (ONU) a candidatura de Belém para sediar a COP30, em 11 de janeiro, véspera do aniversário de Belém, mas sem a presença do prefeito no vídeo feito por Helder e Lula em Brasília. O mesmo ocorreu, posteriormente, no vídeo de oficialização da resposta da ONU.

 

Quase de fora de foco

 

No anúncio oficial da COP em Belém, feito na capital paraense em 17 de junho do ano passado, somente o governador aparece na foto com Lula feita na cerimônia, divulgada pela Agência Brasil. O registro de Edmilson ao lado de Lula e Helder ficou apenas para consumo interno, no portal da prefeitura.

 

Mas, pelo tom do discurso de Edmilson Rodrigues nessa entrevista recente, ele aposta na relação com Lula para mostrar que não está de fora da atenção do presidente, e com ele junto a Lula será feito toda a linha da campanha que pretende reverter os altos índices de rejeição com que Edmilson chega para tentar a reeleição este ano.

 

Papo Reto

 

· A Faculdade Católica de Belém deu a largada da primeira turma de Mestrado em Direito Canônico no Pará. 

 

· São 28 mestrandos vinculados a prelazias, dioceses e congregações e outras instituições católicas no Pará.

 

·  Com isso, o arcebispo de Belém Dom Alberto Taveira (foto), que instalou a FCB e articulou o mestrado, segue firme em busca do plano original, que é inaugurar sobre essa base a Pontifícia Universidade Católica no Pará.

 

· Aviso aos navegantes: a gestão do médico e candidato a prefeito de Bragança, Mário Júnior, como secretário de Saúde em Irituia, será abordada na campanha eleitoral.

 

· Como se sabe, Mário Júnior também foi diretor técnico do famoso Hospital Diocesano Santo Antônio Maria Zaccaria, da Diocese de Bragança.

 

·  O Ministério Público desencadeou a operação “Rei do gado”, semana passada, no Maranhão, e agora, no Espírito Santo.

 

·  No Pará, o MP não move uma palha para desbaratar o contrabando de minério nas rodovias estaduais, assunto que repercute Brasil afora.

 

·  A violência no futebol mundial e, de modo especial, na América Latina, tem sido decisiva para tornar as partidas cada dia mais truncadas e até chatas, sem "jogadas de gênio", como antigamente.

 

· Especialistas dizem que, com a quantidade de árbitros, hoje, por trás de uma partida, não há motivo para não se estabelecer um limite máximo de faltas por equipe.

 

·  A partir desse patamar o clube passaria a ser, de algum modo, penalizado, tal qual no basquete, por exemplo, onde os que exageram nas faltas são penalizados com tiros livres. 

 

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