os 13 prefeitos que tentaram a reeleição em capitais do País nas eleições de 2020, dez garantiram a vitória e conseguiram permanecer no cargo por mais um mandato. Três candidatos à reeleição não foram eleitos. Do total, seis prefeitos já haviam vencido as eleições no primeiro turno. Quatro, dos seis que tentavam a reeleição, ganharam a disputa.
No primeiro turno, mais de 1,6 mil
prefeitos repetiram a vitória nas urnas. O índice de reeleição em 2016 havia
sido de 46% e se elevou para 63% em todo o País.
Isso indica que, estatisticamente,
dizer que um ocupante da máquina está fora de uma disputa pela reeleição é um
diagnóstico arriscado, pois não corresponde ao histórico que o País exibe,
muito embora o senso-comum relute em aceitar.
Marketing eleitoral
A coluna aproveitou a oportunidade da
realização de um evento de marketing eleitoral, o Summit Eleições, que ocorreu
no auditório da Universidade da Amazônia, para ouvir alguns especialistas no
tema. Com o critério de manter sigilo da fonte, quatro profissionais do ramo
foram unânimes em afirmar que o azedo humor do eleitor ainda pode mudar, “na
medida em que a campanha propriamente dita se desenrole”.
A combinação de tempo de TV, alianças
políticas, apoios qualificados e uso da máquina pode alterar uma tendência que
parece pré-concebida um ano antes da eleição.
“Todo prefeito, governador ou
presidente que se apresente para a reeleição é, de saída, competitivo, porque
pode usar a máquina que está alheia e distante daqueles que não a tem. Isso é
uma vantagem competitiva”. O especialista cita dois casos clássicos e bem
conhecidos no Pará: Duciomar Costa e Zenaldo Coutinho. “Ambos tinham rejeição
superior a 70% um ano antes da eleição e se reelegeram. No caso de Zenaldo,
essa rejeição alta só começou a se reverter dois meses antes do pleito”.
Em que pese que a totalidade dos
consultores ouvidos concorde que reverter um cenário adverso como o vivido pelo
atual prefeito de Belém não é simples e “exige trabalho árduo e um recorte
estratégico bem definido”, ninguém é capaz de afirmar que a eleição do ano que
vem já esteja decidida agora. “O eleitor que já não acredita pode voltar a
acreditar. Depende de muitos fatores. Quem já venceu uma eleição sem a máquina
poder retomar a ofensiva com suporte de obras, favores e aliciamento de
lideranças”.
O que os olhos veem
Pesquisa Mentor, publicada no último
final de semana, aponta uma avaliação majoritariamente negativa da
administração de Belém: 46,9% dos entrevistados classificaram a gestão como
"péssima", enquanto 13,0% a consideraram "ruim". Ao incluir
avaliações "regular-", a desaprovação global chega a 75,9%.
Os resultados se sustentam “na
percepção da falta de obras da prefeitura”. Tendo o saneamento como o ponto
mais crítico da avaliação, 52,5% afirmaram não ter conhecimento de nenhuma obra
realizada pela prefeitura, enquanto 21,7% declararam que não foram feitas obras
de destaque. Somente 8,9% citaram "melhorias e recuperação de vias".
“Isso significa que mostrar de modo
competente e persuasivo o que foi efetivamente realizado pode preencher esse
vazio na percepção do eleitor. E como até a eleição mais obras serão realizadas
por conta da realização da COP30, em 2025, essa percepção pode mudar”, afirma
uma especialista que trabalhou na campanha de Eduardo Kalil, reeleito para a
prefeitura de Belo Horizonte. O prefeito da capital mineira venceu a disputa no
primeiro turno em 2020, sendo reeleito mesmo após uma alta taxa de desaprovação
antes das eleições. “Sua gestão ganhou popularidade ao abordar questões locais
e implementar medidas eficazes em sua administração, revertendo o cenário
adverso”, concluiu.
Cantadores de derrota
“Os que comemoram a derrota de
Edmilson Rodrigues de véspera estão mais torcendo para que isso ocorra do que
convictos de que será assim”, diz um profissional local que na eleição passada
esteve engajado na campanha de Cássio Andrade, do PSB. “Na periferia ainda há
bolsões de votos da esquerda e isso pode ser um trunfo do candidato do Psol”.
“Terra Firme e Guamá são os dois
bairros mais populosos da cidade e têm tradição de votar majoritariamente na
esquerda”, afiança o especialista.
Profissional experiente e que já
atuou em três campanhas majoritária no Pará, incluindo a reeleição de Duciomar
Costa, afirma que os fatores decisivos para que o prefeito reverta o cenário
desfavorável são, “primeiro: a manutenção da polarização direita-esquerda, que
desloca os candidatos de centro para fora o foco do eleitor e os invisibiliza;
segundo: a competência do prefeito e sua equipe em mostrar seus feitos, o que
não vem acontecendo até aqui de maneira competente; e terceiro: a fragmentação
do eleitorado, que pode ser garantida pelo surgimento de muitas
candidaturas, como se prevê até aqui, o que confunde o eleitor, fragmenta
os votos e conduz ao segundo turno candidatos que não precisam ter mais do que
20% de intenção de votos e isso hoje Edmilson seguramente tem”.
