Eleição para Ampep expõe racha político no grupo do atual Procurador-Geral, César Mattar

Pelo prólogo, sabe-se que a inabilidade política do PJG fortaleceu a oposição na Associação e abriu espaços na disputa pela sucessão.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

28/06/2024 08:30
Eleição para Ampep expõe racha político no grupo do atual Procurador-Geral, César Mattar
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eleição dos novos dirigentes da Associação do Ministério Público do Estado do Pará, a Ampep, hoje, sexta-feira, promete alvoroçar o ambiente interno do parquet. O cenário que se desenha aponta que, independentemente do resultado, a eleição da diretoria - triênio 2024/2027 - representará um racha no grupo do Procurador-Geral de Justiça, César Mattar - e esse racha, por sua vez, decorre do fato de que o PGJ tem demonstrado falta de habilidade política, o que lhe fez perder uma grande fatia dos apoios obtidos na eleição passada.


Eleição na Associação do MP ocorre como prévia da sucessão do PGJ César Mattar, em dezembro/Fotos: Divulgação.

Começo do fim

 

Tal inabilidade, por exemplo, deu fôlego para a oposição dentro do MP, sendo que a eleição de logo mais sinaliza um prenúncio do cenário para a sucessão de Mattar na PGJ, prevista para dezembro deste ano. Mas, voltando à eleição de hoje, concorrem pela situação, para presidente e vice da Ampep, Ana Maria Magalhães e Godofredo Pires, apoiados pelo atual presidente, Alexandre Tourinho, escolhido por Mattar para ser seu sucessor na PGJ.

 

Chapas em disputa

 

Pela oposição, concorre a chapa “União”, tendo para presidente e vice, respectivamente, Samir Dahas e Fábia Fournier, com apoio de Manoel Murrieta, que antes apoiava César Mattar e agora lidera o bloco de oposição que arregimentou diversas dissidências do grupo de apoio ao PGJ. Murrietta será candidato ao cargo de Mattar nas eleições de dezembro.

 

Alinhamento político

 

Fontes da Coluna Olavo Dutra no MP que avaliam o cenário de um lado e de outro atribuem a perda de força do Procurador-Geral César e Mattar principalmente ao seu perfil claramente “alinhado” ao governador Helder Barbalho, o que permite identificar “certo grau de subserviência em algumas decisões favoráveis aos interesses do governo”.

 

O alcance do racha interno no time de Mattar causou, inclusive, divergências na escolha do nome para concorrer à presidência da chapa da Ampep. Também não houve consenso no grupo de Mattar sobre o nome de Alexandre Tourinho para a sucessão, mas, mesmo assim, é o nome cujo martelo do PGJ já está batido.

 

A terceira via

 

Com relação à sucessão de Mattar, aliás, correndo solto, por fora, ainda tem uma terceira via - o grupo do ex-Procurador-Geral Gilberto Martins que, hoje, vai assistir à disputa pelo controle da Associação de camarote. A decisão do grupo foi de não indicar candidatos para a Ampep e se organizar melhor para a eleição de PGJ, em dezembro, já tendo um nome para ser o candidato de Martins. O escolhido é o promotor José Maria Lima Júnior, nome que vem ganhando força internamente para se habilitar às eleições.

 

Acordos futuros

 

O fato é que, independentemente do resultado de hoje, César Mattar terá bons opositores em dezembro para a escolha de seu sucessor. Estima-se uma batalha árdua para cumprir acordos de bastidores e na qual o suposto alinhamento com o governo exige ao PGJ fazer sucessor para continuar a missão, ao passo em que deve garantir uma das vagas de desembargador que, pelo projeto do Tribunal de Justiça do Estado, deverão ser abertas no máximo no final deste ano.

 

Pelo projeto do TJ, serão seis novas vagas para o desembargo, sendo uma delas para o Ministério Público e outra para a Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB.

 

Nessa empreitada, César Mattar deverá se candidatar com o apoio do governador Helder Barbalho, com direito a plano B. É que caso as vagas não sejam abertas neste ano, nem no ano que vem, o governo, dando como certa a vitória de Hanna Ghassan como governadora em 2026, terá a opção de nomear Mattar a uma secretaria de peso.

 

O cenário desenhado no Tribunal de Justiça do Pará, contudo, não exigirá tanto. O plano é de Mattar e a eleição da Ampep, logo mais, é apenas o prólogo.

 

Papo Reto

 

· A temperatura da campanha política em Belém começa a esquentar. Vereadores da base de apoio ao pré-candidato Igor Normando (foto) designaram o vereador Fabrício Gama como “porta-voz” do grupo.

 

·  Incontinente, o “serviço” encaminhou um áudio de queixas ao governador Helder Barbalho, que, por sua vez, passou a bola do candidato. Deu certo.

 

·   Igor recebeu os queixosos abrindo a reunião com a célebre pérola política: “Quem quiser ficar comigo pode ficar; quem não quiser...”

 

·  Na política populista da UFPA, o tiro saiu pela culatra. O sindicato dos docentes e o diretório estudantil são contrários ao retorno imediato às aulas, defendido pelo reitor Emmanuel Tourinho.

 

·  O reitor planeja desfilar na reunião da SBPC, agora em julho, com público e aplausos, por isso determinou o retorno às aulas, mas a proposta bateu e voltou.

 

· Se pensou ter o controle total da Adufpa e do DCE pela política de benesses que concedeu a eles, algo deu errado. 

 

· Bem, a coluna cantou a pedra: aulas, só em agosto, se Deus mandar bom tempo e, se duvidar, lá pelo dia 15. Pode escrever.

 

·  Professores universitários retomam atividades no País. Pianinhos, tiveram que se contentar com a "vitória" na base de reposição salarial de 9% a partir de janeiro de 2026, e de 3,5% a partir de abril do mesmo ano.

 

·  Como vai ficar o calendário acadêmico ninguém ousa dizer nada. Aulas em julho? Bem, o que se diz é que isso está absolutamente fora de cogitação.

 

· Cerca de 40 gramas de maconha, agora, é o que diferencia um usuário de um traficante. Mas, calma aí, a descriminalização não legaliza o uso da droga, segundo a Suprema Corte.

 

 

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