Eleições 2024: especialistas avaliam possibilidades de Ed50 e advertem que nem tudo é o que parece ser

Profissionais de marketing eleitoral reunidos no “Summit Eleições”, em Belém, estimam que o humor do eleitor pode mudar “na medida em que a campanha se desenrola”.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

29/10/2023 09:00
Eleições 2024: especialistas avaliam possibilidades de Ed50 e advertem que nem tudo é o que parece ser
D

 

os 13 prefeitos que tentaram a reeleição em capitais do País nas eleições de 2020, dez garantiram a vitória e conseguiram permanecer no cargo por mais um mandato. Três candidatos à reeleição não foram eleitos. Do total, seis prefeitos já haviam vencido as eleições no primeiro turno. Quatro, dos seis que tentavam a reeleição, ganharam a disputa.


Longe da percepção da ausência de obras e mazelas que afetam a vida da população, chances de reeleição de Edmilson Rodrigues estão diretamente atreladas ao presidente Lula e ao governador Helder Barbalho/Fotos: Divulgação.

No primeiro turno, mais de 1,6 mil prefeitos repetiram a vitória nas urnas. O índice de reeleição em 2016 havia sido de 46% e se elevou para 63% em todo o País.

 

Isso indica que, estatisticamente, dizer que um ocupante da máquina está fora de uma disputa pela reeleição é um diagnóstico arriscado, pois não corresponde ao histórico que o País exibe, muito embora o senso-comum relute em aceitar.

 

Marketing eleitoral

 

A coluna aproveitou a oportunidade da realização de um evento de marketing eleitoral, o Summit Eleições, que ocorreu no auditório da Universidade da Amazônia, para ouvir alguns especialistas no tema. Com o critério de manter sigilo da fonte, quatro profissionais do ramo foram unânimes em afirmar que o azedo humor do eleitor ainda pode mudar, “na medida em que a campanha propriamente dita se desenrole”.

 

A combinação de tempo de TV, alianças políticas, apoios qualificados e uso da máquina pode alterar uma tendência que parece pré-concebida um ano antes da eleição.

 

“Todo prefeito, governador ou presidente que se apresente para a reeleição é, de saída, competitivo, porque pode usar a máquina que está alheia e distante daqueles que não a tem. Isso é uma vantagem competitiva”. O especialista cita dois casos clássicos e bem conhecidos no Pará: Duciomar Costa e Zenaldo Coutinho. “Ambos tinham rejeição superior a 70% um ano antes da eleição e se reelegeram. No caso de Zenaldo, essa rejeição alta só começou a se reverter dois meses antes do pleito”.

 

Em que pese que a totalidade dos consultores ouvidos concorde que reverter um cenário adverso como o vivido pelo atual prefeito de Belém não é simples e “exige trabalho árduo e um recorte estratégico bem definido”, ninguém é capaz de afirmar que a eleição do ano que vem já esteja decidida agora. “O eleitor que já não acredita pode voltar a acreditar. Depende de muitos fatores. Quem já venceu uma eleição sem a máquina poder retomar a ofensiva com suporte de obras, favores e aliciamento de lideranças”.

 

O que os olhos veem

 

Pesquisa Mentor, publicada no último final de semana, aponta uma avaliação majoritariamente negativa da administração de Belém: 46,9% dos entrevistados classificaram a gestão como "péssima", enquanto 13,0% a consideraram "ruim". Ao incluir avaliações "regular-", a desaprovação global chega a 75,9%.

 

Os resultados se sustentam “na percepção da falta de obras da prefeitura”. Tendo o saneamento como o ponto mais crítico da avaliação, 52,5% afirmaram não ter conhecimento de nenhuma obra realizada pela prefeitura, enquanto 21,7% declararam que não foram feitas obras de destaque. Somente 8,9% citaram "melhorias e recuperação de vias".

 

“Isso significa que mostrar de modo competente e persuasivo o que foi efetivamente realizado pode preencher esse vazio na percepção do eleitor. E como até a eleição mais obras serão realizadas por conta da realização da COP30, em 2025, essa percepção pode mudar”, afirma uma especialista que trabalhou na campanha de Eduardo Kalil, reeleito para a prefeitura de Belo Horizonte. O prefeito da capital mineira venceu a disputa no primeiro turno em 2020, sendo reeleito mesmo após uma alta taxa de desaprovação antes das eleições. “Sua gestão ganhou popularidade ao abordar questões locais e implementar medidas eficazes em sua administração, revertendo o cenário adverso”, concluiu.

 

Cantadores de derrota

 

“Os que comemoram a derrota de Edmilson Rodrigues de véspera estão mais torcendo para que isso ocorra do que convictos de que será assim”, diz um profissional local que na eleição passada esteve engajado na campanha de Cássio Andrade, do PSB. “Na periferia ainda há bolsões de votos da esquerda e isso pode ser um trunfo do candidato do Psol”.

 

“Terra Firme e Guamá são os dois bairros mais populosos da cidade e têm tradição de votar majoritariamente na esquerda”, afiança o especialista. 

