ez anos atrás, quando figuras altivas da política paraense retomaram o discurso tipo ‘para inglês’ ver da duplicação da BR-316, trecho Castanhal-Santa Maria, a hoje maior loja de conveniência de beira de estrada da região nordeste do Estado, a Casa de Lanches Celeiro, despontou na lista Top 10 da Carestia, onde se mantém até hoje, de janeiro a janeiro.
Desde o tempo em que a travessia para a Ilha de
Mosqueiro era feita através de balsas, os visitantes esquadrinhavam o
quadrilátero que abriga a Praça da Vila para aproveitar as noites de veraneio.
Raramente os vendedores de pipoca e os carrinhos de raspa-raspa voltavam para
casa insatisfeitos com a renda, mas a economia de hoje lhes impõe novas regras
e a concorrência aumentou, esmagando impiedosamente os locais.
Não se sabe se pipoqueiros e carrinhos de
raspa-raspa vão continuar no mercado em Mosqueiro licenciados pela Prefeitura
de Belém. O licenciamento municipal que permite oficialmente as atividades
estará aberto de 18 a 21 de julho, garantindo a comercialização durante os 30
dias de veraneio, mas os preços estão salgados.
Na suposição de que vendem seus respectivos
produtos a R$ 5, cada um, o pipoqueiro e o raspa-raspa terão que comercializar
16 unidades somente para pagar a taxa de R$ 80,70 cobrada pela comuna.
Essas duas categorias de trabalhadores são as menos penalizadas porque,
vendedor de comidas típicas pagará taxa de R$ 180, de doces e salgados R$
180, trailer, food truck e banana boat mais
de R$ 500 no período (veja tabela).
Os olhos da cara
Ontem, nem bem começou o veraneio, que leva
milhares de pessoas à região e especialmente à Salinópolis, na costa atlântica,
o impagável Celeiro vendia um maço de cheiro verde, hortaliça produzida em
fazendas próprias no modo hidroponia, pela bagatela de R$ 18 - “um maçozinho” -
denuncia o cliente.
Para explicar ao distinto freguês: maçozinho não representa exatamente o “casadinho”, que inclui, em certos casos, cebolinha, salsinha e até chicória, dependendo do local. Nas feiras livres, o chamado "mação" de cheiro verde, do qual o feirante produz dez ou mais porções, custa hoje, em Belém e Castanhal, de R$ 18 a R$ 20, o faz com que cada porção - similar à vendida no Celeiro - seja vendida ao preço de R$ 2 a R$ 3.
Então, o maçozinho de cheiro verde no impoluto
Celeiro custa quase dez vezes mais que o preço de mercado. Tudo bem que é um
estabelecimento voltado ao público abastado que, por isso mesmo, ou por
espanto, reclama - depois de comprar, porque, ao chegar ao destino final,
Salinópolis, no caso, o tombo é maior. No mercado, muito concorrido nesta época
do ano, o quilo do filé de pescada amarela está sendo comercializado a R$ 80 -
no Ver-o-Peso, em Belém, também caro, custa R$ 40.
O preço de ralar, ralar
O restaurante, a casa de lanches, ou a loja de
conveniência Celeiro; e Salinópolis, “Sal”, ou a Atlântica, como queiram,
portanto, têm algo em comum: são atraentes e cobiçados, mas, careiros, e têm
histórias, seja no inverno ou no verão. Em Mosqueiro, de onde os ricos de
antigamente bateram em retirada para nunca mais voltar, restou o que está e o
que do distrito municipal é feito, quando é feito e se foi feito.
‘Fede o que virá’
Agora, moradores ou visitantes contumazes da
chamada Bucólica despertam, não exatamente em meio à alta de preços, mas para o
temor de um novo produto colocado pela Suprema Corte do País no mercado, a
maconha, que não tem taxa de licenciamento e representa um conflito legal e
moral.
A legislação brasileira desfia uns 35 verbos
proibitivos relacionados ao produto, que ganha as ruas legalmente após
julgamento da descriminalização do porte de até 40g para consumo, ainda que
sujeito a infrações leves. As redes sociais embarcaram na decisão e rolam
falação sobre o tema, com imagens e informações que carecem de dados oficiais.
