Terraplena é apontada como a empresa que irá coletar lixo de Belém pelas próximas três décadas

Com direito à renovação por igual período, o contrato prevê, segundo o edital, que o contribuinte deve bancar os custos do negócio envolvendo figurões e duas grandes empresas através das tarifas de energia elétrica e de água.

22/07/2023 08:23
Terraplena é apontada como a empresa que irá coletar lixo de Belém pelas próximas três décadas
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m uma cidade de muro baixo como Belém, o nome da empresa Terraplena ecoa como o escolhido pela gestão municipal para assumir o ciclo de coleta do lixo na capital pelos próximos 30 anos. No dia 31 deste mês, enquanto todos estão retornando das férias, ocorre a entrega das propostas para concessão de 30 anos dos serviços de coleta de resíduos sólidos - 30 anos!

A escolha foi construída com o apoio do grupo Simpar, empresa listada na Bolsa de São Paulo, dona das empresas CS Brasil, JSL e Movida.


Empresa entraria com capital político e apoio de um poderoso grupo capaz de garantir aos sócios longo e lucrativo negócio a ser pago pelo lixo do distinto contribuinte/Fotos: Divulgação.
 

Simples e lucrativo

 

O modelo de negócio é simples: a Terraplena, cujo proprietário é Carlos Nascimento, ex-Eletronorte com sócios ocultos - como envolvidos no negócio há figurões de todas as estirpes -, entraria com o capital político e as relações com a atual gestão municipal, enquanto JSL seria o braço financeiro forte, entrando com a longa lista de equipamentos exigidos para satisfazer seus acionistas com um duradouro contrato de três décadas, inclusive sujeito à renovação por igual período.

 

Depois das eleições

 

Não fosse suficientemente anormal duas empresas decidirem como a complexa situação do lixo de Belém de desenrolará nas próximas três décadas, o lado mais pernicioso da história é que o contribuinte é que arcará com o contrato bilionário, através do aumento nas suas contas de água e energia, fato negado pela Secretaria de Saneamento, mas que está expressamente previsto no edital de licitação, o que deve onerar o cidadão da capital por um serviço público que já é financiado pelo IPTU. A Secretária, como de hábito, jura que a cobrança só virá à tona depois das eleições.

Enquanto isso, em apenas uma semana, a mesma Secretaria de Saneamento notificou uma das duas únicas empresas que coletam resíduos sólidos na capital com 75 autuações.

A cidade tem mais lixo largado por metro quadrado do que se pode imaginar, mas a penalidade só recai para quem não frequenta o Palácio Antônio Lemos, sede do poder municipal.

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