Bizarrice é destaque em peças publicitárias em Belém e Bragança; veja e avalie duas "pérolas".

Edmilson Rodrigues usa a imagem de Lula para indicar "dupla inseparável", como "peixe frito e açaí’", e Mário Júnior tem resposta pronta para críticas feitas ‘pelas costas’ por adversários.

23/07/2024 12:00

Duas peças de campanha sobre as eleições têm provocado risos e comentários pelo que os observadores chamam de “mau gosto”/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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eza a lenda que, por trás da cortina, jornalismo e publicidade nem sempre caminham juntos e, às vezes, são até arquiinimigos. Nesse caso - sem querer criar inimizades -, a turma do marketing de alguns políticos consegue a proeza de provocar boas reflexões, ou boas risadas. É o caso da propaganda eleitoral do prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, do Psol, e do vice de Bragança, Mário Júnior, do MDB, candidato à sucessão do prefeito da cidade.

 

O peixe frito e o açaí

 

O time de marketing de Edmilson criou uma peça chamada “Para a mudança continuar” -não se sabe qual mudança, mas isso não vem ao caso agora -, que traz a imagem de peixe frito com açaí e sugere que eles são uma “dupla inseparável”, tal e qual Edmilson e o presidente Lula. A peça não diz quem é quem, mas a dura realidade da política obriga o distinto público a considerar o prefeito ‘na frigideira’, não na cuia de açaí, por assim dizer.

 

Podem agir pelas costas

 

Em Bragança, para responder aos que lhe atingem e criticam pelas costas, o médico Mário Júnior, que agora busca a cadeira de titular, com apoio do prefeito Raimundo Oliveira, se apresenta em vídeo para mostrar que “vê à sua frente”. Segundo ele, enquanto seus adversários falam “pelas costas”, à sua frente há diversas obras na saúde pública da cidade, área que, por ser médico, ele tem colocado como bandeira central da sua campanha.

 

Mário Júnior foi eleito vice-prefeito pelo DEM, na chapa de reeleição do prefeito Raimundo Oliveira, então no PSDB. Em abril, nove vereadores do grupo político também se filiaram ao partido, que agora forma 59% da Câmara de Bragança, a maior bancada do Pará, mas a sucessão em Bragança é um caso a estudar, seja qual for o resultado da eleição.

 

Ingredientes da fritura

 

Enquanto na culinária os principais ingredientes da fritura do  prato da propaganda de Edmilson Rodrigues são o peixe e o óleo, na política, a receita da “fritura” tem ingredientes como o esvaziamento de poder, ‘caneladas’ em pronunciamentos públicos, nas redes sociais e nas declarações em coletivas de imprensa ou em transmissões ao vivo e até, infelizmente, em atos que sobram para a população, como os boicotes a licenciamentos de obras, repasses de recursos e  no trâmite de processos na máquina sob o comando.

 

O desgaste do prefeito de Belém junto ao eleitorado passou por tudo isso, e hoje se reflete nos altos índices de rejeição coletados nas pesquisas de opinião divulgadas até aqui.  A COP30 pode ser considerada um divisor de águas, ou um tanto assim do aceite da fritura do prefeito Edmilson Rodrigues. A parte da gestão ao longo de quase quatro anos não tem semelhança com açaí nem aqui, nem na Cochinchina e, portanto, deve caber a Lula.

 

Cavalo de Troika

 

Na primeira pesquisa - do Instituto? -  Troika publicada nos últimos dias em parceria com a Doxa, à pergunta “se a eleição fosse hoje, em quem você votaria para prefeito de Belém?”, o pré-candidato do MDB, Igor Normando, e o deputado federal Eder Mauro, do PL, aparecem tecnicamente empatados, com 20,8% contra 19,5%, respectivamente. O prefeito Edmilson conta 13,1% das intenções de voto. Não souberam responder, brancos e nulos vão de 63% na espontânea para 12,1% na estimulada. A pesquisa foi realizada entre os dias 15 e 18 de julho com 1000 entrevistados em todos os distritos de Belém e tem confiança-margem de erro de 3,1% para mais ou para menos - Pesquisa registrada no TRE/01617/2024.

 

Menos, mas nem tanto

 

Fonte ouvida pela coluna avalia que o levantamento mantém a tendência de estudos anteriores: crescimento lento do Igor Normando, ancoragem de Edmilson Rodrigues e movimentação nervosa entre os menores de menor peso, que têm intenção inferior a 10 pontos, “uma dança que sempre ocorre, podendo haver reposicionamento entre eles a partir de debates ou de confrontos públicos, por exemplo”, esclarece.

 

Milagres acontecem

 

A rejeição do prefeito de Belém se acomodou, mas ainda em patamares impossíveis de serem vencidos sem um milagre divino ‘dos grandes’ - tipo abrir o Mar Vermelho com um cajado. Resumo da ópera: Edmilson e seus blue caps perderam o timing. Sua comunicação jogou contra ele e contra seu governo o tempo todo. Ele aparece em vídeo e a rejeição aumenta, sustentando uma antipatia atávica.

 

“Faltam 70 dias para o eleitor depositar o voto na urna. Difícil acontecer algo que já não esteja desenhado nos números expostos pelas pesquisas”, define a fonte.



 

Papo Reto

 

· Em Belém, a caserna estremeceu, ontem, com a decisão do coronel Adauto (foto), do Batalhão da PM em Capanema, de exigir “apuração rigorosa” sobre denúncias formuladas por supostos praças da corporação.

 

· O militar, cotado nos últimos anos para o comando da PM, tomou a decisão para provar que as informações são falsas e fazem parte de uma intriga de quartel sem precedentes.

 

· A Agência Belém, da Prefeitura de Belém, anda tão em baixa, mas tão em baixa que, para fazer reportagens sobre o veraneio em Mosqueiro, nem fotógrafo tem. O repórter enviado faz texto e foto, e isso ocorre já há duas semanas. 

 

· A candidatura de Cilene Sabino, irmã do ministro do Turismo, Celso Sabino, em Colares, não vai às mil maravilhas como se imaginou. Há resistência da atual prefeita, que mandou o acordo para o espaço.  

 

· Em Magalhães Barata, onde o União Brasil também lançou candidato - supostamente funcionário da Sudam -, a situação é menos grave, apesar de o candidato ser considerado um “forasteiro” na cidade.  

 

·  Não será novidade se os dirigentes do Partido Solidariedade derem meia volta para retomar o controle da legenda em Ananindeua - talvez pela via judicial. Tudo pode acontecer, inclusive nada.

 

· A vaga de vice na chapa do atual prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, virou objeto guardado a sete chaves. O temor é de que interferências externas acabem “melando” o nome escolhido. Todo cuidado é pouco.

 

·  O deputado estadual Iran Lima, do MDB, conhecido em Soure, no Marajó, como “tio Iran”, pelo parentesco com o atual prefeito e sobrinho, Guto Gouvêa, está apoiando o filho Paulo Vitor Lima, à sucessão.

 

· O candidato conta com a força do prefeito, que cumpre seu segundo mandato, com mais de 80% de aprovação e, dizem, já estaria tecnicamente empatado com o candidato do PT, professor Nick, que tem apoio do senador Beto Faro. 

 

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