Eleições internas da Ufra descumprem regimento e Ministério Público Federal promete apurar o caso

Diversas denúncias apontam para uma eleição cheia de vícios, que impedem a ampla participação da comunidade acadêmica com claras manobras para burlar as regras.

12/03/2024 12:00
Eleições internas da Ufra descumprem regimento e Ministério Público Federal promete apurar o caso
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epois de muitas cobranças à reitora Herdjania Veras de Lima, que está há quase três anos à frente da Universidade Federal Rural da Amazônia, a Ufra, sem realizar eleições internas para os cargos de direção, a instituição finalmente marcou as eleições para a próxima segunda-feira, 18. O problema é a forma como o processo vem sendo conduzido pela Comissão Eleitoral criada a toque de caixa.


Manobras incluem convocação de debate em cima da hora e até um serviço de manutenção na unidade de Parauapebas, comprometendo o processo/Fotos: Divulgação.

Marcada às pressas, a eleição, que deveria ter ao menos um debate, marcado com cinco dias de antecedência, se o regimento fosse cumprido, foi convocado na última segunda, 11, para ocorrer uma hora depois, no mesmo momento em que ocorreria, por exemplo, no campus de Parauapebas, um serviço de manutenção no sistema de internet e esta sim, marcada desde a sexta-feira. O óbvio ocorreu: o link do debate foi publicado e, poucos minutos depois, cancelado, com a desculpa de ‘falta de internet’ que já estava rigorosamente dentro do script.

 

Após publicar as primeiras denúncias sobre a situação eleitoral na Ufra (https://www.portalolavodutra.com.br/materia/promessa_de_eleicoes_internas_livres_na_ufra_pode_nao_passar_de_manutencao_da_gestao_“chapa_branca”), a coluna consultou o Ministério Público Federal sobre o andamento do procedimento de Notícia de Fato nº 1.23.000.000293/2024-51, que, direta e praticamente, obrigou a instituição às eleições. Em resposta, o MPF informa que diante das novas e mais recentes informações apresentadas por este portal, “irá analisar quais novas medidas adotar para confirmar a existência ou não de descumprimento de obrigações legais e de compromissos assumidos pela Universidade”.

 

Sinais claros de boicote

 

Com a desculpa do debate urgente, as aulas foram suspensas na Ufra em alguns pavilhões e até uma súbita falta de energia ocorreu em alguns campi. A situação mais gritante ocorreu em Parauapebas, região sudeste do Pará, onde, além da falta de energia, o sinal da internet sumiu. Sem nenhum sistema ou site funcionando, só restou o cancelamento do improvisado debate, que, para ocorrer seguindo os preceitos regimentais, teria que ser marcado para o próximo domingo - dia não letivo -, ou após as eleições, que se tornaram um “vale tudo” na Universidade.

 

Haverá coincidências?

 

Pelas manobras adotadas, a consulta à comunidade acadêmica que a Reitoria tem evitado a todo custo deverá resultar, pelo andar da carruagem, não por coincidência, na eleição dos mesmos nomes das pessoas que já estão nomeadas na modalidade pro-tempore, algumas delas com mais de dois anos nos cargos.

 

Para dar uma cara de legalidade à situação, os atuais dirigentes, nomeados na força de uma única caneta foram “afastados” dos cargos para concorrer à reeleição, quando na realidade eles sequer foram eleitos.

 

Para a eleição, a legislação exige a consulta paritária à comunidade acadêmica de maneira a obedecer a proporcionalidade de 70% do voto dos discentes, e o restante dividido entre técnicos e professores, que pode ser de 15% para cada ou qualquer outra proporção aplicada a essas categorias.

Qualquer outra situação diferente dessa, dizem os docentes, vai contra o regimento interno da Ufra, que até onde se sabe ainda não foi alterado.

 

Sinais desde o início

 

Professores da Ufra têm denunciado com frequência que a atual reitora se utiliza de manobras antidemocráticas, muito mais semelhantes a um processo de intervenção desde o início de sua gestão, que já começou diferente. Na ocasião, em julho de 2021, quebrando a tradição do respeito à vontade da comunidade acadêmica, Herdjânia Lima foi nomeada pelo então presidente Jair Bolsonaro, mesmo tendo obtido a segunda colocação na consulta paritária feita na ocasião aos membros da comunidade acadêmica.

 

Nessa consulta, a comunidade universitária escolheu majoritariamente a professora Janae Gonçalves, que obteve 2.211 votos, mas Herdjania Lima acabou nomeada por Bolsonaro, o que, à época, foi considerado um “ataque à autonomia universitária por meio do desrespeito ao resultado das consultas para escolha de reitor (a)”, segundo manifestação publicada pela diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), que emitiu uma nota oficial em defesa da autonomia e da democracia na escolha de reitores.

 

Papo Reto

 

Antes da eleição em que pretende se reeleger, a prefeita de Marituba, Patrícia Alencar, deverá estar lidando com os mesmos buracos que encontrou na cidade quase quatro anos atrás. 

 

Por toda Marituba, o programa de asfaltamento de vias públicas patrocinado pelo governo do Estado e anunciado com pompa e circunstância pela prefeita está se desmilinguindo a olhos vistos.

 

Aliás, outra prefeita da Região Metropolitana de Belém, Luiziane Solon (foto), de Benevides, deve entregar, antes da eleição, reformada, segura e confortável, o novo mercado central da cidade. Sem grito. 

 

Se a torcida do Paysandu andava atrás de arranjar um ídolo para chamar de seu, o rapaz atende pelo nome de Esli Garcia. “Um mascotinho que derrame carisma e habilidade e é matador”, segundo a jornalista Syanne Neno. 

Do iluminado presidente do STF, Luiz Roberto Barroso, sobre o aborto, em discurso na PUC-Rio: “Essa campanha tem que ser difundida para que a gente possa votar isso no Supremo, porque a sociedade não entende do que se trata”.

 

Qualquer semelhança sobre uma clara tentativa de usurpar a competência do Congresso Nacional não será mera coincidência.

 

Não sem tempo, em clara resposta ao Supremo Tribunal Federal, a proposta de Emenda à Constituição das Drogas entrará na pauta da Comissão de Constituição e Justiça do Senado amanhã.

 

Desde a Antiguidade usado como um remédio natural para combater a tristeza e a depressão, o açafrão sempre apresentou sensível melhora na função cognitiva, ou seja, na capacidade de pensar e na melhora da memória das pessoas.


Recentemente, um estudo publicado no Journal of Clinical Pharmacy and Therapeutics concluiu que os efeitos do extrato de açafrão mostram-se eficazes na melhora do quadro geral de pessoas com Alzheimer em estágios leves a moderados.

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