Prefeitura de Parauapebas não paga médicos, mas torra quase R$ 2 milhões em compras sem licitação

Portal da Transparência aponta que a lambança com dinheiro público pagou R$ 51 por cada unidade de saco de lixo hospitalar e R$ 300 por cada conserto de pneu de caminhão.

17/01/2024 08:00
Prefeitura de Parauapebas não paga médicos, mas torra quase R$ 2 milhões em compras sem licitação
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e a dívida fosse atribuída a uma pessoa física, rica ou de renda mediana, seria calote. Quando a pendência advém de uma prefeitura municipal, principalmente no caso de Parauapebas, no sudeste do Pará, tido e havido como o segundo município mais rico do País, a que se deve?


Embora afastado do cargo de secretário, Gilberto Laranjeira aparece em denúncia como um dos responsáveis pela crise já denunciada pelo Sindicato dos Médicos/Fotos e Imagem: Divulgação-Portal da Transparência.

Certo é que o fato choca a população justamente por este motivo. Diz a lenda que dinheiro é o que não falta por lá.  E a revolta se multiplica ante uma simples consulta ao Portal da Transparência, que aponta gastos da Secretaria de Saúde de R$ 1.891.382,87 sem qualquer processo licitatório.

 

Para se ter ideia do tamanho da irregularidade, a Secretaria pagou R$ 51 por cada saco de lixo hospitalar e R$ 33.000,00 por 110 vulcanizações de pneus de ônibus e caminhões, ou seja, R$ 300 por cada conserto de pneu e a cada borracheiro sortudo.

 

Por outro lado, segundo o portal RBN, somente na Casa da Bíblia, a Secretaria de Saúde adquiriu não livros sagrados, mas, acredite, 1,5 mouses de computador por R$ 18,30 cada; 1.500 cabos de rede e 560 teclados de computadores por R$ 45,91 a unidade, valores bem acima do preço praticado no comércio local, sugerindo um descarado superfaturamento.

 

Como diz a comerciária Waldirene Uchoa, "estamos diante de uma verdadeira farra com o dinheiro público".




Prática é antiga

 

O descompromisso com a moralidade e a transparência não vem de hoje na Secretaria de Saúde de Parauapebas, mas dispararam, segundo servidores efetivos, depois que o prefeito Darci Lermen importou Gilberto Laranjeira e o nomeou para o cargo de secretário, em 2021, do qual foi exonerado na metade de 2023, em uma espécie de intervenção branca, ante à vigorosa pressão de vereadores e entidades ligadas à saúde, que denunciavam a falta de compromisso de Laranjeira com as reais necessidades da população.

 

Laranjeira saiu, mas manteve, dizem alguns, "vínculos estreitíssimos" com a Secretaria, porque conseguiu emplacar, após a tal intervenção, o nome do atual secretário, médico veterinário Tarso Ribeiro Vilarinhos, que fora seu adjunto e escudeiro.

 

Fontes da Secretaria asseguram até que Gilberto Laranjeira continuaria na folha de pagamento da prefeitura, dando todas as cartas na estrutura administrativa-financeira no órgão, sob completa conivência do alcaide em fim de mandato.

 

O que não falta em Parauapebas, mesmo dentro do grupo do prefeito, é quem estranhe o rápido crescimento do padrão de vida do ex-secretário, que, aliás, estaria pronto para mais uma viagem internacional.

 

Sindicato reage

 

A diretoria do Sindicato dos Médicos do Pará, delegados sindicais e médicos reuniram às pressas no final da manhã de terça-feira 8 com a presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores de Parauapebas, vereadora Eliene Soares de Souza, para debater a precariedade das condições da saúde no município, inclusive a possibilidade de paralisação das atividades médicas por falta de pagamento dos salários.

 

"O desrespeito aos médicos no município é crescente e se agravou com a contratação da empresa Gamp para gerenciar a saúde em Parauapebas", diz o sindicato.

 

Reunião emergencial

 

A vereadora Eliene Souza formalizou pedido de reunião na próxima quinta-feira, com participação do Sindicato, no Gabinete do prefeito, e representantes da Secretaria de Saúde, Ministério Público, Judiciário e Conselho de Saúde e da OAB. A ideia é discutir soluções imediatas "para evitar que o caos se instale no município, vitimando a população já tão carente".

 

Papo Reto

 

O deputado licenciado Igor Normando (foto), que mais articula sua indicação como candidato do governador à Prefeitura de Belém do que a Cidadania no Estado, na condição de titular da pasta, submeteu um mundo de gente a uma situação no mínimo degradante.

 

Centenas de pessoas aguardaram, das 08h00 às 13h00 de ontem, sob o sol, sem água e sem orientação para receber uma cesta básica das mãos do primo do governador. Parece política feita pela via da indignidade; e é.

 

Depois de fazer juras de amor eterno e "defesa intransigente" da piscicultura brasileira, o ministro da Pesca, André de Paula, está em maus lençóis junto ao setor: desembarcou ontem no Brasil o primeiro lote de filé de tilápia do Vietnã.

 

Em um País sério, o que não é o caso do Brasil, seria uma declaração de guerra ao setor pesqueiro nacional. Afinal, o ministro classificou a informação de fake news, mas o fato é que se trata de uma verdade absoluta e irreversível.

 

Não se sabe quanto a patolada vai custar ao ministro do governo Lula, mesmo que tenha aplicado sua mentira oficial diante da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal. Quanto ao setor, a tendência é ficar quedo e mudo.

 

O Capítulo Amazônia - nova etapa regional da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial - promove hoje seu segundo encontro, estreando a agenda de 2024.

 

O encontro, com transmissão online e gratuito, começa a partir das 15 horas e visa aprofundar as discussões em torno das impressões e insights provenientes da COP 28, realizada recentemente em Dubai.

 

Participam do debate Alan Cativo, sócio-diretor da Temple, Elis Ramos, gerente de Comunicação Corporativa da Vale, e Carlos Parente, diretor da Midfield Consulting.

 

O Enem de 2023 teve como principais participantes estudantes da rede pública de educação. Segundo dados do MEC, os estudantes de escolas públicas foram 65,9% dos inscritos e 70,9% dos que realizaram o exame.

 

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