recente descoberta de notas fiscais emitidas nos anos de 2013 e 2014 por uma conhecida loja de venda de produtos farmacêuticos na Região Metropolitana de Belém aponta para o suposto desvio fraudulento de valores que podem chegar a R$ 250 mil em compras feitas pelo Hospital Ofir Loyola.
O denunciante, cujo nome será preservado, recebeu as notas fiscais de um antigo funcionário da loja Shopping da Saúde, nome fantasia da empresa F. Cardoso & Cia. Ltda., e teve acesso aos documentos, chegando a informar sobre as supostas irregularidades ao governo do Estado, à diretoria do hospital e à Secretaria de Saúde. Como não obteve retorno, levou o caso ao MP, formalizada na Notícia de Fato número 01.2024.00014425-3.
A denúncia foi encaminhada à Promotoria
de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa de
Belém, e está com o terceiro promotor, Reginaldo César Lima Alves, que começou
as investigações pertinentes.
Anatomia do esquema
O esquema de desvio funcionava quando
um pedido de produtos farmacêuticos era feito pelo Hospital Ofir Loyola. Era,
então, emitida a nota fiscal no valor total do empenho, mas entregue apenas uma
parte desses produtos, gerando uma “carta de crédito” com o valor da diferença
que seria encaminhada ao hospital para ser usada futuramente, o que nunca
ocorria.
Parte dessa diferença entre nota de
empenho e o total real do que era entregue ao hospital era sacado por um
servidor do hospital; a outra parte era destinada à empresa Shopping da Saúde,
na unidade Almirante Barroso.
O fator “Fernando”
Fernando Caribe Morgado Júnior,
farmacêutico e bioquímico, servidor do setor de almoxarifado do hospital,
continua a trabalhar no local, sendo que é contratado, e não efetivo. O nome
dele aparece escrito à mão nas notas fiscais, com anotações da porcentagem que
deveria receber.
Em uma das notas, também escritas à
mão, estão os dados bancários nos quais a quantia deveria ser depositada para o
servidor. No documento também aparece o aval de Fernando sobre a “operação”,
com assinatura e registro profissional.
Notas fiscais
Na denúncia encaminhada ao MP estão
anexadas cópias de oito notas fiscais da época, mostrando os valores empenhados
e o que teria sido desviado nas compras. A maioria das compras é de
medicamentos como Acetilcisteína, Ácido Épsilon Aminocapróico, Albumina Humana
e Vitamina C injetável.
Para que as compras inflacionadas
fossem feitas e o esquema funcionasse havia um funcionário do Shopping da Saúde
que fazia as articulações entre a empresa e Fernando. O funcionário, que teria
o nome de Edson Souza, era o vendedor do Shopping da Saúde que atendia a conta
do Hospital Ofir Loyola e quem levava as notas fiscais para serem assinadas por
Fernando. Ele levava também os cheques e trazia as demandas de Fernando, como
empenhos, e se haveria ou não uma carta de crédito com os valores da diferença
entre compra e entrega.
O outro lado
O Hospital Ofir Loyola informou que
não há, até o momento, processo algum sobre esse caso, no hospital. Informa
ainda que o MP ainda não acionou ou questionou o hospital sobre esse tipo de denúncia
envolvendo o Shopping da Saúde. “Não existe esse processo”, escreveu.
A Coluna Olavo Dutra tentou
ouvir o Shopping da Saúde desde quarta-feira, 12, mas não obteve resposta. Se a solicitação de
esclarecimentos for respondida será acrescentada à reportagem, como manda a
regra.
Papo Reto
· Um detalhe tem chamado atenção
no arrazoado da procuradora da República Manoela Cavalcante (foto) contendo
recomendações sobre a recente eleição para reitor da UFPA.
· Nas considerações, a
procuradora se referiu à Lei 5540/98, aprovada no governo de FHC, que obriga a
adoção do critério de que "votos dos docentes terão peso de 70% a
mais em relação ao voto das demais categorias".
· A medida visa tornar válida a
eleição para os cargos de reitor e de diretores de Institutos e
faculdades.
· Por esse entendimento, segundo
especialistas, eleição para cargos de direção nas Universidades e
Institutos federais que não apliquem esse princípio de lei serão anuladas ou
inválidas, por afronta ao ordenamento jurídico.
· O que os especialistas
questionam nesse imbróglio: por que a procuradora, em pleno exercício do cargo
de fiscal da lei, não abordou textualmente a anulação da eleição? Palavra
franqueada.
· Para tentar anular a greve
dos professores, o governo Lula prometeu revogar a portaria que aumenta a carga
horária dos docentes e a criação de um grupo permanente de trabalho para
discutir a reestruturação da carreira acadêmica, mas nem tocou no assunto
reajuste salarial.
· Assim sendo, nada feito: os
professores das universidades federais seguem em greve, para a angústia de pais
e alunos.
· Com as pesquisas apontando
Ed-50 em queda cada vez mais acentuada nas pesquisas, chega ser cômico o
desespero dos familiares do alcaide que, de fato, comandam a prefeitura.
· Caiu a
produção industrial em cinco dos 15 Estados pesquisados em abril. Pará e
Bahia apresentaram os piores desempenhos.