m entrevista com jornalistas na quarta-feira, 19, o secretário extraordinário para a COP30, Valter Correia da Silva, disse que as delegações estrangeiras devem "baixar as expectativas" sobre a infraestrutura do evento em Belém, em novembro. Para o secretário, a Conferência não terá o mesmo luxo e estrutura das edições anteriores em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2023, e em Baku, no Azerbaijão, em 2024, e sugere que os países “repensem o tamanho” de suas delegações.
Questão da hospedagem
Valter Correia sabe do que fala e desde agosto do ano passado comenta o problema de hospedagem em Belém. “A COP30 será em Belém, que não dividirá o evento com outras cidades brasileiras” sempre foi a posição dele, que é o responsável pela parte logística. O secretário reconhece que os desafios da capital paraense são grandes, mas sinaliza que a cidade estará preparada para a ocasião.
“Desde que o presidente Lula anunciou que seria em Belém, nunca se pensou em outra possibilidade. Dividir será mais custoso. A COP foi pensada desde o começo na Amazônia. O simbolismo daquele local é grande. Sair de lá seria maluquice”, disse há seis meses.
Um dos principais gargalos de Belém para a realização da COP30 é a rede hoteleira, com capacidade baixa para comportar a quantidade de pessoas que o evento deve trazer. “Em particular, a falta de leitos de luxo preocupa, já que pode dificultar a vinda de chefes de Estado e de governo durante o segmento de alto nível que é a COP”, detalhou Correia.
A orientação, segundo o secretário, é para que os chefes de Estado cheguem antes do início da cúpula para diminuir a pressão sobre a rede hoteleira.
De acordo com o secretário, a hospedagem em Belém é uma “preocupação generalizada” das delegações. “Não há nenhum segredo sobre os valores abusivos nas diárias e estamos tentando sensibilizar toda a rede hoteleira, com diálogos e conversas. Vamos intensificar um pouco mais isso com o Estado para poder alertar, inclusive, sobre o problema de abusividade desse tipo de oferta”, afirmou Correia.
Semana passada, o governador Helder Barbalho, durante um evento com a presença do presidente Lula, em Belém, tentou justificar os preços abusivos de aluguéis de imóveis que têm surgido em anúncios. Helder disse que se o Rio de Janeiro vai aumentar os preços de hospedagem e de alimentação por conta do show da cantora Lady Gaga, em maio deste ano, “por que Belém não poderá aumentar esses tipos de preços para a COP e assim todo mundo sair ganhando?
Preços exorbitantes
Delegações estrangeiras têm enfrentado dificuldades para efetuar reservas, já que casas para locação e hotéis têm fixado preços exorbitantes para os dias da Cúpula. “É como o presidente Lula fala: as delegações precisam baixar a expectativa porque Belém ou qualquer outra cidade aqui não é uma Dubai, uma Baku”, comentou o secretário.
Diante dos questionamentos sobre o suporte da rede hoteleira em Belém, Correia admitiu que o Brasil fala com embaixadas para “não estimularem tantas pessoas a virem desnecessariamente nas delegações”. Ele pontua, porém, que essa não é uma “orientação” do governo brasileiro, mas apenas uma “reflexão” proposta aos países.
“Eu sempre falo nas reuniões com as embaixadas de não estimular tantas pessoas a virem desnecessariamente para a COP. Tem um país que quer trazer muitos empresários e isso é muito bem-vindo. Mas, tem muita gente governamental que vem para acompanhar as pessoas. Talvez isso não seja necessário”, disse Correia.
Chegada antecipada
Como estratégia para minimizar a pressão de preços, o Brasil fechou com a ONU para que os chefes de Estado cheguem ao País dias antes do início da cúpula, que será entre 10 a 21 de novembro, e entre os dias 5 a 7 de novembro.
Outros planos traçados envolvem uma plataforma para cadastrar casas, apartamentos e hotéis disponibilizados a participantes credenciados para o evento, cujo lançamento será feito em março, e ajudará a desafogar a rede hoteleira. Outra tática será a presença de dois navios para servirem de hospedagem aos credenciados e delegações oficiais.
Falas em Belém
Diante da possibilidade de falta de suporte da rede hoteleira, o presidente Lula disse que a COP30 será realizada em Belém “do jeito que for”. “Se não tiver hotel cinco estrelas, durma em um de quatro. Se não tiver de quatro, durma em um de três. Se não tiver de três, durma na estrela do céu do mundo, olhando para o céu, que vai ser maravilhoso”, afirmou Lula durante a entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida.
“A COP é um evento da ONU. E a ONU escolheu o Brasil, que escolheu o Pará, que escolheu Belém. ‘Ah, mas em Belém não tem hotel.’ É bom que não tenha. É bom que eles tomam picada de carapanã”, complementou o presidente. Para bons observadores, ficou a dúvida se essa fala de Lula.
Apelo ao bom senso
O secretário pede “bom senso” às delegações que queiram fazer reserva de andares completos ou, até mesmo, de hotéis como um todo. Mesmo com esse aconselhamento, ele afirmou que alguns protocolos de chefe de Estado terão de ser considerados por causa da geopolítica no mundo.
“Tem alguns protocolos de chefes de Estado que evidentemente precisam ser considerados, porque temos chefes de Estado que se diferenciam pela sua geopolítica no mundo. Então, a China é uma; os Estados Unidos, outra; Israel provavelmente, e a Rússia. Esses precisam ser considerados e tentar achar a melhor alternativa em conjunto com o país”, comentou.
Valter Correia também fala do trabalho de “sensibilização” com a rede hoteleira sobre os preços de hospedagem. Ele cita eventuais punições aos locais que praticarem cobranças abusivas. “Existe uma legislação específica do País que proíbe determinado tipo de abuso. Podemos usar a própria legislação para poder proibir esse tipo de coisa”, comentou.
Apesar de a hospedagem ser a maior preocupação das delegações, o secretário diz acreditar que é uma aflição “desnecessária”. “Eu acho que está havendo uma supervalorização de uma demanda que eventualmente nós não tenhamos”, comentou.
“Nós temos uma expectativa entre 40 a 50 mil participantes na COP, que é a média das últimas duas COP. Mas já temos, em execução, números suficientes de hospedagem para abrigar todos eles”, citou.
Papo Reto
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·A Justiça que não pune os responsáveis pelos danos ambientais e à saúde pública, mas pune e criminaliza a população e os movimentos sociais que lutam por seus direitos”. Recado dado.
·No clássico Re x Pa deste domingo estará em disputa o Troféu Carlos Estácio, homenagem da Rádio Clube ao funcionário já falecido que passou mais tempo de carteira assinada na emissora.
·O que se diz do Marajó ao Oiapoque, passando pelo Amapá, é que o presidente do Senado, David Alcolumbre, conseguiu o que os três senadores paraenses nem pensaram em vários anos.
·O sinal mais animador do presidente Lula sobre a possível exploração da Margem Equatorial, pela Petrobrás.
·Completou aniversário - no último dia 14 - a infame fuga de presidiários no cárcere de segurança máxima de Mossoró e, só agora o Ministério da Justiça chegou à conclusão de que "precisa melhorar a segurança" construindo muralhas.
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·Será que agora vai? O ministro Flávio Dino determinou e o governo vai mesmo apurar onde foi parar o dinheiro das "emendas Pix" voltadas para patrocinar eventos, ou seja, sem um propósito específico e previamente definido.
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