Vendaval fora de época assombra noite de Belém e manda prefeito da cama para as ruas; o Ed voltou?

Se é verdade que a natureza sempre vence, desta vez a vitória foi dupla, senão pelo simples fato de despertar o prefeito de ‘sono profundo’.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

20/07/2023 13:30

Ventos de quase 70 quilômetros varreram a cidade e o prefeito Edmilson Rodrigues foi às ruas ver os estragos e adotar as providências; em vídeo, alcaide apontou estratégias da administração, mas alertou que a intempérie não teve aviso prévio/ Divulgação.


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o dia 15 de junho, a Defesa Civil Nacional divulgou um alerta de “chuvas intensas nos Estados do Maranhão e Pará”. A previsão era de ventos com velocidade superior a 100 quilômetros por hora, acumulados de chuvas acima de 100 milímetros. A chuva e os ventos com essa intensidade não ocorreram na data prevista, mas se precipitaram sobre a cidade na tarde e noite de ontem, deixando atrás de si árvores centenárias tombadas, prédios públicos e bairros sem energia e relatos de prédios e casas destelhadas e estruturas com risco de desabamento.

 “Há risco de grandes alagamentos e transbordamentos de rios, além de deslizamentos de encostas em cidades com áreas de risco. As regiões de maior risco de desastres são o norte, o centro e o oeste maranhense, o nordeste e o sudeste paraense e a área metropolitana de Belém”, previa a nota da Defesa Civil.

Na nota, que passou em branco na imprensa local, o órgão orienta os moradores das regiões de risco a se inscreverem nos serviços de alerta. Para tanto, basta enviar SMS com o CEP do local onde mora, ou outro local de interesse, para o número 40199.

 “Não há limite de locais cadastrados e o serviço é totalmente gratuito para a população. A partir da previsão de desastre, a população receberá um aviso contendo informações de risco e orientações para a autoproteção”, acrescenta a Defesa Civil.

 

De volta ao começo

 

As chuvas e ventos fortes em Belém, ontem, não apenas expuseram raízes e telhados espalhados pelo chão molhado, mas precipitaram o ressurgimento de um personagem que andava fora do radar desde o início do processo eleitoral do ano passado: Edmilson Rodrigues, o prefeito da capital.

Alvo de ataques contumazes nas redes sociais, vindos de eleitores descontentes ou de políticos intencionados a deslocar o prefeito de seu lugar de mando, Edmilson Rodrigues estava seguindo o exemplo de Zenaldo Coutinho, que desapareceu em 2015 para só reaparecer em 2016 quando, sob rejeição intensa, acabou vencendo, com auxílio luxuoso do então governador Simão Jatene.

Mas eis que as intempéries de ontem trouxeram à tona o alcaide, mostrando que deve haver, a partir desse momento, uma mudança de postura que recoloca o prefeito eleito três vezes pelo povo de Belém na linha de frente da disputa por um quarto mandato.

 

Culpa é de São Pedro

 

Acusar o prefeito de Belém pelos efeitos de um temporal anormal como o de ontem é, no mínimo, má fé. O ciclone extratropical que está na origem do fenômeno que vivemos já varreu a região da Região Sul e do Sudeste e chega com a mesma intensidade e violência no Norte e no Nordeste neste momento.

Fenômenos climáticos severos produzem quedas de árvores, alagamentos e destelhamento de casas no mundo inteiro, mesmo em países onde a convivência com essas ocorrências é permanente, como nos Estados Unidos, para ficarmos em um exemplo.

Em entrevista recente à GloboNews, o meteorologista do Inmet, Mamede Melo, explicou que fenômenos podem se intensificar nos próximos meses, mas que não era possível prever a intensidade. O “El Niño” é um fenômeno climático extremo. Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias e pode provocar ciclones subtropicais como o que varreu Belém no dia de ontem.

 

Dependência menor

 

Molhado e ativo, mostrando liderança e atuando diretamente nos problemas, Edmilson volta não apenas a ser competitivo, mas, a depender menos da máquina no Estado, na qual sua confiança estava toda depositada. A suposição de que Helder Barbalho possa ter candidato próprio contra o PT e o Psol carece de validação. Muito embora o MDB tenha, segundo pesquisas recentes, dois candidatos competitivos - Úrsula Vidal e José Priante, este, dono do diretório do partido na capital -, não parece lógico que o governador, cujos elos comunicantes com o governo Lula chegam a ser co-sanguíneos, por assim dizer, rompa a aliança com o PT em nome de impor um filiado ou filiada de seu partido nessa disputa, abrindo caminho assim para o avanço da direita, seja com Everaldo Eguchi, delegado afastado da função pelo Ministro da Justiça, seja com Eder Mauro.

A perda da capital em 2024 colocaria em risco os planos de Helder Barbalho para 2026.

 

 Crônica de um quase desastre anunciado, mas que passou em branco para ‘grande mídia’

 

Belém foi varrida na noite de quarta-feira por um temporal tão fora de lugar que os ventos fortes expulsaram até o prefeito Edmilson Rodrigues do conforto da sua casa para as ruas devastadas da cidade, levando junto meia dúzia de secretários, máquinas e equipamentos. Transeuntes desavisados e atarantados no meio da noite tenebrosa exclamavam atônitos: “O Ed voltou!” Gaiatos de plantão emendaram: “’Voltaram ele’, isso sim!”.

