nquanto a logística da Conferência do Clima da ONU, a COP30, ainda é uma incerteza, os movimentos sociais, que realmente irão movimentar os acontecimentos, se mobilizam para definir as reivindicações que irão levar ao evento.
O impasse entre os governos e a Secretaria Extraordinária para a COP30 quanto aos preços da hospedagem foi parar em uma subcomissão do Senado Federal, que acompanha os preparativos e deve fazer uma diligência em Belém em agosto. Na semana passada, os senadores ouviram Valter Correia, secretário da COP30, e Liliam Chagas, do Ministério das Relações Exteriores. Mesmo garantindo o início de atividades da plataforma de hospedagens mais baratas, Valter Correa não conseguiu convencer os senadores.
Segundo ele, as opções no portal serão disponibilizadas apenas a 98 países menos desenvolvidos e insulares, com diárias de até US$ 220, de acordo com Climate Home. Para os demais, o teto será de US$ 600, valor que não agradou. “Mesmo com o teto de US$ 220, ainda está muito acima do que a maioria dos delegados pode pagar. E isso sem contar alimentação e transporte”, disse um representante do Timor-Leste.
Mutirão dos povos
Por outro lado, os movimentos sociais estão muito organizados. Nos dias 22 e 23 deste mês, foi realizado em Belém o “Mutirão dos Povos: A Resposta Somos Nós”, que reuniu 30 lideranças, entre povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas e seringueiros, entre outros do Brasil, com representações da Amazônia brasileira, que definiram ações estratégicas à COP30.
A iniciativa, organizada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira e o Grupo de Trabalho Amazônico, teve como destaque a apresentação da campanha ‘A Resposta Somos Nós’, com protagonismo indígena liderado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e organizações do movimento indígena brasileiro.
Andamento de ações
As reivindicações do encontro, realizado na Embaixada dos Povos, no bairro do Marco, em Belém, são o financiamento climático direto aos povos indígenas; fim da era dos combustíveis fósseis; planos climáticos ambiciosos por parte dos países; proteção integral dos biomas e o reconhecimento da demarcação de terras indígenas como política climática.
Ao final do evento, as organizações participantes apresentaram uma carta política com as pautas convergentes entre os movimentos, relacionadas à COP30 e a agenda climática global. Esses movimentos estão ligados quase que na totalidade aos trabalhadores da agricultura familiar.
Pescadores artesanais
O Movimento de Pescadores e Pescadoras Artesanais promove de 24 a 26, em Santarém, região oeste do Pará, um seminário de preparação para a COP30. É a primeira vez em que pescadores artesanais se organizam coletivamente para participar do evento global.
O seminário tem o tema “Pescadores e pescadoras artesanais rumo à COP30 - na luta por justiça socioambiental”. No primeiro dia, serão debatidos a conjuntura socioambiental do País, a crise climática e seus efeitos nos territórios pesqueiros, bem como falsas soluções, como o mercado de carbono e a transição energética injusta.
No segundo dia, as discussões irão se concentra na COP30, com foco em soluções comunitárias; e no sábado, 26, haverá um ato público com entrega de um documento político em defesa dos direitos dos pescadores artesanais. O evento reúne representantes de comunidades pesqueiras do Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
“Esse seminário nacional surge da necessidade de olhar o processo da emergência climática que estamos vivendo no mundo e no Brasil, com a seca na Amazônia, a cheia no Sul e em várias partes do Brasil. Refletimos sobre esse tema, porque é uma COP no Brasil, não seremos meros espectadores e apresentaremos nossas pautas”, destaca Josana Pinto da coordenação nacional do MPP.
Cúpula dos Povos
Em novembro, em meio às atividades da COP30, que começa no dia 10, mais de 700 movimentos sociais, organizações e redes promoverão a Cúpula dos Povos como resposta autônoma à Conferência oficial, com foco em justiça climática e defesa dos povos tradicionais. O encontro será de 12 e 16 de novembro em Belém.
A motivação principal são as críticas ao resultado da COP29, realizado no ano passado no Azerbaijão, e a cobrança do protagonismo do Brasil para soluções mais ousadas para a redução da temperatura global. O dia de mobilização mundial está sendo preparado para 15 de novembro, que é feriado nacional.
Desde 2023, representantes desse coletivo estão cumprindo agenda para mobilizar mais apoiadores. A Cúpula será um espaço autônomo e independente, com plenárias, apresentações culturais, marcha global pelas ruas e feira de produtos e alimentos das comunidades.
A logística do evento se pauta na valorização dos saberes dos territórios e na organização deles, mantendo uma cadeia de produção e distribuição de bens. Por isso, a opção refeições à base de alimentos da agricultura familiar e preparados em cozinhas solidárias e agroecológicas, em um “banquetaço” para a partilha de alimentos em um espaço público de Belém.
Papo Reto
•Mais uma dor de cabeça para a prefeita de Marituba, Patrícia Alencar (foto). O Ministério Público começa a apurar possíveis irregularidades na Secretaria de Orçamento e Finanças de Marituba.
•O procedimento foca denúncias relacionadas à atuação funcional da pasta quanto à execução da atividade de fiscalização tributária.
•Entre os pontos investigados estão indícios de preterição de função, desvio de função e possível favorecimento a determinados contribuintes.
•Foi inaugurado domingo, na Casa Ikeuara da Amazônia, em Belém, o primeiro centro de cultura, arte e memória indígena do Pará, criado e conduzido por indígenas, uma mostra permanente dedicada a Tuíre Kayapó.
•Tuíra, como ficou conhecida, protagonizou uma cena surreal nos anos 1980: aos 19 anos, roçou o rosto do então presidente da Eletronorte com um facão, durante uma audiência em Altamira, sudoeste do Pará, para discutir a construção de um complexo de hidrelétricas no rio Xingu.
•Tuíra morreu em agosto do ano passado, vítima de câncer de útero. A Casa fica na travessa Piedade, no bairro do Reduto.
•A Águas do Pará, empresa que integra a Aegea, que arrematou parte da Cosanpa, está com cerca de 220 vagas de emprego abertas, com prioridade aos trabalhadores paraenses.
•As oportunidades são nas áreas operacionais, administrativas e cargos de liderança, elegíveis para Pessoas com Deficiência.
•Além de salário compatível com o mercado, a empresa oferece um pacote completo de benefícios e investe no crescimento dos colaboradores.