O esforço hercúleo da máquina pública federal para reverter a tendência de baixa popularidade do presidente Lula e mantê-lo vivo na linha de renovação do mandato eletivo tem inspirado iniciativas polêmicas pelo aspecto populista na forma às vezes atropelada que foram concebidas e implementadas.
É o caso do empréstimo consignado para trabalhadores com carteira assinada e garantia do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, o FGTS.
A novidade já gerou até o momento mais de 453.494 contratos, envolvendo R$ 2,8 bilhões, significando um reforço nas atividades de consumo.
A iniciativa do governo federal pode até ser uma opção vantajosa para alguns trabalhadores, mas, segundo especialistas, também pode apresentar riscos importantes, dependendo da condição e grau de endividamento de cada um.
O fato de o valor do empréstimo ser abatido diretamente no FGTS - antes passível de ser sacado somente em casos de demissão sem justa causa, aposentadoria ou outras situações emergenciais - a operação representa um desfalque no valor disponível para emergências ou planejamento futuro.
Por sua vez, pelo que se tem observado no mercado financeiro, os juros e custos podem sair caro embora as taxas, neste caso, sejam geralmente menores que as de empréstimos pessoais.
Por outro lado, especialistas alertam para o fato de que alguns contratos têm regras draconianas para pagamento antecipado, podendo incluir multas ou até mesmo não permitir a quitação antes do prazo. Imagina!
No caso de quem já acumula outras dívidas, há risco de que o novo empréstimo agrave sua situação financeira em curto e médio prazos.
Mas, afinal, quando a nova modalidade de crédito pode valer a pena? Se o dinheiro for para uma emergência e o trabalhador não tenha outras opções com juros menores, ok. Se ele tem certeza de que conseguirá repor o valor sacado do FGTS no futuro, também ok.
E já que a "bênção" está na mesa - não importa se por irresponsabilidade, oportunismo político ou lobby dos bancos - importante mesmo é, antes de qualquer providência, comparar as taxas de juros oferecidas pelas instituições, além, claro, de evitar os impulsos consumistas, avaliando muito bem se realmente precisa daquele empréstimo.
Finalmente, considero que o empréstimo consignado pode ser uma ferramenta útil para quem tem responsabilidade e busca crédito com juros mais baixos, porém é fundamental utilizá-lo com prudência e planejamento, evitando o excessivo endividamento.
Foto: Divulgação
_______________
José Croelhas é economista, consultor, escritor e palestrante.