Uma coisa é certa: se a campanha eleitoral em Belém depender de ônibus, não vai a lugar nenhum

População está atarantada com a falta de propostas concretas e a futilidade dos debates iniciais entre os maiores contendores.

28/08/2024 08:00
Uma coisa é certa: se a campanha eleitoral em Belém depender de ônibus, não vai a lugar nenhum
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uas notícias chamaram atenção em Belém no final da semana passada e ambas têm a ver com mobilidade urbana, em especial a frota de ônibus, que todos sabem estar completamente sucateada e longe de se encontrar uma solução ao problema.


Enquanto os novos ônibus não circulam, a frota segue se desmilinguindo, seja nas ruas da cidade, ou mesmo nas garagens das empresas/Fotos: Divulgação.

Na noite de domingo, 25, a rede social exibiu vídeo com a garota propaganda de Edmilson Rodrigues, do Psol, Leona Vingativa, fazendo cobranças sobre os “ônibus do Ed” - aqueles modernos, com ar-condicionado e wi-fi, comprados pela prefeitura -, mas barrados de circular por decisão do TCM.

 

Leona é vingativa. O texto, escrito por algum membro da equipe de marketing e comunicação vindo diretamente de São Paulo e da Bahia para “fazer a campanha de Ed”, é pronunciado de forma mastigada, saboreando palavras, como, aliás, costuma fazer. O horário eleitoral gratuito só começa na sexta-feira, 30.

 

Segundo sugere o vídeo, Leona fala com todas as letras que o governador do Pará, Helder Barbalho, do MDB, estaria barrando os novos ônibus climatizados para prejudicar Edmilson Rodrigues em favorecimento do primo dele, Igor Normando, candidato à prefeitura de Belém pelo MDB,

 

“O TCM está impedindo os veículos de transporte coletivo de circularem na cidade”, diz o vídeo. “Tem mais e a gente te conta: os ônibus estão parados por conta dessa decisão infundada do TCM, que questiona a compra dos veículos para rodar e atender à população. E sabe quem tá lá?...”

 

Do pescoço para baixo

 

O vídeo foi publicado no perfil de Edmilson no Instagram e compartilhado várias vezes, até - ou principalmente - por jornalistas que trabalham na Comus-Agência Belém. Então, está combinado assim que “do pescoço pra baixo tudo é canela” e “quem for podre que se quebre?”   

 

Fogo na garagem

 

A noite de segunda-feira, 26, foi amarga. Quatro ônibus da empresa Arsenal pegaram fogo na madrugada, na rua Jabatiteua, bairro de Canudos, em Belém. O Corpo de Bombeiros foi acionado e controlou o incêndio com 12 militares trabalhando, e informou que os quatro veículos foram completamente consumidos pelo fogo. Uma borracharia próxima também foi atingida e não houve feridos.

 

E haja cobranças

 

Coluna Olavo Dutra já falou várias vezes sobre esse verdadeiro imbróglio que se tornou o assunto ônibus em Belém. Se anos atrás, uma votação na Câmara de Belém fez a cidade continuar sem ônibus com ar-condicionado, na capital em que a “bréa” é a ordem do dia e as pessoas sofrem com calor nos coletivos, a culpa acabaria respingando nestas eleições.

 

Então, fica combinado assim: o povo não merece isso. O sucateamento da frota de ônibus - agora com menos os quatro Arsenal - é sentido por quem se locomove por meio deles e os veículos estão caindo, literalmente, aos pedaços. Ninguém suporta tanto descaso, mas, convenhamos, fala sério.

 

O que se depreende é que a eleição à Prefeitura de Belém será decidida por quem enfeitar mais o pavão sobre a questão dos ônibus. Com ou sem TCM em cena.

 

O que que a Bahia tem

 

Se em 2018, a campanha do governador Helder Barbalho ao governo trouxe para Belém a figura dos “marqueteiros da Bahia”, aqueles que “chuparam” toda a ideia e execução da campanha de Flávio Dino, ao governo do Maranhão, em 2014, com a tal “Carta aos Paraenses”, copiando texto e quadro a quadro da campanha maranhense, Edmilson Rodrigues não quis ficar atrás.

 

Edmilson, que antes de qualquer coisa precisa se livrar do codinome ‘Ed Potoca’, não se fez de rogado e aceitou o socorro do Psol nacional, que mandou para Belém uma publicitária do quadro do partido para coordenar as mídias sociais da campanha. A moça chegou e encontrou “terra arrasada” e nem sabia por onde começar, porque nem equipe havia. Resultado: tornou-se coordenadora da campanha de reeleição. Arruma daqui, puxa de lá, foi formado o “núcleo duro” da campanha com gente vinda de São Paulo, mais gente ainda da Bahia e alguns poucos de Belém.

 

Papo Reto

 

· A julgar pelo que dizem pessoas que empunham bandeiras apenas na Praça Batista Campos, os gastos nesta campanha eleitoral estão nas alturas.

 

· Um candidato poderoso paga a cada contratado R$ 50 por turno. A ‘bandeirada’ é feita em dois turnos - 8 às 12h e 16h às 20 h

 

· Uma contagem rápida, ontem pela manhã, apontou de 50 a 100 pessoas de bandeira em punho durante a manhã. Faça as contas, por baixo...

 

· O ex-deputado estadual Bira Barbosa (foto) foi ‘achado’ pela lupa política da gestão estadual.

 

·  O Iasep acaba de publicar portaria revogando a cessão de Bira para a Assembleia Legislativa. Provavelmente para voltar ao trabalho no Instituto.

  

· Celestino Rocha desmontou, literalmente, um esquemão político armado e ganhou a eleição para presidente do Tênis Clube do Pará, encabeçando a chapa “Unidos pelo tênis amazônico”. Teve apoio de quatro dos cinco clubes filiados

 

·  Por que será que o declínio no rendimento do Paysandu, na série B, se acentuou depois da chegada dos tais "reforços de peso" para a equipe?

 

·  Até sexta-feira, mesários poderão pedir mudança de seção eleitoral por meio do e-título. Quem vai trabalhar na logística da eleição, por sua vez, deve apresentar seus pedidos presencialmente nos cartórios eleitorais.

 

· A Defesa Civil diz que 99,9% dos incêndios em São Paulo foram criminosos, ou seja, provocados por humanos.

 

· Na Amazônia 2,5 milhões de hectares viraram cinza só no mês de agosto, enquanto os níveis dos rios já mostram um quadro de seca extrema, que pode piorar no mês de setembro, com a fase mais crítica de estiagem.

 

·  Acredite, o Brasil contabiliza cerca de 27 mil crianças cegas, grande parte delas por doenças oculares que poderiam ter sido evitadas se tivessem sido tratadas precocemente. 

 

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