Prefeitura anuncia BRS na Júlio César como nova solução para trânsito, mas desagrada geral

Obra estimada em R$ 300 milhões promete superar BRT, é vista como desnecessária e provoca mais preocupações do que certezas na população.

12/06/2024 12:00
Prefeitura anuncia BRS na Júlio César como nova solução para trânsito, mas desagrada geral
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ontrariando as promessas da Prefeitura de Belém desde a administração Duciomar Costa, obras do BRT, ou Bus Rapid Transit, ficaram pelo caminho, tumultuam a vida dos belenenses, transportam menos gente do que o esperado e enfrentam velhos problemas, como atrasos e superlotação. Como subproduto não menos grave, produziram o estrangulamento das pistas de rolagem, gerando o transtorno de engarrafamentos permanentes e acidentes frequentes, fazendo com que distâncias curtas, como os 13 quilômetros que separam o Entroncamento, em Belém, do Distrito de Icoaraci, por exemplo, levem até uma hora para serem percorridas nos horários de pico.


Única com trânsito normal em Belém, avenida vai sofrer intervenção e causa alvoroço nas redes sociais/Fotos: Divulgação.

 

“Não apenas ocupações e comunidades localizadas nessa área se viram prejudicadas, como condomínios inteiros viram suas casas e lotes serem desvalorizados”, diz José Carlos Vasquez, corretor de imóveis.

 

Desde o começo, as queixas recorrentes mostravam que o projeto que interliga as avenidas Almirante Barroso e Augusto Montenegro deixaria a desejar, já que algumas estações jamais funcionaram, estão depredadas desde antes do início das operações, com estrutura precária e sem as linhas troncais. “Essas estações são filiais do inferno”, diz a estudante Camila Silva, referindo-se ao calor que as estruturas metálicas - inadequadas ao nosso clima - proporcionam para quem é obrigado a usá-las nos horários mais quentes.

 

Cenário de abandono

 

A empreitada iniciada em janeiro de 2012 compõe um cenário de abandono e falta de fiscalização ao longo tanto da Almirante Barroso quanto da Augusto Montenegro, em Belém. Embora tenha sido orçada inicialmente em R$ 400 milhões, consumiu ao final mais de um R$ 1 bilhão. “O projeto atende apenas parte da população, já que algumas estações não funcionam, estão pichadas, com estrutura precária e sem as linhas troncais”, diz um Carlos Brito Chaves, engenheiro, que diz ter trabalhado em uma das etapas da obra.

 

Mais um ‘inferninho’

 

Na esteira desse histórico desairoso, a Prefeitura de Belém anuncia a construção do BRS, o Bus Rapid System - “um novo sistema de transporte público que substituirá o antigo BRT” e custará R$ 300 milhões -, tendo como plano-piloto, por assim dizer, a avenida Júlio César, uma das poucas vias não interditadas da cidade. “O tamanho do caos que isso pode gerar é imprevisível”, afirma Raimundo Mendes, ciclista esportivo que usa a via com frequência.

 

Tomada pela surpresa do anúncio, a população mostrou-se perplexa e revoltada nas redes sociais, abarrotando os sites de notícias de comentários desabonadores contra a prefeitura e o gestor municipal e levantando vários questionamentos sobre a real necessidade e as vantagens do novo sistema para a mobilidade urbana.

  


Será pela mobilidade?

 

A Prefeitura de Belém ressalta que está ciente dessas preocupações e afirma que a obra será realizada de forma planejada e considerando as necessidades da população. O objetivo, segundo a PMB, é garantir um sistema de transporte público eficiente e sustentável, especialmente no contexto atual de emergência climática. “Mas, como isso se viabilizaria interferindo numa via de apenas 3 quilômetros e cujo BRS - a um custo de trezentos milhões - levaria do nada para lugar nenhum?”, argumenta Maria Cardoso, moradora da Pratinha.

 

A população aguarda mais informações por parte da prefeitura para esclarecer as dúvidas e preocupações levantadas, mas já existe oposição à construção do novo sistema de transporte público nessa via, por não ser considerado útil ou benéfico para a população. “Se vai piorar, pra que fazer? Só pra gastar o dinheiro?”, diz Shirley Lemos, agente comunitária de saúde.

 

Oposição se levanta

 

Um grupo de vereadores de oposição já se prontificou a assumir a bandeira “Na Júlio César ninguém mexe”, prometendo mobilizar transeuntes, moradores, motoristas, ciclistas e corredores que usam a via no dia a dia.

 

Papo Reto

 

· Para quem acredita que a COP30 passa diretamente pelo ‘conhecimento’ da UFPA, maior universidade pública da Amazônia, má notícia.

 

· A Unama, através do presidente do grupo Ser, Janguiê Diniz (foto), por aqui, com rapapés institucionais para o governador Helder Barbalho, está se movimentando para abocanhar, sob bênçãos do governo, a referência acadêmica e tecnológica do evento da ONU.

 

·  A UFPA deve acusar o golpe publicamente. Afinal, a se confirmar a participação da Unama, será uma perda de referência para a Universidade que tem reitor eleito, mas não nomeado e cujo processo de escolha, considerado irregular, está judicializado. 

 

·  Uma velha raposa política há 50 anos transitando no Planalto diz que jamais, em tempo algum presenciou tanto malabarismo midiático do governo tentando mostrar serviço.

 

· Mas, observa que, como fato concreto, registra-se apenas “o crescimento do número de ministérios e dá despudorada elevação de impostos”.

 

· Ontem, mais uma marmota do governo: anunciou que vai gastar R$ 100 milhões em "prédios públicos eficientes", com prioridade a edificações que têm como finalidades acolher serviços de saúde, de educação e administrativos.

 

· A nova Carteira de Identidade Nacional já foi adotada por oito milhões de brasileiros, devendo valer apenas em 2032.

 

· Conforme a lei sancionada pelo presidente Lula, o número do CPF será o único número de identificação do cidadão.

 

· Tudo leva crer que a formação básica do ensino médio mudará para 2,2 mil horas, de acordo com relatório da Comissão de Educação do Senado, que estabelece, inclusive, a obrigatoriedade de os Estados manterem pelo menos uma escola com ensino médio regular noturno em cada município, em caso de demanda comprovada.


· Em tempo de volta a um passado nebuloso, vem de São Paulo o mais novo alerta: após 105 casos confirmados, a velha e torturante coqueluche, popular guariba, sacode o cenário epidemiológico chafurdado, já, pela dengue, covid-19 e outras tantas doenças.

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