Governo do Estado articula “desidratar” Arcon com criação de Agência exclusiva para transporte

Decisão deve “melar” sequência de irregularidades denunciadas na Agência dominada por políticos em detrimento dos usuários.

25/07/2023 08:30

A Agência criada para regular o transporte intermunicipal estaria na linha de corte; no vídeo, motorista aponta veículo clandestino operando em Mosqueiro no último domingo/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


E


m meio a denúncias quase diárias de corrupção, uso e abuso desenfreado da máquina por parte de um diretor, assédio moral a servidores de carreira, desserviços a operadores e usuários - sem contar a extrema falta de critérios técnicos nas análises das demandas do setor -, a Arcon está ameaçada de ser ‘desidratada’ nas suas principais atribuições, por decisão do governador Helder Barbalho. Afinal, paciência tem limites.

O que se diz nos bastidores do governo é que Helder Barbalho articula a transferência de todas as obrigações constitucionais relativas ao transporte intermunicipal - terrestre e fluvial - para outra autarquia, a ser criada, com a sigla Artran. A se confirmar a decisão, o governo deve “melar”, de uma tacada só, a sequência de malfeitos denunciados no transporte rodoviário e fluvial e uma série de ações inescrupulosas que permitem a poucos avançar sobre o dinheiro de muitos.

E mais: espera-se do governo cumprir a legislação e submeter à sabatina da douta Assembleia Legislativa os nomes dos dirigentes de uma eventual nova Agência, o que não aconteceu com os atuais ocupantes da Arcon, que pintam e bordam sem o aparente conhecimento do Legislativo.

 

Hora de dar um basta

 

“Está passando da hora de o governo do Estado dar um basta no modo criminoso com o qual meia dúzia de políticos e seus apaniguados se locupletam da Agência em detrimento da saúde de todo  sistema de transporte público intermunicipal". 

O comentário, recheado de indignação, é de um operador alternativo preocupado com a completa dilapidação do histórico evolutivo da Agência ante a “tolerância extrema do governo, que sacrifica a sociedade para evitar desgastes políticos com aliados” - complementa.

 

A nova Agência

 

Segundo fontes da coluna, a possibilidade de criação de uma segunda Agência de Regulação, voltada exclusivamente ao transporte intermunicipal, seria real e já estaria sendo estruturada nos gabinetes da Procuradoria-Geral do Estado. Ou seja, tudo faz crer que, na Arcon, ficará apenas a regulamentação do saneamento, do gás natural e da energia elétrica, coisa para a qual a Agência nunca ligou.

 

Casa de Mãe Joana

 

Segundo a coluna apurou, no sul, sudeste e nordeste do Estado é dado como certo que o sistema de transporte público intermunicipal está absolutamente fora de controle no Pará, graças ao desmantelamento da fiscalização. 

 

Concorrência desleal


Para se ter ideia do efeito direto desse descalabro administrativo imposto pela atual gestão na fiscalização da Arcon, estima-se que só 30% dos veículos em uso hoje tenham autorização da Agência para transportar passageiros. Dados não oficiais apontam que existem cerca de 3,5 mil táxis-lotação e pelo menos outras 1,8 mil vans clandestinas operando e competindo livre e impunemente com os transportadores convencionais - ônibus - e alternativos - microônibus e vans - regulados no sistema, que lutam bravamente para manter suas taxas em dia, mas se sentem órfãos do sistema.


Conteúdo relacionado


Agentesfecham posto de fiscalização no Terminal de Belém em protesto contradiretoria da Arcon

Abusose denúncias de corrupção na Arcon tiram sossego do governador; extinção ouesvaziamento?

Arconmantém relações promíscuas com empresários e alimenta o descrédito que atingetransporte no Pará


Mais matérias OLAVO DUTRA