rognósticos políticos são feitos de hipóteses, e hipóteses são construídas com base em elementos nem sempre objetivos, porque as intenções por trás de grupos e agentes políticos nem sempre se expressam de modo claro e insofismável. Algumas dessas hipóteses são como nuvens, mudando de forma a cada instante e sendo lidas de acordo com o ponto de vista de quem observa.
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Diante da inexatidão que o futuro
sempre descortina, abre-se a banca de apostas, dividindo os observadores da
cena política em dois grandes blocos. Assim como no mercado de capitais, no
mundo político existem três tipos de investidor: o conservador, o moderado e o
arrojado.
Os apostadores com perfil conservador
colocam todas as suas fichas no favorito, naquele que reúne o maior conjunto de
atributos para vencer a disputa que está por vir. Os moderados não
arriscam ainda uma aposta, preferindo aguardar o correr dos anos para, na reta
final, fincar seus palpites. Os arrojados, por sua vez, desafiam a lógica,
levando em consideração elementos que fogem à compreensão ou mesmo à observação
de conservadores e moderados.
Favorito em todo cenário
Vindo de sucessivos êxitos, o
governador Helder Barbalho é o favorito para a sua própria sucessão, em 2026,
mesmo não podendo concorrer. Isso significa que a aposta que ele próprio fizer
tende a ter um peso muito elevado na disputa e no desenho final das eleições.
Helder tem a seu favor não apenas a maioria dos prefeitos, vereadores e
deputados, mas também a poderosa máquina do Estado que, somada às prefeituras,
pode mover contingentes populacionais inteiros ao ponto de inverter
expectativas.
Desafiante presumível
O desafiante presumível mais
relevante de Helder e sua tática é Daniel Santos, o Doutor Daniel, prefeito de
Ananindeua, cidade onde o atual governador iniciou sua carreira política e
administrativa, que culminou com a derrota eleitoral de seu escolhido, o hoje
deputado Chicão Melo, em um pleito facilmente decidido no primeiro turno a
favor de Manoel Pioneiro, padrinho político de Daniel Santos.
Escolha anunciada
Recentemente, quando da inauguração
da avenida Ananin, obra executada pelo Estado em parceria com a Prefeitura de
Ananindeua, o governador aproveitou o palanque e a presença do prefeito e
secretários para anunciar que sua escolha para a própria sucessão seria Hana
Ghassan, vice-governadora, ex-secretária de Helder em Ananindeua e pessoa da
mais alta confiança do governador e de sua família.
O anúncio surpreendeu a todos - não à
coluna -, especialmente os mais próximos do governador, não porque surpreenda alguém
a relação de confiança que ele nutre com sua vice, mas porque Helder nunca
antecipa uma tática eleitoral. A quebra de protocolo levou analistas atentos a
discutirem se não haveria nesse anúncio antecipado um enigma a ser desvendado.
Pesos e medidas
Helder seria ingênuo se ignorasse
solenemente o peso político e eleitoral de Doutor Daniel. Então, ele sabe que a
chave para a disputa de 2026 passa por 2024. Passa por derrotar as pretensões
do adversário no terreno que eles tanto conhecem: Ananindeua. Sim, porque uma
vitória fácil de Daniel Santos o colocaria em uma posição tranquila para
disputar 2026, tendo em vista que a escolha do prefeito da segunda maior cidade
do Estado para o posto de vice em sua chapa é ninguém menos que Ed Wilson, seu
homem de confiança, o que lhe daria garantias de sair do posto sem perder o
mando.
Desenho futurista
Diante disso, começa a ganhar corpo a
ideia de que Dr. Daniel terá que enfrentar não apenas a poderosa máquina do
Estado, mas também a favorita de Helder muito antes de 2026. Segundo essa
hipótese, a vice-governadora seria convocada para disputar a Prefeitura de
Ananindeua, tendo como vice o deputado Chicão Melo. Hana seria prefeita por
dois anos, saindo candidata ao governo em 2026.
Hanna vencendo, enterraria de vez o
sonho de Dr Daniel de ser o segundo maranhense a governar o Pará. O
primeiro foi o intendente Antônio Lemos, no início do século XX, que passou 15
anos no poder.
Existe ainda a hipótese de Hana
Ghassan escolher outro vice nas eleições de 2024 e do deputado Chicão Melo,
presidente do legislativo estadual, suceder Helder. Como? Derrotado o principal
opositor, o governador renunciaria no tempo legal, levando a Assembleia
Legislativa a precisar eleger indiretamente o governador de abril a dezembro.
Chicão Melo empossado governador
poderia disputar uma única eleição, sendo reeleito com as bênçãos da família
Barbalho em 2026, com mandato até 2030. Helder Barbalho favorito para uma das
vagas no Senado apresentaria como suplente seu primeiro irmão, o atual
ministro Jader Filho. Senador eleito e empossado, Helder assumiria um
ministério de relevância e deixaria temporariamente sua cadeira para o primeiro
irmão.
Em 2030, Helder Barbalho com mandato
de senador e seu irmão sendo o primeiro suplente pode, se quiser, disputar as
eleições novamente para governador, deixando definitivamente a cadeira do
Senado da República a Jader Filho, com mandato até 2035.
E as crianças crescem...
Com isso, o ciclo de poder da família
que entrou na política com o velho Laércio Barbalho, ghostwriter do
caudilho Magalhães Barata, cassado em 1964, seguiria sua dinâmica de renovação,
iniciada com a primeira eleição de Jader Barbalho para vereador em plena
ditadura.
Sem falar que as crianças estão crescendo...