or determinação do procurador-geral de Justiça do Pará, César Mattar, o prefeito de Ananindeua, Daniel Santos, do PSB, está sendo investigado criminalmente pelo Ministério Público, com pedido de sequestro de bens, por supostos desvios de recursos públicos no valor de R$ 261,3 milhões do Instituto de Assistência do Servidor Público do Pará - Iasep.
O pedido de investigação ao procurador-geral foi feito pelo procurador de Justiça Armando Brasil que, logo no início, teve deferido pelo juízo da Vara de Combate ao Crime Organizado da Comarca de Belém o pedido cautelar de sequestro de exatos R$ 261.381.860,97, incluindo nesse valor eventuais veículos, aeronaves e embarcações, “até o mencionado limite, em relação a cada requerido”, usando como argumento a possibilidade de que os investigados, caso continuem com a livre disposição dos bens, iniciem ‘um processo de dissipação que resultaria em efeitos práticos inexistentes quanto aos aspectos patrimoniais’.
O procedimento instaurado envolve,
além de Daniel Santos, outras pessoas ligadas ao prefeito que atuaram no Iasep
nos primeiros anos da gestão do governador Helder Barbalho, além do sócio de
Daniel Santos, Elton dos Anjos Brandão, responsável formal pela Associação
Hospital Santa Maria de Ananindeua, de propriedade do prefeito.
“Organização criminosa”
Ao menos no processo, Elton dos Anjos
Brandão é apontado como líder do que o MP classifica como “organização
criminosa”, que teria ainda como integrantes André Luiz de Oliveira Miranda,
Geciara dos Santos Barbosa, Júlia Conceição Aarão Monteiro, Michelle Barroso
Santos, Rosângela Medeiros de Sousa e Ed Wilson Dias e Silva, este, tido como
homem de sabida confiança do prefeito Daniel Santos, e que já passou por várias
pastas na atual gestão da Prefeitura de Ananindeua.
O MP entende, ao analisar o modus
operandi dos acusados, que o esquema incluiria mais pessoas, ainda não
identificadas, provavelmente empregados do próprio hospital e de outras
empresas de saúde, que se associaram com o fim de obter, direta ou
indiretamente, vantagens de natureza econômica mediante a prática de crimes de
corrupção ativa e passiva em relação ao superfaturamento dos procedimentos e
materiais.
Bom enquanto durou
Embora a informação tenha vazado com
exclusividade para a Coluna Olavo Dutra, agora, o processo corre em
segredo de justiça e, portanto, não se sabe se houve a execução do sequestro de
bens acatado pela Justiça. Porém, na defesa dos envolvidos, consta o pedido de
revogação do sequestro de bens, bem como do desbloqueio das contas dos
envolvidos, acusados de favorecimento ao Hospital Santa Maria dentro Iasep, a
autarquia estadual responsável pela assistência à saúde dos servidores ativos e
aposentados que manteve boas relações com Daniel durante mais de quatro anos de
governo.
O suposto favorecimento ora
investigado teria ocorrido de 2019 a 2022, quando os acusados teriam sido
beneficiados com pagamento de contas médicas não submetidas à auditoria e, por
esse motivo, facilitado o pagamento com valores superfaturados de procedimentos
médico-hospitalares e com superfaturamento também nas quantidades de materiais
médicos utilizados em procedimentos.
“Janela” como referência
Antes da investigação e de já ter
sido alvo de busca e apreensão de documentos, o Hospital Santa Maria foi
descredenciado da rede de atendimento do Iasep. Não se sabe se por coincidência
da política ou não, mas a decisão do governo do Estado pelo descredenciamento
foi publicada no dia 28 de março passado, quando já se sabia que o prefeito
mudaria de partido ao final da janela partidária, até 5 de abril, o que de fato
acabou acontecendo.
Mesma linha de defesa
Os advogados dos acusados,
naturalmente, negam as acusações e, também, entraram com pedido de revogação do
sequestro de bens e bloqueio das contas. O mais curioso, no entanto, é que
mesmo se tratando de escritórios de advocacia diferentes, eles tentaram
praticamente uma mesma linha de defesa para os envolvidos, ou seja, é
praticamente uma só tese de defesa praticada pelos diferentes advogados em
perfeita sintonia.
Prazo segue correndo
Se a defesa está ou não no caminho
correto, a sociedade terá essa resposta nos próximos dias, ao final do
Procedimento Investigatório Criminal que, sob relatoria do desembargador Pedro
Pinheiro Sotero, tem prazo até o dia 29 deste mês para ser concluído, com
possibilidade de pedido de prorrogação, dependendo do andamento da
investigação.
Papo Reto
· O novo quadro com a foto do
ex-prefeito Zenaldo Coutinho (foto) para compor a Galeria de
Ex-prefeitos do Museu de Belém já está pronto.
· Foi recebido pela prefeitura
no final de fevereiro, mas, até agora, estranhamente, não foi colocado no
devido lugar.
· A demora não tem explicação,
ou, perdão, tem uma - pense aí -, já que o protocolo recomenda que a galeria
seja composta com as fotos de todos os ex-prefeitos. Nesse caso, só falta mesmo
a do Zenaldo.
· Na Ufra, a douta Reitora
segue descumprindo a recomendação do Ministério Público Federal: não fez a
eleição dos coordenadores.
· Tipo assim: de tão pro-tempore,
os nomeados viraram ad-eternum. O Conselho
Superior continua chapa branca e o MPF, quedo e mudo.
· O passivo socioambiental da
Vale custou o infame título de persona non grata à mineradora
em Marabá, conferido pela Câmara de Vereadores.
· O Colégio Militar Tenente
Rêgo Barros já está com tudo pronto para a sua tradicional festa junina. No
início era uma reunião cultural escolar, mas, devido à segurança, conforto,
lazer, localização, atrações e um público personalizado, o atual diretor conseguiu
incluir o evento anual na agenda cultural em Belém.
· O coronel intendente da Força
Aérea, Christiano Marçal, deverá receber centenas de pessoas e defenderá, com
seu alunado, o tema “Um voo pelas tradições populares”.
· O “arraiá” acontecerá nas
dependências da escola, no dia 20 agora, a partir das 19 horas.
· Não é verdade que os cursos
de inglês e espaços prediais escolares para instituições públicas estão
bombando em captação de recursos, e venda de imóveis em Belém.
· Concorrentes reclamam da
ligação parental dos empresários com... A única verdade nisso tudo, segundo a
coluna apurou, é que envolve conhecidas famílias de Belém.