Lista sêxtupla da OAB pelo Quinto Constitucional é desenhada com cinco homens e apenas uma mulher

Com arguição marcada para começar na próxima quinta-feira, 3, o crivo dos candidatos prevê barrar opositores ao presidente na última eleição.

Por Olavo Dutra

31/07/2023 08:00
Lista sêxtupla da OAB pelo Quinto Constitucional é desenhada com cinco homens e apenas uma mulher
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que se diz é que a escolha do candidato da OAB do Pará para a vaga de novo desembargador do Tribunal de Justiça do Estado pelo Quinto Constitucional entrou no ‘modo ebulição’. Com a sabatina envolvendo os doze candidatos remanescentes da lista marcada para esta quinta-feira, 3 - em ordem alfabética e transmissão pelo canal da OAB no YouTube -, a boataria dá conta de que a ordem é ‘eliminar’ os candidatos que de alguma forma são considerados de oposição, por terem feito parte da chapa que concorreu à presidência da instituição na última eleição.

 

Os advogados Kátia Tolentino e José Ronaldo Campos, de Santarém, aparecem como ‘preferidos’ para integrar a lista de onde sairá o novo desembargador do Pará/Fotos: Divulgação.

A suposta ‘imposição’ - sabe-se lá de quem - teria ‘revoltado’ alguns conselheiros, para quem a lista sêxtupla já está desenhada: o candidato número 1 na pole position, mais quatro candidatos e uma candidata. Detalhe: os candidatos de Santarém - José Ronaldo Campos e Kátia Tolentino - teriam a preferência, sob a justificativa de que o município detém um grande colégio eleitoral e porque ano que vem haverá nova eleição para a presidência da OAB. Ronaldo Campos e Katia Tolentino apoiaram Eduardo Imbiriba na última eleição - e isso importa.

 

Nem eleição, em paridade

 

Então, fica combinado assim: além de não ouvir a classe na escolha do novo desembargador do Pará, segundo as regras estabelecidas no edital - para haver eleição aberta seriam necessários mais de doze candidatos - a OAB terá, ao final e ao cabo, apenas uma mulher na lista, possivelmente a advogada Kátia Tolentino, ainda que metade do Conselho que irá ouvir os candidatos em arguição seja composto por pessoas do sexo feminino, que podem ser substituídas por homens na arguição, o que não se espera que aconteça.

 

Quedados pela pressão

 

Para não dizer que as mulheres não tentaram, a paridade virou pó na OAB do Pará porque a advogada Gisele Cruz se ‘sentiu obrigada a desistir’ em função de pressões externas, desde que foi notificada para juntar algumas certidões ao processo de inscrição, o que também aconteceu com homens, como os candidatos Hugo Mercês e Denis Farias, caracterizando o que conselheiros ‘revoltados’ da instituição  denunciam como ‘o pior certame de todos do Quinto relacionados à Ordem, dada a escancarada ingerência política”.

 

De qualquer modo, pelo andar da carruagem, conforme a coluna antecipou, a tal paridade de gênero virou letra morta, mas essa não é a única esquisitice na ordem do dia. O candidato Alex Centeno, que dá sinais de ter nascido com o ‘a’ da lua, será o primeiro a ser ouvido, por óbvio, e responderá a cinco perguntas, quando no restante do Brasil a sabatina é composta de apenas três perguntas.

 

Passagens bíblicas

 

Quanto à candidata de Santarém, pelo que se diz, empurrada pela crueldade do alfabeto para o final da arguição, deverá ser beneficiada pela sentença bíblica segundo a qual os últimos serão os primeiros - no caso, a única mulher integrante da lista sêxtupla com aparente chance de chegar ao desembargo -, embora o livro mais vendido no planeta também advirta sobre a entrada no céu: “É mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha...”    

 

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