Cheiro verde, pipoca, raspa-raspa e maconha agitam mercado para ricos e pobres no verão

Preços cobrados no Celeiro e em Salinópolis, 40g de maconha e taxas da Prefeitura de Belém contra ambulantes em Mosqueiro dão cores fortes às férias de julho.

29/06/2024 12:00
Cheiro verde, pipoca, raspa-raspa e maconha agitam mercado para ricos e pobres no verão
D

 

ez anos atrás, quando figuras altivas da política paraense retomaram o discurso tipo ‘para inglês’ ver da duplicação da BR-316, trecho Castanhal-Santa Maria, a hoje maior loja de conveniência de beira de estrada da região nordeste do Estado, a Casa de Lanches Celeiro, despontou na lista Top 10 da Carestia, onde se mantém até hoje, de janeiro a janeiro.


Veraneio começa agitado pelos preços e por ‘um novo’, controvertido e assustador produto/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.

Desde o tempo em que a travessia para a Ilha de Mosqueiro era feita através de balsas, os visitantes esquadrinhavam o quadrilátero que abriga a Praça da Vila para aproveitar as noites de veraneio. Raramente os vendedores de pipoca e os carrinhos de raspa-raspa voltavam para casa insatisfeitos com a renda, mas a economia de hoje lhes impõe novas regras e a concorrência aumentou, esmagando impiedosamente os locais.

 

Não se sabe se pipoqueiros e carrinhos de raspa-raspa vão continuar no mercado em Mosqueiro licenciados pela Prefeitura de Belém. O licenciamento municipal que permite oficialmente as atividades estará aberto de 18 a 21 de julho, garantindo a comercialização durante os 30 dias de veraneio, mas os preços estão salgados.

 

Na suposição de que vendem seus respectivos produtos a R$ 5, cada um, o pipoqueiro e o raspa-raspa terão que comercializar 16 unidades somente para pagar a taxa de R$ 80,70 cobrada pela comuna.  Essas duas categorias de trabalhadores são as menos penalizadas porque, vendedor de comidas típicas pagará taxa de R$ 180, de doces e salgados R$ 180, trailer, food truck e banana boat mais de R$ 500 no período (veja tabela).

 


 

Os olhos da cara

 

Ontem, nem bem começou o veraneio, que leva milhares de pessoas à região e especialmente à Salinópolis, na costa atlântica, o impagável Celeiro vendia um maço de cheiro verde, hortaliça produzida em fazendas próprias no modo hidroponia, pela bagatela de R$ 18 - “um maçozinho” - denuncia o cliente.

 

Para explicar ao distinto freguês: maçozinho não representa exatamente o “casadinho”, que inclui, em certos casos, cebolinha, salsinha e até chicória, dependendo do local. Nas feiras livres, o chamado "mação" de cheiro verde, do qual o feirante produz dez ou mais porções, custa hoje, em Belém e Castanhal, de R$ 18 a R$ 20, o faz com que cada porção - similar à vendida no Celeiro - seja vendida ao preço de R$ 2 a R$ 3.

 

Então, o maçozinho de cheiro verde no impoluto Celeiro custa quase dez vezes mais que o preço de mercado. Tudo bem que é um estabelecimento voltado ao público abastado que, por isso mesmo, ou por espanto, reclama - depois de comprar, porque, ao chegar ao destino final, Salinópolis, no caso, o tombo é maior. No mercado, muito concorrido nesta época do ano, o quilo do filé de pescada amarela está sendo comercializado a R$ 80 - no Ver-o-Peso, em Belém, também caro, custa R$ 40.

 

O preço de ralar, ralar

 

O restaurante, a casa de lanches, ou a loja de conveniência Celeiro; e Salinópolis, “Sal”, ou a Atlântica, como queiram, portanto, têm algo em comum: são atraentes e cobiçados, mas, careiros, e têm histórias, seja no inverno ou no verão. Em Mosqueiro, de onde os ricos de antigamente bateram em retirada para nunca mais voltar, restou o que está e o que do distrito municipal é feito, quando é feito e se foi feito.

 

‘Fede o que virá’

 

Agora, moradores ou visitantes contumazes da chamada Bucólica despertam, não exatamente em meio à alta de preços, mas para o temor de um novo produto colocado pela Suprema Corte do País no mercado, a maconha, que não tem taxa de licenciamento e representa um conflito legal e moral.

 

A legislação brasileira desfia uns 35 verbos proibitivos relacionados ao produto, que ganha as ruas legalmente após julgamento da descriminalização do porte de até 40g para consumo, ainda que sujeito a infrações leves. As redes sociais embarcaram na decisão e rolam falação sobre o tema, com imagens e informações que carecem de dados oficiais.


