Crise no Solidariedade no Pará ameaça afetar pretensões políticas para eleições deste ano

Rumores sobre destituição do diretório estadual sugerem manobra para tirar partido das mãos do prefeito de Ananindeua.

26/06/2024 13:20
Crise no Solidariedade no Pará ameaça afetar pretensões políticas para eleições deste ano
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ma crise - ainda não se sabe se interna ou externa - invadiu o diretório estadual do Partido Solidariedade, presidido, no Pará, ao menos até ontem, por Ed Wilson Dias e Silva, que já foi secretário de governo e chefe de gabinete da Prefeitura de Ananindeua, e continua assessor e pessoa muito próxima do prefeito Daniel Santos, do PSB.


Justiça impôs restrições a Ed Wilson que estão sendo rigorosamente respeitadas, mas atrapalham ações em Ananindeua/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

A crise, por ora, reside, de um lado, no campo de uma intensa boataria dando conta de que Ed Wilson foi destituído da presidência estadual do Solidariedade; e de outro, no silêncio oficial da direção do partido.

 

Procurado pela Coluna Olavo Dutra, o primeiro vice-presidente do Solidariedade no Pará, Alessandro Amaro, que já foi vereador e presidente da Câmara de Irituia, em vez de prestar esclarecimentos, na condição de membro da diretoria do partido, limitou-se questionar - pense em coisa mais chata - “como a coluna obteve o número” do seu telefone...

 

Perguntado se haveria uma nota oficial do partido, o sonolento Alessandro Amaro limitou-se a responder com um lacônico “sim”, mas não enviou qualquer informação até o fechamento desta edição. Ainda deve estar procurando saber “como a coluna obteve o número” do seu telefone...

 

Caminho das pedras

 

Nos mesmos grupos políticos de mensagens onde a coluna teve acesso ao contato do primeiro vice-presidente, circulavam os recortes das notas de blogs na web dando conta do afastamento de Ed Wilson do partido, possivelmente por conta do procedimento de investigação aberto a pedido do Ministério Público do Pará pelo procurador Armando Brasil, por supostos desvios no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado, o Iasep.

 

Segredo de Justiça

 

A investigação segue em sigilo de Justiça, mas, até onde se sabe, entre as medidas cautelares já tomadas, há uma que impede Ed Wilson de manter contato ou permanecer próximo do prefeito de Ananindeua, com o fim de evitar possíveis trocas de informações que possam atrapalhar o andamento das investigações. O problema é que os advogados ainda não conseguiram que suas peças de defesa fossem analisadas pelo desembargo, uma vez que o procurador Armando Brasil, designado pelo Procurador-Geral do Pará, Cezar Mattar, para atuar como representante no processo de busca e apreensão realizado em Ananindeua, aparentemente ainda não se manifestou sobre a manutenção ou não das medidas cautelares.

 

Ordem dada, executada

 

Ao que tudo indica, a medida continua valendo e sendo cumprida pelos envolvidos.  Na noite da última terça-feira, 25, por exemplo, Ed Wilson esteve, junto com Alessandro Amaro, no evento de lançamento de Afonso Monteiro, pré-candidato a vereador em Belém pelo PSD, um dos partidos que já manifestaram apoio ao pré-candidato Thiago Araújo a prefeito de Belém. E, claro, estando Ed Wilson, o prefeito Daniel Santos não compareceu.

 

Somente o restante de seu time - a primeira dama e deputada federal Alessandra Haber, o deputado Erick Monteiro e a mulher dele, Giselle Monteiro, que é filiada ao Solidariedade - e até o momento divide com Ed Wilson a expectativa de ser indicada como vice do prefeito Daniel Santos - deram as caras.

 

Esse time de frente de Daniel aparece na foto ao lado dos pré-candidatos Thiago Araújo e Afonso Monteiro, a vereador, mas Ed Wilson, sempre discreto, puxou Alessandro Amaro para um canto escuro e não aparecem nas imagens que circularam nos grupos após o evento.