Lista para as urnas
Embaladas pela ideia de que Edmilson não
teria chances, muitas pré-candidaturas se apresentaram, oficialmente ou não.
José Priante, Éder Mauro, Everaldo Eguchi, Zeca Pirão, Igor Normando, Úrsula
Vidal, Thiago Araújo, Cássio Andrade, Alessandra Haber, Bob Fllay e John Wayne
são alguns dos nomes que circulam nas rodas de apostas eleitorais. “Tem até
coisas bizarras”, diz um analista político, “como o pré-candidato de um partido
nanico que copiou a fala de Harvey Dent, o personagem “Duas Caras” do filme
Batman, e lançou um vídeo na internet que começa dizendo ‘Belém está doente’”.
“De onde esse cara tira a ideia de
que macular ainda mais a imagem da cidade onde vive pode oferecer alguma
vantagem competitiva? Falar e focar nos problemas é amadorismo. O eleitor
sabe quais são os problemas da cidade. Ele vive esses problemas. O que ele quer
de um candidato é solução para eles”.
“Sozinho na multidão?”
O profissional alerta para a
"solidão” que Edmilson exibe. “Ele parece estar sozinho na defesa de sua
administração. Fragilizado por ataques de todos os lados, o prefeito deveria se
poupar mais, evitar a superexposição e escalar seus secretários para fazerem o
primeiro enfrentamento em defesa do governo. Isso demonstraria que ele tem
equipe e que a controla. Passaria uma ideia de liderança. Mas, quando ele parte
para o jogo solitário, se fragiliza, e passa ao eleitor a ideia de que foi
deixado sozinho, de que não tem time”.
Árvores que dão sombra
Outro profissional de marketing
político consultado pela coluna por telefone destaca que será decisivo ao Psol
manter o apoio do PT e buscar uma aliança formal com o governador do Estado.
“Lula e Helder são os dois eleitores que podem decidir essa eleição. Quem
conseguir o apoio de ambos os gigantes certamente terá uma vantagem competitiva
tremenda que produzirá efeitos sobre a percepção do eleitor”, analisa.
O que os dias que virão devem colocar
à prova é a capacidade do Psol, partido vocacionado para ser oposição, de sair
do dogmatismo ideológico e ceder espaço ao pragmatismo político. Será capaz?
A escolha de Edmilson
“Nenhum partido trocaria a máquina
pública por um simples discurso ou pela bandeira de um partido. Mas Edmilson
pode, mais uma vez, fazer a escolha errada. Aí será tarde demais”.
Papo Reto
A denúncia do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, jogando na conta de
"um político" as montanhas de lixo que dominam as ruas de Belém e
Icoaraci bateu e voltou do gabinete do prefeito de Ananindeua, Daniel
Santos (foto).
Ed-50 acusa o tal "político" pela engenhosa ideia de
contratar carroceiros para "depositar lixo de Ananindeua" em 15
pontos da capital. Resposta de Daniel nas redes sociais: “Potoca. Aqui, não. Em
Ananindeua, a limpeza da cidade é coisa séria”.
Com um marketing desses, parece que querem enterrar Edmilson vivo, diz
um observador.
Adepta da mordomia nos jatinhos da FAB, movidos a querosene de aviação
altamente poluente, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não dispensa o
carrão oficial GM Cruze, com motor a combustão superbeberrão - segundo o
jornalista Cláudio Humberto.
De fato, é o que se pode chamar de típica hipocrisia
"ambientalóide".
Poucos acreditam que não vai dar em pizza, mas o Tribunal de Contas da
União está fazendo sua parte ao investigar responsabilidades pela expiração de
54,2 milhões de doses de vacinas contra a Covid, armazenadas nos Estados,
municípios e Distrito Federal até setembro de 2022.
Fala-se em 9,5% do total de doses distribuído pelo governo federal,
causando prejuízo superior a R$ 2 bilhões.
Do volume de vacinas vencidas, o Rio de Janeiro teve o maior percentual
de perda, com 32,27%, seguido por Roraima, com 19,69%. Piauí e Goiás
registraram os menores índices, 3,03% e 3,47%, respectivamente.
Incoerência assombrosa do STF é permitir que bancos "arranquem na
marra" casas de pessoas humildes que atrasam mensalidades por três meses,
mas, no entanto, "leva na barriga", anos a fio, a decisão sobre mudar
o índice do cálculo dos juros sobre o saldo do FGTS, que é o maior financiador
de imóveis.