 

Profissional experiente e que já atuou em três campanhas majoritária no Pará, incluindo a reeleição de Duciomar Costa, afirma que os fatores decisivos para que o prefeito reverta o cenário desfavorável são, “primeiro: a manutenção da polarização direita-esquerda, que desloca os candidatos de centro para fora o foco do eleitor e os invisibiliza; segundo: a competência do prefeito e sua equipe em mostrar seus feitos, o que não vem acontecendo até aqui de maneira competente; e terceiro: a fragmentação do eleitorado, que pode ser garantida pelo surgimento de muitas candidaturas,  como se prevê até aqui, o que confunde o eleitor, fragmenta os votos e conduz ao segundo turno candidatos que não precisam ter mais do que 20% de intenção de votos e isso hoje Edmilson seguramente tem”.

 

Lista para as urnas

 

Embaladas pela ideia de que Edmilson não teria chances, muitas pré-candidaturas se apresentaram, oficialmente ou não. José Priante, Éder Mauro, Everaldo Eguchi, Zeca Pirão, Igor Normando, Úrsula Vidal, Thiago Araújo, Cássio Andrade, Alessandra Haber, Bob Fllay e John Wayne são alguns dos nomes que circulam nas rodas de apostas eleitorais. “Tem até coisas bizarras”, diz um analista político, “como o pré-candidato de um partido nanico que copiou a fala de Harvey Dent, o personagem “Duas Caras” do filme Batman, e lançou um vídeo na internet que começa dizendo ‘Belém está doente’”.

 

“De onde esse cara tira a ideia de que macular ainda mais a imagem da cidade onde vive pode oferecer alguma vantagem competitiva? Falar e focar nos problemas  é amadorismo. O eleitor sabe quais são os problemas da cidade. Ele vive esses problemas. O que ele quer de um candidato é solução para eles”.

 

“Sozinho na multidão?”

 

O profissional alerta para a "solidão” que Edmilson exibe. “Ele parece estar sozinho na defesa de sua administração. Fragilizado por ataques de todos os lados, o prefeito deveria se poupar mais, evitar a superexposição e escalar seus secretários para fazerem o primeiro enfrentamento em defesa do governo. Isso demonstraria que ele tem equipe e que a controla. Passaria uma ideia de liderança. Mas, quando ele parte para o jogo solitário, se fragiliza, e passa ao eleitor a ideia de que foi deixado sozinho, de que não tem time”.

 

Árvores que dão sombra

 

Outro profissional de marketing político consultado pela coluna por telefone destaca que será decisivo ao Psol manter o apoio do PT e buscar uma aliança formal com o governador do Estado. “Lula e Helder são os dois eleitores que podem decidir essa eleição. Quem conseguir o apoio de ambos os gigantes certamente terá uma vantagem competitiva tremenda que produzirá efeitos sobre a percepção do eleitor”, analisa.

 

O que os dias que virão devem colocar à prova é a capacidade do Psol, partido vocacionado para ser oposição, de sair do dogmatismo ideológico e ceder espaço ao pragmatismo político. Será capaz?

 

A escolha de Edmilson

 

“Nenhum partido trocaria a máquina pública por um simples discurso ou pela bandeira de um partido. Mas Edmilson pode, mais uma vez, fazer a escolha errada. Aí será tarde demais”.

 

Papo Reto

 

A denúncia do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, jogando na conta de "um político" as montanhas de lixo que dominam as ruas de Belém e Icoaraci bateu e voltou do gabinete do prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (foto). 

 

Ed-50 acusa o tal "político" pela engenhosa ideia de contratar  carroceiros para "depositar lixo de Ananindeua" em 15 pontos da capital. Resposta de Daniel nas redes sociais: “Potoca. Aqui, não. Em Ananindeua, a limpeza da cidade é coisa séria”.

 

Com um marketing desses, parece que querem enterrar Edmilson vivo, diz um observador.

 

Adepta da mordomia nos jatinhos da FAB, movidos a querosene de aviação altamente poluente, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não dispensa o carrão oficial GM Cruze, com motor a combustão  superbeberrão - segundo o  jornalista Cláudio Humberto.

 

 De fato, é o que se pode chamar de típica hipocrisia "ambientalóide".

 

Poucos acreditam que não vai dar em pizza, mas o Tribunal de Contas da União está fazendo sua parte ao investigar responsabilidades pela expiração de 54,2 milhões de doses de vacinas contra a Covid, armazenadas nos Estados, municípios e Distrito Federal até setembro de 2022. 

 

Fala-se em 9,5% do total de doses distribuído pelo governo federal, causando prejuízo superior a R$ 2 bilhões.

 

Do volume de vacinas vencidas, o Rio de Janeiro teve o maior percentual de perda, com 32,27%, seguido por Roraima, com 19,69%. Piauí e Goiás registraram os menores índices, 3,03% e 3,47%, respectivamente.

 

Incoerência assombrosa do STF é permitir que bancos "arranquem na marra" casas de pessoas humildes que atrasam mensalidades por três meses, mas, no entanto, "leva na barriga", anos a fio, a decisão sobre mudar o índice do cálculo dos juros sobre o saldo do FGTS, que é o maior financiador de imóveis. 

Mais matérias OLAVO DUTRA