que
se diz é que a escolha do candidato da OAB do Pará para a vaga de novo
desembargador do Tribunal de Justiça do Estado pelo Quinto Constitucional
entrou no ‘modo ebulição’. Com a sabatina envolvendo os doze candidatos
remanescentes da lista marcada para esta quinta-feira, 3 - em ordem alfabética
e transmissão pelo canal da OAB no YouTube -, a boataria dá conta de que a
ordem é ‘eliminar’ os candidatos que de alguma forma são considerados de oposição,
por terem feito parte da chapa que concorreu à presidência da instituição na
última eleição.
A
suposta ‘imposição’ - sabe-se lá de quem - teria ‘revoltado’ alguns
conselheiros, para quem a lista sêxtupla já está desenhada: o candidato número
1 na pole position, mais quatro candidatos e uma candidata.
Detalhe: os candidatos de Santarém - José Ronaldo Campos e Kátia Tolentino -
teriam a preferência, sob a justificativa de que o município detém um grande
colégio eleitoral e porque ano que vem haverá nova eleição para a presidência
da OAB. Ronaldo Campos e Katia Tolentino apoiaram Eduardo Imbiriba na última
eleição - e isso importa.
Nem eleição, em paridade
Então,
fica combinado assim: além de não ouvir a classe na escolha do novo
desembargador do Pará, segundo as regras estabelecidas no edital - para haver
eleição aberta seriam necessários mais de doze candidatos - a OAB terá, ao
final e ao cabo, apenas uma mulher na lista, possivelmente a advogada Kátia
Tolentino, ainda que metade do Conselho que irá ouvir os candidatos em arguição
seja composto por pessoas do sexo feminino, que podem ser substituídas por
homens na arguição, o que não se espera que aconteça.
Quedados pela pressão
Para
não dizer que as mulheres não tentaram, a paridade virou pó na OAB do Pará
porque a advogada Gisele Cruz se ‘sentiu obrigada a desistir’ em função de
pressões externas, desde que foi notificada para juntar algumas certidões ao
processo de inscrição, o que também aconteceu com homens, como os candidatos
Hugo Mercês e Denis Farias, caracterizando o que conselheiros ‘revoltados’ da
instituição denunciam como ‘o pior certame de todos do Quinto
relacionados à Ordem, dada a escancarada ingerência política”.
De
qualquer modo, pelo andar da carruagem, conforme a coluna antecipou, a tal
paridade de gênero virou letra morta, mas essa não é a única esquisitice na
ordem do dia. O candidato Alex Centeno, que dá sinais de ter nascido com o ‘a’
da lua, será o primeiro a ser ouvido, por óbvio, e responderá a cinco
perguntas, quando no restante do Brasil a sabatina é composta de apenas três
perguntas.
Passagens bíblicas
Quanto
à candidata de Santarém, pelo que se diz, empurrada pela crueldade do alfabeto
para o final da arguição, deverá ser beneficiada pela sentença bíblica segundo
a qual os últimos serão os primeiros - no caso, a única mulher integrante da
lista sêxtupla com aparente chance de chegar ao desembargo -, embora o livro
mais vendido no planeta também advirta sobre a entrada no céu: “É mais fácil um
camelo entrar pelo buraco de uma agulha...”