Disputa movimentada pelo comando de Belém, sede da COP30 em 2025, joga máquina contra máquina

Especialista avalia que eleição deste ano na capital paraense pode ser a mais acirrada desde a redemocratização do País.

Por Olavo Dutra | Colaboradores

16/06/2024 11:00
Disputa movimentada pelo comando de Belém, sede da COP30 em 2025, joga máquina contra máquina
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 histórico das eleições na capital do Estado aponta uma linha do tempo em que disputas acirradas se sucedem. A corrida pela Prefeitura de Belém, que sediará a COP30 em 2025, se insere crescentemente nessa trajetória. Com a expectativa de receber um dos eventos mais importantes do mundo, Belém se tornou foco de atenção de políticos que buscam o comando da cidade.


Prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues esbarra em índice de reprovação de 75%, diz Paraná Pesquisas/Fotos: Divulgação.

“A capital e sua região metropolitana estão gestando uma disputa que pode ser a mais acirrada desde a redemocratização do País. E o comando da COP30 é a parte mais brilhante do dote a ser conquistado”, diz Carlos Montavani, consultor político.

 

Atualmente, o prefeito Edmilson Rodrigues, do Psol, comanda uma gestão mal avaliada, com uma reprovação de 75% da população, de acordo com o Paraná Pesquisas. Apesar disso, o alcaide conta com o apoio do PT, mantendo a parceria que foi oficializada pela Executiva nacional do partido. Com o possível respaldo de Lula e uma fatia generosa do Fundo Eleitoral, o prefeito terá mais tempo de TV e recursos para sua campanha, o que pode tirá-lo do mundo dos mortos para a arena nos vivos nessa disputa. Nada, contudo, minimiza um desafio gigante a ser vencido: a rejeição de Edmilson e de sua administração.

 

Entre pesos e medidas

 

Quanto maior a rejeição, obviamente, menor a chance de sucesso eleitoral. Segundo especialistas, é muito difícil que alguém rejeitado por mais de 45% do eleitorado consiga ser eleito. É isso que dizem os especialistas, não a coluna.

 

“A rejeição é, quase sempre, mais importante que a intenção de voto. Ela é muito difícil de mudar. Quando você diz que não gosta de um candidato, é porque tem o mínimo conhecimento sobre ele”, afirma Montavani.

 

Igor Normando, do MDB, lançado pelo governador Helder Barbalho, surge como o principal adversário do candidato PT-Psol. Normando foi secretário estadual de Cidadania e conta com o capital político das Usinas da Paz, projeto que herdou de Ricardo Balestreri e que se tornou referência na redução da violência em comunidades críticas do Estado. Para ele falta ainda um vice que some votos e agregue valor à chapa. Úrsula Vidal, do União Brasil, e Cássio Andrade, do PSB, são cotados.

 

O peso da legenda e o nível de empatia do candidato serão decisivos para essa escolha. Cássio, por sua vez, tem acumulado dissabores. O último, por conta da distribuição de um vídeo antigo em que usa imagem do presidente nacional do PSB para tentar provar que o prefeito de Ananindeua não terá legenda para concorrer. O próprio Carlos Siqueira (Ver link da matéria aqui) desmentiu Cássio Andrade e reiterou apoio à reeleição de Daniel Santos, recém-chegado ao PSB.

 

“A sensação que fica é a de que Cássio, mesmo sem ter um partido relevante comparado ao União Brasil, tenta se impor pela ostensividade e pela agressividade de sua assessoria de imprensa, para criar um fato consumado e ser confirmado como vice. Pessoas próximas a Helder dizem que ele já fez sua escolha e prefere uma presença feminina na chapa de Igor”, afirma Montavani.

 

Fator de instabilidade

 

Além dos dois candidatos principais - que se estruturam a partir da máquina - o deputado federal bolsonarista Eder Mauro, do PL, também está na disputa com uma boa pontuação nos levantamentos. Conhecido por suas declarações polêmicas, arruaças e brigas no Congresso e postura alinhada ao ex-presidente Jair Bolsonaro, Eder Mauro pode ser um fator de instabilidade na corrida pela Prefeitura de Belém.

 

Na última pesquisa publicada - Instituto Paraná -, Eder Mauro aparece na liderança com 30 pontos. Na anterior, do instituto Doxa, exibia 20 pontos percentuais - antes dessa, pesquisa Quest cravava Eder Mauro com 17%. 

 

Para Montavani, o salto de 10 pontos de uma pesquisa para outra em um tempo tão curto não tem explicação, já que nada de novo aconteceu para explicar isso. “Há um histórico de relação do PL com o instituto, através de Waldemar da Costa Neto. Isso pode ter influenciado ou não a pesquisa, mas independente disso, deita um véu de suspeita sobre os números”.

 

Previsão: tempo quente

 

Com a proximidade da COP30, o próximo prefeito de Belém terá o desafio de dar continuidade aos preparativos em andamento, como a construção do Parque da Cidade e do Porto Futuro II. Enquanto Edmilson anuncia a reforma do Mercado Ver-o-Peso, Normando e Eder Mauro buscam consolidar suas bases e conquistar o eleitorado para a eleição que promete esquentar muito nos próximos meses.

 

Papo Reto

 

  A tartufice vai tão além da comédia em Belém que equivale à denúncia do saco de coar café no dia seguinte, segundo a qual amanheceu seco e retorcido por culpa da colher, omitindo espertamente ter sido manipulado no dia anterior.


A ex-presidente da Jucepa Cilene Sabino (foto), que mudou de endereço desde o final do ano passado para o município de Colares, será a candidata do União Brasil à prefeitura.


· Um advogado de Bragança ofereceu “uma pérola” de denúncia ao MP. Dá conta de uma pessoa ‘charlando’ em uma picape Hilux.

 

· Segundo a denúncia, o cliente mandou abastecer dez galões de combustível, depois mais dez, em outro veículo, e partiu vapt-vupt.

 

· Poderia ser um cliente como qualquer outro; só que não: com ele, ajudando febrilmente, havia um funcionário da prefeitura na estranha operação, registrada no Posto Pérola.   

 

· Fiscais de receitas estaduais da Sefa apreenderam 2,9 milhões de litros de óleo diesel sem qualquer documentação fiscal em Juruti, no Baixo Amazonas, a caminho de Itaituba. Valor da carga: de R$ 11,6 milhões.

 

· O governo Lula editou uma medida provisória que beneficia a Âmbar, empresa dos irmãos Joesley e Wesley Batista, no setor de energia elétrica.

 

· A decisão socorre o caixa da Amazonas Energia e cobre pagamentos que a empresa deve fazer para termelétricas recém-compradas da Eletrobras.

 

·  Os recursos necessários para a operação serão bancados pela conta de luz de todos os consumidores brasileiros por até 15 anos. 

 

·  As rodovias federais têm queda de acidentes, mas seguem 3,2 vezes mais fatais que as concedidas à iniciativa privada, diz relatório da Fundação Dom Cabral.

 

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