A natureza violenta da ventania surreal destelhou casas, derrubou a fiação elétrica, provocou apagão e cortou serviços de internet, inclusive e principalmente em bairros nobres, porque na periferia têm hora para funcionar. Em Icoaraci, por exemplo, o alvoroço espichou o atendimento em um grande supermercado porque a internet nos caixas não suportou a pressão da demanda. Clientes foram obrigados a pagar fora dos caixas sob pena de saírem de mão vazias das compras.

 

A extensão das perdas

 

Nas ruas da cidade o arvoredo sucumbiu, arrebentou calçadas, espantou passarinhos dorminhocos, derrubou ninhos e fechou ruas. Árvores novas, de meia idade e velha, ninguém ou poucas resistiram. Ninguém mediu a extensão das perdas e danos da periferia. O tempo não deu tempo. De tão rápida, a chuva não causou alagamentos de vulto.

A ‘intempérie’, segundo o alcaide, “não estava prevista, não foi prevista”. Sem aviso prévio - o serviço de meteorologia se mantinha quedo e mudo até o início da manhã caótica -, a natureza sacudiu a cidade, assombrou pessoas e remeteu à bíblica lembrança do fim do mundo.

 

Contando os estragos

 

Até as folhas caíam para cima, em uma dança jamais vista por estas bandas. Ninguém sabe a velocidade dos ventos, mas, de tão fortes, viraram a cara das câmeras panorâmicas que são os olhos da Tv Liberal no noticiário da manhã para pontos diferentes e para espanto dos insones apresentadores. Uma repórter de olhos puxados contava galhos, folhas e árvores tombadas pela ventania insana que tirou o prefeito de casa depois de muito tempo encorujado.  “O Ed voltou” não antes, mas logo depois da tempestade e não se sabe se vai ficar. Depende do tempo.

 

Recado de Pedro

 

O Ed voltou e já não era sem tempo. Tomara tenha visto, em meio ao vendaval noturno, que São Pedro não é de todo culpado. Vá lá que não avisou, mas deixou um recado, que o alcaide interpretou mais ou menos assim, destacando que esse “é o esforço, agora”:

- Clima, natureza e sociedade devem ser o centro das nossas atenções.    


Papo Reto


Um quartel PM no bairro de Batista Campos foi evacuado hoje pela manhã ante forte cheiro de queimado, supostamente fiação.

 

Trata-se de prédio antigo, estrutura deficiente e sem elevador. O diretor do Corpo Militar da Saúde, coronel, Faustino, não deixou chamar os Bombeiros, preferindo dispensar os aquartelados do serviço.

 

A Prefeitura de Belém dispensou os serviços da empresa de segurança Elite e deixou desguarnecidos diversos órgãos da administração. A Guarda Municipal se nega a ocupar os postos vagos, preferindo destacar seu contingente para gabinetes.

 

Prepare a sombrinha: previsão do Instituto Nacional de Meteorologia diz que os maiores volumes de chuva estão previstos para o período de 17 a 24 agora na região Norte do País.

 

A grande imprensa praticamente nada notícia, mas, no Canadá, os incêndios florestais saíram do controle.

 

Tanto que o Brasil, segundo o Itamaraty, em nota, enviará 100 brigadistas para ajudar no controle dos sinistros, a pedido do governo de lá.

 

Oposição no Congresso já pediu o impeachment do ministro do STF, Luís Roberto Barroso (foto) pela fala reveladora de sua parcialidade: "derrotar o bolsonarismo".

 

O governo vai pagar bônus de desempenho para equipes de saúde bucal.

 

Municípios e Distrito Federal receberão o "incentivo" com base em resultados obtidos a partir do monitoramento de 12 indicadores, como proporção de crianças atendidas e número de procedimentos preventivos realizados.

 

A Fiocruz vai produzir o medicamento ravidasivir, caríssimo antiviral usado no combate à hepatite C, como forma de poder disponibilizá-lo no Sistema Único de Saúde.

 

O INSS já estuda aceitar o uso da identificação biométrica do transporte público como prova de vida dos segurados.

 

O Ministério da Fazenda aumentou a previsão de crescimento do PIB para 2,5% este ano.

 

Mas a equipe econômica aposta em leve desaceleração do PIB em 2024, "por causa da diminuição da demanda internacional e pelo menor crescimento projetado para o setor agropecuário".

 

A mineração cresceu "só" 6% no primeiro semestre do ano, com preço do ferro cerca de 15% menor do que no primeiro semestre de 2022.

 

As importações minerais caíram 34,2% em dólar e 6% em toneladas.

 

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis prevê investimentos na fase de exploração de R$ 20,5 bilhões até 2027.

 

A fase de exploração começa com assinatura do contrato e inclui estudos para detectar a presença de petróleo ou gás natural em quantidade suficiente para tornar a extração economicamente viável.

 

Nenhuma linha sobre a exploração na foz do Amazonas...

 

A busca por crédito caiu 3,5% no semestre, segundo a Serasa Experian. 

 

A isenção de impostos a compras online causará 2,5 milhões de demissões no País, dizem a Confederação Nacional da Indústria e Instituto para Desenvolvimento do Varejo.

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