Um dos debates mais polêmicos e acalorados do momento - um possível cenário onde predominaria o fim dos empregos -, abastece de insônia jovens e adultos. E não à toa.
A frenética combinação de automação acelerada com inteligência artificial (IA), globalização e mudanças nas cadeias de produtivas vem transformando radicalmente o mercado laboral, espalhando dúvidas sobre como será o futuro.
Robôs, algoritmos e sistemas de IA, de fato, já substituem a participação humana em setores essenciais como manufatura, logística, atendimento ao cliente em áreas altamente especializadas, como direito, contabilidade e até medicina.
No caso, empregos repetitivos e de baixa qualificação são os mais vulneráveis, porém funções cognitivas também estão sob risco.
A verdade é que a economia de plataformas, como Uber, iFood, freelancers e outras, trouxe notável flexibilidade, mas também uma brutal insegurança trabalhista. A desglobalização parcial, como a volta de fábricas para países desenvolvidos via "reshoring" e a busca por eficiência, também vêm devastando os empregos tradicionais.
Por sua vez, o envelhecimento populacional nos países ricos e a explosão juvenil em países pobres têm o dom de pressionar os sistemas previdenciários e a própria empregabilidade.
Já a economia sustentável tende eliminar empregos em setores poluentes como o do petróleo, o do carvão e outros, mas outros serão criados no campo das energias renováveis e da tecnologia limpa.
A contrapartida do processo será o surgimento de novas profissões como curadores de IA, especialistas em cibersegurança, gestores de sustentabilidade etc. Alguns países já estão prestes a adotar políticas de redistribuição, a tal renda social, para compensar a compulsória perda de empregos.
E como se proteger dessa tendência? Bem, o foco em habilidades criativas, emocionais e técnicas não automatizáveis são um caminho interessante.
Regular a IA e a robótica para tributar robôs ou limitar substituições humana em certos setores, também estão em discussão, como forma de antecipação a guerras comerciais e garantir transições justas.
Finalmente, considero que a extinção em massa de empregos pode ser postergada, mas a redefinição do trabalho esta sim já é uma realidade.
Compreendo que a nova ordem econômica mundial exigirá políticas públicas ágeis, reinvenção profissional e, acima de tudo, um debate ético e despolitizado sobre o papel humano numa economia em transformação.
Foto: Agência Brasil
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