 

Atrapalhando o partido

 

Na prática, sem a revisão dessas medidas cautelares impostas pela investigação, a situação do partido fica complicada, já que a presença de Ed Wilson fica impossibilitada em muitos eventos onde o prefeito Daniel Santos precisa estar, e isso atrapalha os movimentos da campanha eleitoral. E seria a “justificativa oficial” para a destituição do diretório estadual.

 

Esse foi, inclusive, o “motivo de força maior” que impediu Ed Wilson de participar, no último dia 25 de maio, do evento “Qualifica”, do partido Solidariedade, realizado em um dos auditórios do Radisson Hotel, em Belém, com participação do prefeito Daniel Santos.

 

Para o evento, que reuniu vereadores, prefeitos e vice-prefeitos de vários municípios paraenses com a finalidade de preparar os filiados para as eleições 2024, Ed Wilson Dias passou a semana que antecedeu convidando a todos, inclusive com mensagens em vídeo, mas, no dia do evento, justificou sua ausência com os tais “motivos de força maior”.

 

Golpe de mestre

 

Por outro lado, fonte da Coluna Olavo Dutra garantiu, também na noite desta terça-feira, 25, que, por trás da justificativa oficial houve uma manobra do MDB para “tomar o Solidariedade de Daniel Santos”, deixando, com isso, um partido a menos na órbita do prefeito de Ananindeua para as eleições deste ano. É que o partido está fortalecido em Santarém, uma região estratégica para as eleições de governador. Lá, o advogado Osmando Figueiredo, pré-candidato a vereador, é o braço forte no grupo político do prefeito Daniel Santos. Ele já foi vereador da cidade nos anos 1990, e recentemente reabriu e preside o Solidariedade em Santarém, trabalhando, naturalmente, em prol da futura candidatura de Daniel ao governo do Pará.

 

Segundo a fonte, foi Figueiredo o articulador das atuais pré-candidaturas a prefeito e vice do Delegado Jardel, ex-Podemos, e do economista Valdir Matias Jr, ex-PV.

 

Papo Reto

 

· Mara Santiago (foto), presidente do Bancrévea, lança hoje à noite, na sede do clube, sua candidatura à Câmara de Vereadores de Ananindeua.

 

· A moça é apoiada pelo pré-candidato a prefeito do MDB, o deputado federal Antônio Doido. Tudo certo, pero no mucho...

 

·  A escolha do local de lançamento agradou os associados do Bancrévea, Mara, antes considerada “a dama de ferro”, virou massa.

 

· A Prefeitura de Belém informa: por questões operacionais, a apresentação da nova frota de ônibus de Belém, que ocorreria hoje, foi adiada. Calma, acontece.

 

· O Brasil fechará o semestre com recorde de queimadas e o Pantanal mostrando o pior desempenho para o período desde o início das medições, em 1988, segundo relatório do WWF-Brasil.

 

· Aliás, depois de seriamente devastado pelo fogo, o Pantanal recebeu do governo mais uma promessa: R$ 100 milhões, 50 brigadistas do Ibama e 60 agentes da Força Nacional, para "dar um gás" no combate ao fogaréu em que se transformou aquele bioma.

 

· O delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza foi eleito ontem, em Lyon, França, para comandar a Interpol; será o primeiro brasileiro a comandar a instituição.

 

· A descriminalização do porte de maconha para uso pessoal já está garantida no STF, embora o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, continue a discordar da "invasão de competência" da Corte.

 

·   Ainda sobre maconha: o presidente da Câmara, Arthur Lira, já anunciou a criação de uma comissão para elaborar proposta contrária à decisão do Supremo. A exemplo do Pantanal, o parquinho promete arder.

 

· Sem "estudos comprovando a eficácia e a segurança do fenol em procedimentos", a Anvisa proibiu o uso da substância em território nacional.

 

· Vão até esta sexta as inscrições para primeira etapa do Revalida 2024/2. 

 

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