a
mesma forma que a esperança se renova toda vez que um novo serviço de
atendimento em saúde é inaugurado na rede pública, a tristeza se abate sobre
famílias quando um destes espaços fecha as portas. No caso do Centro de
Reabilitação e Organização Neurológica do Pará (Ionpa), além de tristeza, 500
famílias atendidas estão revoltadas pela causa da suspensão dos serviços:
dívidas da Prefeitura de Belém.
O espaço é um dos principais centros de referência em atendimento para pessoas
com deficiências na Região Metropolitana de Belém. Sem ter mais como custear as
despesas dos tratamentos, a direção do Ionpa divulgou nota pública, em seu
perfil nas redes sociais, informando sobre a suspensão dos serviços. De acordo
com o documento, além do calote, a Secretaria de Saúde de Belém trata a
situação com desprezo.
Presente da mamãe
“O Ionpa não foi procurado pela Secretaria e muito menos recebeu qualquer retorno a respeito de possíveis soluções relacionadas aos repasses de recursos financeiros. Na manhã de hoje - último dia 10 -, enviamos ofício à referida Secretaria no qual reiteramos as dificuldades vividas pela instituição relacionadas aos entraves e atrasos de recebimento de recursos, mas não recebemos nenhum retorno formal”, diz a nota.
Mensagem apagada
A
situação provocou revolta na coordenadora estadual de Políticas para o Autismo,
Nayara Barbalho, que chegou a publicar, mas depois apagou, vídeo nas redes
sociais onde exige uma providência da Prefeitura de Belém para resolver a
situação. Ela informou, ainda, que acionou a Secretaria de Estado de Saúde e o
Ministério Público do Estado para apurar o ocorrido. “Prefeito Edmilson, esse é
o presente de Dia das Mães que nós vamos receber?”, questionou a advogada, que
também protocolou denúncia sobre o caso na Ordem dos Advogados do Brasil.
Serviço especializado
O problema na suspensão dos serviços oferecidos pelo Ionpa está no tipo de
procedimento realizado no local. Normalmente, são tratamentos que não podem ser
interrompidos, de mão de obra escassa e ofertada a famílias de baixa renda que,
muito dificilmente, teriam como custear ou a quem recorrer caso precisassem
procurar ajuda em outro local. Algumas dessas famílias, inclusive, se deslocam
de outros municípios para conseguir atendimento.
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Aviso a confirmar
Após a repercussão do fato, a Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria de
Saúde, emitiu uma nota curta e seca afirmando que os pagamentos em atraso
seriam depositados ainda na sexta, 10, e que estariam disponíveis na
segunda-feira, 13. Mas o fez somente depois que o fato se tornou público e por
se tratar, óbvio, de assunto que compromete - ainda mais - os planos de
reeleição do prefeito Edmilson Rodrigues em ano eleitoral. Até a publicação
desta matéria, o Ionpa ainda não havia informado se, de fato, o calote já havia
sido quitado.