Cinco parlamentares do Pará são apontados por suposto uso de "desinformação e discurso de ódio"

Eles integram levantamento do canal Intervozes como “figuras públicas que mais contribuíram” com a prática de fake news na Amazônia.

11/06/2024 12:00
Cinco parlamentares do Pará são apontados por suposto uso de
O

                   

senador Zequinha Marinho, do Podemos; deputados federais Delegado Caveira e Eder Mauro, do PL; Henderson Pinto, do MDB; e o deputado estadual Rogério Barra, também do PL são apontados como as figuras públicas que mais contribuíram, no Pará, com os 38 temas e conteúdos contendo “desinformação e discurso de ódio na Amazônia”. O levantamento foi feito em 2023 pelo projeto Amazônia Livre de Fake, do Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social.


Estudo se baseou em páginas e perfis de senadores e deputados do Amazonas, Mato Grosso e Pará/Fotos: Divulgação.

 

O estudo do canal Intervozes, que tem escritório em São Paulo, capital, se baseou em páginas e perfis que propagam esse tipo de conteúdo na região mais ao norte do Brasil - os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará -, em um trabalho que teve início em 2022 e envolve parceria com mais de 50 instituições, movimentos e entidades. O relatório do projeto foi lançado durante um debate online na quinta-feira, dia 6, no YouTube. 

 

Mapa e ranking

 

O projeto mapeou 32 figuras públicas em 2023 com o objetivo de identificar que tipos de desinformação são disseminadas e como se dá a circulação e o financiamento desse ecossistema. No total de políticos monitorados, 28 deles publicaram 192 postagens com desinformação.

 

Os políticos também investiram R$ 13 mil de recursos públicos em 68 anúncios com temática socioambiental que possuíam desinformação, obtendo mais de 4,5 milhões de interações nas postagens. Esse resultado deu início à campanha Político Desinformante, cujos seis com mais citações comprovadas nos três Estados são: Plínio Valério, do PSDB-AM; Fausto Jr., do União Brasil-AM; Delegado Caveira, do PL-PA; Amália Barros, do PL-MT, que faleceu em maio passado; Eder Mauro, do PL-PA; e Abilio Brunini, do PL-MT.

 

E podem virar lei...

 

A transformação desses discursos de desinformação em projetos de leis também foi identificada na pesquisa, indicando que essas ações podem se tornar problemas, quando falsas informações acabam por embasar o ordenamento jurídico do Estado e do País.

 

O levantamento da série Amazônia Livre de Fake redundou na campanha #PoliticoDesinformante, que tem ampla divulgação nas redes sociais do canal e seus parceiros. A campanha objetiva dar visibilidade, responsabilizar e desmonetizar empresas, mídias e perfis de redes sociais de políticos que disseminam desinformação na Amazônia Legal.

 

Casos paraenses

 

O levantamento do Pará mostra, por exemplo, que o deputado Henderson Pinto fez publicações sobre o marco temporal, propagando desinformações ao afirmar que o marco trará segurança jurídica à demarcação dos territórios indígenas. O projeto mostra que essa afirmação do deputado vai de encontro ao artigo 232 da Constituição Federal, que prevê livre acesso à justiça pelos indígenas. 

 

Zequinha Marinho criminaliza em posts as Ongs ambientais e afirma que a Ferrovia Ferrogrão, entre o Mato Grosso e Pará, não acarretará impactos ambientais ao entorno. Além disso, também postou que agentes federais usaram de violência contra produtores rurais expulsos na operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, no Pará, em outubro de 2023, município de São Félix do Xingu (foto acima).

 

O deputado Eder Mauro, por sua vez, criminaliza o Movimento Sem Terra - MST, associando-o a terrorismo. Também promove discurso de ódio contra a comunidade LGBTQIA +, e em uma de suas falas disse que “criança trans não existe”, em conteúdos ofensivos a transexuais e travestis.  

 

As postagens sobre a segurança política no marco temporal são o tema do Delegado Caveira. Ele também faz ataques ao MST e à operação na Terra Indígena Apyterewa.

 

Rogério Barra, que é filho de Eder Mauro, também é citado por atacar a operação na Terra Indígena Apyterewa, dizendo que naquele território “não há indígenas”.

 

Planos futuros

 

No Brasil e na Amazônia Legal existe o fato de que políticos tendem a manipular ou a distorcer informações para aprovar projetos de cunho ambiental. A pesquisa revelou ainda a estratégia do Partido Liberal de ocupar o Executivo nas eleições municipais de 2024.

 

Atualmente, aparecem como pré-candidatos às prefeituras de capitais amazônicas o deputado Abilio Brunini, em Cuiabá, o Coronel Menezes, em Manaus, e Eder Mauro, em Belém, mas o PL ainda não fez o anúncio oficial de nenhum candidato.

 

A quem interessar


Os parceiros do Intervozes na Amazônia Legal são Abaré, Rede Wayuri e Coletivo Esperança Garcia, no Estado do Amazonas; Carta Amazônia, Coletivo Jovens Tapajônicos, Rede de Notícias da Amazônia, Tapajós de Fato e Co-Jovem, no Pará; Observa-MT, Casa Ninja Amazônia, Mídia Ninja, Rede Juruena Vivo, Instituto Centro de Vida e Fundação Ecológica Cristalino, no Mato Grosso.

Mais matérias OLAVO DUTRA