rotocolado pelo deputado Toni Cunha,
do PL, na Assembleia Legislativa, o pedido de instauração de Comissão
Parlamentar de Inquérito para investigar os casos de violência, exploração e
abuso sexual de crianças e adolescentes na Ilha do Marajó encontra resistência
e, como esperado, não deve vingar.
O fato ganhou notoriedade após a
cantora Aymeê relatar a situação durante sua participação no programa de
televisão religioso "Dom Reality”, no dia 16 de fevereiro. Apesar da
mobilização nacional, com famosos aderindo à causa e postando sobre o assunto
em redes sociais, a maioria dos deputados do Pará não deve acatar a ideia de
criação da CPI.
Até a última segunda-feira 4, apenas
nove dos 41 deputados haviam assinado o protocolo. O detalhe foi a situação em
que o deputado Josué Paiva foi o protagonista: inicialmente, o parlamentar do
Republicanos assinou, mas, horas depois, encaminhou um ofício ao relator Toni
Cunha solicitando a retirada da assinatura. No documento, Josué afirma que o
seu partido “decidiu participar de outro pedido da matéria”.
Deputada ‘pensa grande’
Ontem, ganhou destaque o vídeo que
circula nas redes sociais mostrando a deputada Andréia Xarão, do MDB, eleita na
condição de “filha e ribeirinha do Marajó” - ela é mulher do prefeito Xarão
Leão, de Breves -, falando sobre seu posicionamento quanto à instalação da
Comissão. A resposta da representante do Marajó na Assembleia Legislativa é uma
pérola irretocável: “Se você me provar que uma CPI vai resolver o problema do
Marajó e de todo o Estado, pode ter certeza que eu repenso.”
Pensa grande a deputada Andréia
Xarão. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Estado registra
taxa de 3.648 casos dessa natureza, ficando acima da média nacional, com 2.449
casos. Somente em 2022, foram registrados 550 casos de crimes sexuais
contra crianças e adolescentes no Marajó - um grão de areia no continente
chamado Pará.
Governo tem o controle
Os deputados que se manifestarem a
favor da instauração da CPI foram Rogério Barra (PL), Toni Cunha (PL), Neil
(PL), Wescley Tomaz (Avante), Thiago Araújo (Cidadania), Aveilton Souza (PSD),
Bob Fllay (PRD), Erick Monteiro (PSDB) e Fábio Figueiras (PSB). A Assembleia
Legislativa tem uma ampla bancada de apoio ao governador Helder Barbalho.
A indicação negativa da Assembleia
Legislativa é um contraponto à movimentação do Congresso Nacional e do Senado
Federal. No Congresso, o pedido de CPI para investir as denúncias de pedofilia
na Ilha de Marajó já conta com quase 100 assinaturas. Para que o pedido seja
formalizado, são necessárias, no mínimo, 171 assinaturas.
Santo de casa não faz...
No Senado, Magno Malta (PL-ES), em
pronunciamento no Plenário, também destacou as denúncias sobre supostos abusos
contra crianças na Ilha de Marajó e sugeriu a instalação de uma nova CPI para
apurar a situação. Tanto no Congresso, quanto no Senado, o assunto deve ser
retomado durante a semana.
"As denúncias de tráfico de
pessoas, pedofilia e outros crimes deploráveis são sérias. O irônico dessa
situação é que o Brasil, por meio do Congresso, deve formalizar a CPI para
investigar os casos e aqui do Pará, diante da negligência de deputados da base
de apoio do governo, há um comportamento de descaso e irresponsabilidade. Nós
continuaremos denunciando os casos e observando os problemas do poder público,
que não consegue atender dignamente a população da Ilha do Marajó",
declarou o deputado Rogério Barra, líder do Partido Liberal.
Servidores da Emater
anunciam paralisação no
próximo dia 11 para
cobrar acordo salarial
O Sindicato dos Trabalhadores
do Setor Público Agropecuário e Fundiário do Pará, que representa os servidores
da Emater, anunciou a paralisação das atividades nos 144 escritórios no Estado
a partir do próximo dia 11. O Sindicato alega que “a direção da empresa enganou
os trabalhadores e não cumpriu o acordo de pagamento das ações judiciais do
dissídio, assim como não deu celeridade ao acordo de trabalho - ACT 23/24.
A empresa é gerida pelo pastor da
Assembleia de Deus Joniel Abreu que, segundo denunciam servidores, raramente
aparece no escritório central em Marituba para trabalhar. “É um descaso:
a Emater virou um órgão renegado no Estado.”.
O cenário de terra arrasada na
empresa de assistência técnica e extensão rural também passa pelas péssimas
condições de trabalho - espaços insalubres -, impressoras sem toner desde o ano
passado, além do pessoal de campo, que está praticamente à míngua, por falta de
meios para trabalhar.
Pedido de prisão
Recentemente, a coluna denunciou
supostos casos de assédio moral vindos da atual chefe de gabinete da
presidência que, segundo os mesmos servidores, tem parentesco com o deputado
estadual Ronie Silva, além de ser mulher do diretor administrativo. A
paralisação, segundo o Sindicato, será uma
prévia para forçar o presidente
da empresa a cumprir o acordo, sob o risco de virar alvo de um pedido de
prisão.