Postagem despretensiosa em rede social permite prisão de homem que devia pensão alimentícia

Cena foi cinematográfica, mas foragido não escapou, mesmo que a ‘noiva’, promotora, tenha alegado ser sobrinha da presidente do TJE.

23/07/2024 08:00
Postagem despretensiosa em rede social permite prisão de homem que devia pensão alimentícia
P


areceu cena de cinema; e foi. Tanto pela perseguição entre Polícia e foragido, quanto pela forma como as autoridades chegaram até a pessoa procurada. No último dia 15, uma médica dermatologista posou ao lado de três casais de amigos em uma praia e compartilhou o registro nas redes sociais - como ela mesma definiu no título da publicação - em “uma segunda-feira despretensiosa”.


Abordagem ocorreu na Alcindo Cacela, em Belém, seguida de detenção, depois que policiais identificaram o acusado em uma praia do Pará/Fotos: Divulgação Redes Sociais.
 

Para ela, de fato, foi despretensiosa, mas não para Marcus Vinícius Farah da Costa Lima e sua noiva, a promotora de justiça L.R.A.S. O casal estava entre o grupo de amigos marcados na foto, o que ligou o alerta da Polícia Civil do Pará, que procurava, havia tempo, cumprir mandado de prisão contra Marcus Vinícius, foragido da Justiça pelo não pagamento de pensão alimentícia de valor superior a R$ 150 mil.

 

Passos monitorados

 

Tão logo foi identificado na foto, Marcus Vinícius começou a ter os passos monitorados pela Polícia Civil. Os agentes aguardaram apenas a chegada do acusado a Belém para fazer a abordagem, que aconteceu próximo a um supermercado, na avenida Alcindo Cacela. Quando recebeu voz de prisão, o então foragido tentou escapar correndo, mas foi perseguido, alcançado e algemado pelos policiais.

 

“Sabe quem eu sou?”

 

Para a surpresa geral, a equipe responsável pela prisão foi abordada pela ‘noiva’ de Marcus Vinícius, a promotora de justiça, que, de acordo com os relatos da própria equipe, tentou impedir a prisão com influência que o cargo teoricamente lhe atribui e por se declarar ‘sobrinha da desembargadora Nazaré Gouveia, presidente do Tribunal de Justiça do Pará.

 

Processos por agressão

 

Ao fim e ao cabo, não teve conversa, e o devedor só foi liberado depois que a dívida foi quitada. No site do Jusbrasil, o nome de Marcus Vinícius aparece envolvido em onze processos. Alguns movidos por ele e outros, em segredo de Justiça, relacionados à pensão alimentícia e, segundo fontes da coluna, por agressão a mulheres e vulneráveis.

 

Coronel pede ‘apuração
rigorosa’ sobre suposto
assédio e prática de
extorsão em Capanema


A Corregedoria da Polícia Militar do Pará deve estar com sobrecarga de trabalho. Pousou ontem sobre a mesa de trabalho do coronel Aviz Carneiro, que responde pela função, o Memorando 591/2024, assinado pelo coronel Adauto, do 11º Batalhão de Polícia Militar de Capanema, com denúncias de suposto "assédio moral e de tortura psicológica" contra os praças da corporação. A nota cita, nominalmente, o comandante do BPM, coronel Lima Neto, e o comandante do CPR VII, coronel Adauto.

 

Dinheiro, carne e peixe

 

De acordo com o documento, os dois exigem dinheiro e benesses, como carne e peixe, de todos os subordinados destacados para essas unidades, semanalmente, sob pena de serem transferidos para outras cidades e postos. “Policiais que trabalham em Cachoeira do Piriá têm que repassar R$ 400 todo fim de semana para o coronel e o tenente coronel para poder trabalhar lá”, diz o documento.


A nota afirma que parte da ameaça se sustenta sobre a tese de que o coronel Lima Neto será o próximo comandante-geral da PM, como ele mesmo afirma, o que lhe permitiria aplicar, aos insubordinados, castigos ainda mais severos que a mera transferência de unidade, como hoje faz, segundo a nota.


Por razões óbvias, o documento não é assinado por ninguém, o que dificulta a confirmação da autoria, mas, como diz um ditado bem conhecido, o povo aumenta, mas não inventa. O pedido de apuração do que os comandantes consideram fake news é assinado apenas pelo coronel Adauto (veja a íntegra).



Mais matérias OLAVO DUTRA