eleição dos novos dirigentes da Associação do Ministério Público do Estado do Pará, a Ampep, hoje, sexta-feira, promete alvoroçar o ambiente interno do parquet. O cenário que se desenha aponta que, independentemente do resultado, a eleição da diretoria - triênio 2024/2027 - representará um racha no grupo do Procurador-Geral de Justiça, César Mattar - e esse racha, por sua vez, decorre do fato de que o PGJ tem demonstrado falta de habilidade política, o que lhe fez perder uma grande fatia dos apoios obtidos na eleição passada.
Começo do fim
Tal inabilidade, por exemplo, deu
fôlego para a oposição dentro do MP, sendo que a eleição de logo mais sinaliza
um prenúncio do cenário para a sucessão de Mattar na PGJ, prevista para
dezembro deste ano. Mas, voltando à eleição de hoje, concorrem pela situação,
para presidente e vice da Ampep, Ana Maria Magalhães e Godofredo Pires,
apoiados pelo atual presidente, Alexandre Tourinho, escolhido por Mattar para
ser seu sucessor na PGJ.
Chapas em disputa
Pela oposição, concorre a chapa
“União”, tendo para presidente e vice, respectivamente, Samir Dahas e Fábia
Fournier, com apoio de Manoel Murrieta, que antes apoiava César Mattar e agora
lidera o bloco de oposição que arregimentou diversas dissidências do grupo de
apoio ao PGJ. Murrietta será candidato ao cargo de Mattar nas eleições de
dezembro.
Alinhamento político
Fontes da Coluna Olavo Dutra no
MP que avaliam o cenário de um lado e de outro atribuem a perda de força do
Procurador-Geral César e Mattar principalmente ao seu perfil claramente
“alinhado” ao governador Helder Barbalho, o que permite identificar “certo grau
de subserviência em algumas decisões favoráveis aos interesses do governo”.
O alcance do racha interno no time de
Mattar causou, inclusive, divergências na escolha do nome para concorrer à
presidência da chapa da Ampep. Também não houve consenso no grupo de Mattar
sobre o nome de Alexandre Tourinho para a sucessão, mas, mesmo assim, é o nome
cujo martelo do PGJ já está batido.
A terceira via
Com relação à sucessão de Mattar,
aliás, correndo solto, por fora, ainda tem uma terceira via - o grupo do
ex-Procurador-Geral Gilberto Martins que, hoje, vai assistir à disputa pelo
controle da Associação de camarote. A decisão do grupo foi de não indicar
candidatos para a Ampep e se organizar melhor para a eleição de PGJ, em
dezembro, já tendo um nome para ser o candidato de Martins. O escolhido é o
promotor José Maria Lima Júnior, nome que vem ganhando força internamente para
se habilitar às eleições.
Acordos futuros
O fato é que, independentemente do
resultado de hoje, César Mattar terá bons opositores em dezembro para a escolha
de seu sucessor. Estima-se uma batalha árdua para cumprir acordos de bastidores
e na qual o suposto alinhamento com o governo exige ao PGJ fazer sucessor para
continuar a missão, ao passo em que deve garantir uma das vagas de
desembargador que, pelo projeto do Tribunal de Justiça do Estado, deverão ser
abertas no máximo no final deste ano.
Pelo projeto do TJ, serão seis novas
vagas para o desembargo, sendo uma delas para o Ministério Público e outra para
a Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB.
Nessa empreitada, César Mattar deverá
se candidatar com o apoio do governador Helder Barbalho, com direito a plano B.
É que caso as vagas não sejam abertas neste ano, nem no ano que vem, o governo,
dando como certa a vitória de Hanna Ghassan como governadora em 2026, terá a
opção de nomear Mattar a uma secretaria de peso.
O cenário desenhado no Tribunal de
Justiça do Pará, contudo, não exigirá tanto. O plano é de Mattar e a eleição da
Ampep, logo mais, é apenas o prólogo.
Papo Reto
· A temperatura da campanha
política em Belém começa a esquentar. Vereadores da base de apoio ao
pré-candidato Igor Normando (foto) designaram o vereador
Fabrício Gama como “porta-voz” do grupo.
· Incontinente,
o “serviço” encaminhou um áudio de queixas ao governador Helder Barbalho, que,
por sua vez, passou a bola do candidato. Deu certo.
· Igor
recebeu os queixosos abrindo a reunião com a célebre pérola política: “Quem
quiser ficar comigo pode ficar; quem não quiser...”
· Na
política populista da UFPA, o tiro saiu pela culatra. O sindicato dos docentes
e o diretório estudantil são contrários ao retorno imediato às aulas, defendido
pelo reitor Emmanuel Tourinho.
· O reitor
planeja desfilar na reunião da SBPC, agora em julho, com público e aplausos,
por isso determinou o retorno às aulas, mas a proposta bateu e voltou.
· Se pensou ter o controle total
da Adufpa e do DCE pela política de benesses que concedeu a eles, algo deu
errado.
· Bem, a coluna cantou a pedra:
aulas, só em agosto, se Deus mandar bom tempo e, se duvidar, lá pelo dia 15.
Pode escrever.
· Professores
universitários retomam atividades no País. Pianinhos, tiveram que se contentar
com a "vitória" na base de reposição salarial de 9% a partir de
janeiro de 2026, e de 3,5% a partir de abril do mesmo ano.
· Como vai
ficar o calendário acadêmico ninguém ousa dizer nada. Aulas em julho? Bem, o
que se diz é que isso está absolutamente fora de cogitação.
· Cerca de 40 gramas de
maconha, agora, é o que diferencia um usuário de um traficante. Mas, calma aí,
a descriminalização não legaliza o uso da droga, segundo a Suprema Corte.