Técnicos da Cohab passam por situação vexatória em Magalhães Barata e suspendem Cheque Moradia

Tem acontecido por todo o Pará, mas, desta vez, pressão popular leva equipe a interromper entrega de dinheiro para construção de casas.

12/07/2024 08:00

Acusação de “uso político” do programa e clima de revolta assusta funcionários; folha de pagamento de diárias da Cohab supera a de salários/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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s lambanças decorrentes do uso político do programa Sua Casa - o infame Cheque Moradia -, que destina valores para a construção e reforma de casas para famílias de baixa renda, segue dando o que falar em vários municípios. Desta vez, a confusão foi registrada em Magalhães Barata, cidade do nordeste do Estado, onde a equipe da Companhia de Habitação do Estado, a Cohab, não resistiu ao excesso de reclamações de populares e bateu em retirada.


O motivo que levou muitas pessoas a protestarem foi o mesmo de sempre: a demora na entrega do benefício. No caso de Magalhães Barata, especificamente, a confusão começou depois que várias pessoas, já com a casa vistoriada e todo trâmite burocrático concluído, descobriram que estavam fora do grupo contemplado pela companhia.

 

"Eu quero saber se isso aqui é política pública ou política partidária”, indagou um morador aos técnicos do órgão.


Insatisfação geral

As reclamações foram registradas em vídeo que circula nas redes sociais. As imagens mostram que as cobranças, feitas em alto grau de insatisfação, ganham cada vez mais corpo e suscitam uma manifestação maior, como fechar a Rodovia PA-395, que dá acesso a Magalhães Barata, com a intenção de impedir as equipes da Cohab de saírem da cidade até que todas as pessoas inscritas no programa fossem atendidas.


As denúncias registradas pelo morador que gravou o vídeo mostram a situação de pessoas que tiveram a promessa de receber o benefício em até 18 meses após a conclusão do trâmite burocrático e que, até hoje, não foram atendidas.

 

“Já tem três anos e meio que tô aguardando esse cheque e nada. E chegou aqui meu nome, que nem tá nessa lista. Isso é uma palhaçada”, afirma um dos moradores.


Meia volta, volver

A tensão fez com que os técnicos da Cohab suspendessem a entrega e abandonassem o local por não haver garantia de segurança para os servidores. Entre eles Marcel Valente Pantoja, também conhecido como “Bombado”, que, de acordo com denúncias de servidores que pediram anonimato, nunca trabalhou uma semana inteira na Cohab e passa a maior parte do tempo fora da companhia.


Parente, aderente

Marcelo Pantoja é gerente da Célula de Logística, a Gelog e, ainda de acordo com a denúncia, ocupa o cargo apenas por ser sobrinho de Sandra Pantoja, uma das funcionárias mais antigas da companhia, e também por ser amigo do atual presidente, Luís André. Marcelo integra um seleto grupo dentro da Cohab, cujo valor em diárias pagas ao fim do mês supera o próprio salário.


Esquema indecente

Esses servidores também são favorecidos pelo esquema que alguns deputados, apontados como controladores da distribuição desses cheques, implementaram na Cohab. Na pressa pela entrega do benefício antes das eleições, esses parlamentares nomeiam assessores para fazerem as vezes de técnico da companhia, indo às cidades, fotografando as moradias e protocolando todo esse material nos processos.


Salário vira poupança

 Como o trâmite é todo realizado e as exigências, cumpridas - independentemente da forma como o são -, as diárias seguem sendo pagas mesmo sem que o servidor tenha feito o trabalho, realizado anteriormente por assessores dos deputados. Para quem trabalha com a entrega de cheque Sua Casa na Cohab, salário virou poupança que se guarda para o futuro. 

 

Papo Reto


·  A professora Denise Carvalho (foto) comandou ontem, em meio à reunião anual da SBPC, pequena comemoração pelos 73 anos de criação da Capes, no campus da UFPA.

 

· Denise Carvalho é médica e biofísica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde é professora titular e foi uma das entrevistadas de ontem da rádio CBN em Belém, ao comando do jornalista Douglas Dinelly.

 

· Bem que o presidente da Emater, Joniel Abreu, que é advogado, deveria fazer um esclarecimento público sobre a real situação da empresa, tida e havida por servidores em vias de extinção.  

 

· A partir de 2030 - já, já a onda bate por aqui -, as emissões de metano causadas pelos arrotos e puns de bovinos e suínos serão tributados em 300 coroas - R$ 239 na cotação atual - por tonelada equivalente de CO2. Na Dinamarca.

 

· Um novo episódio de vazamento de dados cadastrais vinculados a chaves do Pix - dessa vez sob a responsabilidade da 99Pay -, instituição de pagamentos, foi confirmado ontem pelo Banco Central.

 

·  Foram potencialmente expostos dados cadastrais vinculados a 39.088 chaves Pix, incluindo nome do usuário, CPF com máscara, instituição de relacionamento, agência e número da conta.  

 

· O BNDES apresentou o Fundo Clima para governadores do Consórcio Brasil Verde, visando estimular a elaboração de projetos estaduais que possam ser financiados pelo banco, como manejo sustentável de floresta e recuperação de áreas degradadas, rios e lagos.

 

· Detalhe: o Pará está fora da lista dos 15 Estados participantes do consórcio, mas a floresta arde por aqui e a COP30 está se aproximando.

 

· Pesquisa Doxa coloca a prefeita de Marituba, Patrícia Alencar, na cabeça da lista de preferência do eleitorado do município, com mais de 55% das intenções de votos. Atrás dela aparecem Everaldo Aleixo e Marília Melo, que não são festeiros, nem influenciadores digitais.

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