Uma delas dá conta do lucro presumível do novo e promissor negócio, sob título, que está sendo publicada abaixo como mera ilustração editorial: 





Há dez anos, Espaço Aberto
se reportou a paciente,
vítima ou cliente do Celeiro

 

Sob o título “Não dá para criarem um Celeiro $urreal?”, o jornalista Paulo Bemerguy foi acionado por uma paciente, perdão, por uma vítima, aliás, por clientes da casa de lanches em Castanhal e publicou, com a ironia do seu português claro:

 

Por Paulo Bemerguy

 

Ei, meus caros, vocês conhecem o Rio $urreal?

Não?
Vejam a imagem aí embaixo.

Já tem mais de 200 mil seguidores no Facebook.

O Rio $urreal foi uma forma inventiva, prática e cidadã que os cariocas encontraram para denunciar os estabelecimentos cariocas que, sob o cheiro, os eflúvios (ohhh!) da Copa, resolveram esfolar o consumidor no bolso. Pois é.


Sabem de uma coisa?


O Celeiro já está a merecer uma espécie de Celeiro $urreal.

Sem brincadeira.


Celeiro, vocês sabem, é aquele ponto de delícias mil que fica na BR-316, entre Castanhal e Santa Maria do Pará.


No sábado de carnaval, leitor aqui do blog passou por lá e passou a mão num queijo do Marajó, aquele chamado queijo de búfala.

 

Sabem quanto? R$ 30. Exatamente isto: R$ 30.

 

Trinta contos de réis. O cara quase tem uma indisposição intestinal que liquefaz o bolo fecal e precipita a sua expulsão pelos canais naturais do organismo.

 

Hehehe.

Tradução desse português castiço: pirrique; piriri.


Sim, o cara quase teve um pirrique diante do caixa.


E aí?


E aí que resolveu seguir em frente.


E 20 quilômetros adiante - apenas 20 quilômetros -, ele parou na barraca da Dinha.


E deparou-se com o mesmo, o mesmíssimo queijo de búfala que encontrara no Celeiro.


Encontrou o queijo de búfala que aparecem na imagem acima, remetida para o blog.


Sabem quanto?


Apenas R$ 16, meus caros.


Só e somente só R$ 16.


Sem dúvida: precisamos criar um Celeiro $Surreal.


Urgentemente.


Vocês não acham?


E olhem que não teremos Copa.

Espaço Aberto: https://blogdoespacoaberto.blogspot.com/2014/03/nao-da-para-criarem-um-celeiro-urreal.html?m=1

Papo Reto

Pelo menos três pré-candidatos à Câmara de Ananindeua ligados ao prefeito Daniel Santos prometem recorrer à Justiça Eleitoral contra a distribuição de cestas básicas, nesta semana, no bairro Curuçambá. É muita doidice do candidato Antônio (foto).

• O mês de julho, que promete temperaturas acima da média e escassez de chuvas no centro-norte, na fronteira entre Pará, Mato Grosso e Tocantins, e no centro-oeste, onde fica o Pantanal, promete bandeira amarela nas contas de luz, que vai ficar 2,6% mais cara.

Uma ‘ambulancha’ da Prefeitura de São Caetano de Odivelas, desgovernada, foi a pique, na noite de anteontem, quando transportava um paciente grave da Ilha São João do Ramos para o hospital municipal.

• O paciente acabou morrendo afogado dentro da embarcação, causando consternação generalizada.

Diante da possibilidade real de o chamado “imposto do pecado” - aquele seletivo previsto na reforma tributária - vingar para carros elétricos, não convidem para a mesma mesa dirigentes das montadoras nacionais e membros da cúpula do governo federal.

• A relação azedou de vez os recentes e recíprocos afagos que andaram rolando depois dos recentes anúncios de vultosos investimentos no setor.

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, uma das principais vozes contrárias à tributação de elétricos pelo “imposto do pecado”, incluir os automóveis na lista do seletivo "vai levar prejuízos à saúde e ao meio ambiente" - cenário inverso ao que prevê o tributo.

• O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ordenou a reintegração de desembargadores que atuaram na Lava Jato.

O Real teve o pior 1º semestre desde 2020 com dólar beirando os R$ 5,60, fruto - dizem especialistas -, dos sucessivos ataques do presidente Lula ao presidente do Banco Central, que, independente, trava a emissão indiscriminada de dinheiro, como deseja o petista.


Mais matérias OLAVO DUTRA