Uma delas dá conta do lucro presumível do novo e promissor negócio, sob título, que está sendo publicada abaixo como mera ilustração editorial:
Há dez anos, Espaço Aberto
se reportou a paciente,
vítima ou cliente do Celeiro
Sob o título “Não dá para criarem um Celeiro
$urreal?”, o jornalista Paulo Bemerguy foi acionado por uma paciente, perdão,
por uma vítima, aliás, por clientes da casa de lanches em Castanhal e publicou,
com a ironia do seu português claro:
Por Paulo Bemerguy
Ei, meus caros, vocês conhecem o Rio $urreal?
Não?
Vejam a imagem aí embaixo.
Já tem mais de 200 mil seguidores no Facebook.
O Rio $urreal foi uma forma inventiva, prática e
cidadã que os cariocas encontraram para denunciar os estabelecimentos cariocas que, sob o
cheiro, os eflúvios (ohhh!) da Copa, resolveram esfolar o consumidor
no bolso. Pois é.
Sabem de uma coisa?
O Celeiro já está a merecer uma espécie de Celeiro $urreal.
Sem brincadeira.
Celeiro, vocês sabem, é aquele ponto de delícias mil que fica na
BR-316, entre Castanhal e Santa Maria do Pará.
No sábado de carnaval, leitor aqui do blog passou por lá e passou a mão num
queijo do Marajó, aquele chamado queijo de búfala.
Sabem quanto? R$ 30. Exatamente isto: R$ 30.
Trinta contos de réis. O cara quase tem
uma indisposição intestinal que liquefaz o bolo fecal e precipita a sua
expulsão pelos canais naturais do organismo.
Hehehe.
Tradução desse português castiço: pirrique;
piriri.
Sim, o cara quase teve um pirrique diante do caixa.
E aí?
E aí que resolveu seguir em frente.
E 20 quilômetros adiante - apenas 20 quilômetros -, ele parou na barraca da
Dinha.
E deparou-se com o mesmo, o mesmíssimo queijo de búfala que encontrara no
Celeiro.
Encontrou o queijo de búfala que aparecem na imagem acima, remetida para o
blog.
Sabem quanto?
Apenas R$ 16, meus caros.
Só e somente só R$ 16.
Sem dúvida: precisamos criar um Celeiro $Surreal.
Urgentemente.
Vocês não acham?
E olhem que não teremos Copa.
Espaço Aberto: https://blogdoespacoaberto.blogspot.com/2014/03/nao-da-para-criarem-um-celeiro-urreal.html?m=1
Papo Reto
• Pelo menos três pré-candidatos à Câmara de Ananindeua
ligados ao prefeito Daniel Santos prometem recorrer à Justiça Eleitoral contra
a distribuição de cestas básicas, nesta semana, no bairro Curuçambá. É muita
doidice do candidato Antônio (foto).
• O mês de julho, que promete temperaturas acima da média e
escassez de chuvas no centro-norte, na fronteira entre Pará, Mato Grosso e
Tocantins, e no centro-oeste, onde fica o Pantanal, promete bandeira amarela
nas contas de luz, que vai ficar 2,6% mais cara.
• Uma ‘ambulancha’ da Prefeitura de São Caetano de Odivelas,
desgovernada, foi a pique, na noite de anteontem, quando transportava um
paciente grave da Ilha São João do Ramos para o hospital municipal.
• O paciente acabou morrendo afogado dentro da embarcação,
causando consternação generalizada.
• Diante da possibilidade real de o chamado “imposto do
pecado” - aquele seletivo previsto na reforma tributária - vingar para carros
elétricos, não convidem para a mesma mesa dirigentes das montadoras nacionais e
membros da cúpula do governo federal.
• A relação azedou de vez os recentes e recíprocos afagos
que andaram rolando depois dos recentes anúncios de vultosos investimentos no
setor.
• Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores, uma das principais vozes contrárias à tributação de elétricos pelo
“imposto do pecado”, incluir os automóveis na lista do seletivo "vai levar
prejuízos à saúde e ao meio ambiente" - cenário inverso ao que prevê o
tributo.
• O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) ordenou a
reintegração de desembargadores que atuaram na Lava Jato.
• O Real teve o pior 1º semestre desde 2020 com dólar
beirando os R$ 5,60, fruto - dizem especialistas -, dos sucessivos ataques do
presidente Lula ao presidente do Banco Central, que, independente, trava a
emissão indiscriminada de dinheiro, como deseja o petista.