Situação caótica da Ufra explode em protestos da comunidade acadêmica em Belém e no interior

Gestão da reitora Herdjania Freitas invade ponto sem volta depois de quatros anos; crise atinge Belém, Capanema e Tomé-Açu, com mais uma eleição fora de hora pelo meio.

31/01/2025, 12:00

Funcionários de terceirizadas desviam função em Capanema e estudantes denunciam precariedade em Tomé-Açu e em Belém/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.


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gestão da atual reitora da Universidade Federal Rural da Amazônia, Herdjania Veras, tida como um “de começo ruim”, se confirmou como tal e segue cada vez pior, segundo avalia a comunidade acadêmica. Como se sabe, a reitora não foi a mais votada ao cargo, mas acabou nomeada, ainda que como terceira da lista tríplice, no então governo do presidente Bolsonaro.

Nesses quatro anos, todos os campi da universidade apresentaram problemas, especialmente de infraestrutura, fato que levou estudantes do Campus Tomé-Açu, região nordeste do Pará, ontem, a fazerem manifestação de protesto reivindicando reforma urgente nas instalações da faculdade. Eles alegam que é perigoso utilizar as instalações do campus por causa do “sério risco de desabamento” nas salas de aula.   

Situação semelhante também ocorre no Campus Belém da Ufra, no bairro da Terra Firme. Na última terça-feira, 28, alunos da universidade emitiram um comunicado nas redes sociais destacando uma paralisação presencial nas atividades. O fato decorre das denúncias recebidas sobre as condições do prédio utilizado pelos estudantes em Tomé-Açu.  

Imagens que mostram a situação foram publicadas através do perfil Reforma UFRA Tomé-Açu, do Instagram, criado pelos próprios alunos. Eles dizem que mesmo com as denúncias, a Reitoria não se pronunciou.  

Os alunos do curso de Letras 2022 também suspenderam a frequência às aulas desde o dia 28. Eles dizem que as salas de aula têm goteiras e rachaduras nas paredes; que ouvem a estrutura estalando e que uma marquise estaria prestes a desabar. A mesma decisão paralisa alunos de Engenharia Agrícola 2023. 

“Divulguem o estado vergonhoso em que se encontra a nossa universidade. No nosso no diploma vai vir escrito ‘sobrevivente’, ao invés de graduado’’’, denuncia o perfil de um deles.  “O problema no campus de Tomé Açu é muito sério: é estrutural, está interditado, com perigo iminente de o bloco dos fundos desabar a qualquer momento”, comenta fonte da coluna.  

Alhos com bugalhos

Outra denúncia vem do Campus Capanema e aponta que os funcionários de empresas terceirizadas de refrigeração, limpeza e manutenção trabalham com desvio de função, executando obras de telhado, subindo escadas, manipulando cimento e argamassa para fazer reparos em prédios do campus, inclusive sem proteção. “É uma falta de responsabilidade imensa da atual gestão da Ufra, sem compromisso com os servidores”, acrescenta a fonte.  

Proibido vender

Não bastasse, na quarta-feira, 29, os Centros Acadêmicos da universidade fizeram uma postagem conjunta para manifestar “total repúdio” à recente proibição da Reitoria de vendas realizadas por estudantes no Restaurante Universitário. “Essa medida arbitrária prejudica diretamente alunos que dependem dessa atividade como fonte de renda, agravando desigualdades e ignorando a realidade econômica de grande parte da comunidade acadêmica. É inadmissível que uma decisão com impacto tão significativo tenha sido tomada sem diálogo prévio com os estudantes. O espaço universitário deve ser um ambiente de apoio, inclusão e solidariedade, e não um local onde decisões alheias às necessidades da comunidade sejam impostas de forma unilateral. Exigimos esclarecimentos imediatos sobre os motivos e o embasamento legal dessa proibição, bem como a revogação dessa medida ou a apresentação de alternativas que garantam o sustento dos alunos impactados”, diz a nota publicada no Instagram.  

Espaço de convivência

Também em Belém, vídeo mostra a situação calamitosa em que se encontra o “espaço de convivência” (vídeo abaixo) dos servidores no prédio do Instituto de Produção e Saúde Animal, o Ispa. Com a intensificação das chuvas, uma enorme goteira se abriu no telhado do espaço e o que menos se pode fazer por lá é “conviver”. “As palavras do dia são absurdo, desumanidade, desrespeito e incompetência administrativa. Essa é a forma como é tratado o espaço de convivência dos servidores, diz a mensagem que acompanha o vídeo. 

Nova eleição  

No próximo dia 14 de fevereiro haverá nova eleição para eleger diretor e vice do Instituto. A eleição do ano passado acabou sendo judicializada por denúncias de fraude na contagem dos votos. A chapa de oposição entrou na Justiça e, com um mandado de segurança, conseguiu decisão favorável a essa nova eleição, que deveria ter sido realizada no prazo de 60 dias.  

As campanhas começaram desde o ano passado e há mais denúncias de que a reitora estaria favorecendo a chapa da situação, que fez entrega de salas de aulas, no último dia 16 de janeiro, já em plena campanha. No convite encaminhado à comunidade acadêmica, a reitora cita nominalmente os candidatos Michele Velasco e José Ledamir Sindeaux Neto, que compõem a chapa apoiada por ela.  


Papo Reto

·Produtores do Pará se reuniram com o governador Helder Barbalho (foto) para pressionar o governo contra a taxação do milho, soja e arroba do boi, medida que deve ser efetivada a partir de março.  

·Quem acredita que os três principais acusados pelos danos ambientais causados ao Pantanal irão pagar as multas que totalizam R$ 725 milhões, cobradas pela Advocacia-Geral da União?

·Aliás, por falar em meio ambiente, o ministro André Mendonça emparedou o governo ao cobrar soluções imediatas para os problemas ambientais na Amazônia, região que vem sendo dizimada pela ganância de mineradores e madeireiros, além - e principalmente - das queimadas que Lula, Marina e Cia. não conseguem debelar.

·Façam suas apostas: quantos dias o STF dará para Lula explicar por que entregou 14% das terras indígenas da Amazônia a uma megaempresa privada estrangeira administrar sem ouvir ninguém?

·Prepare seu bolso porque gasolina, diesel e o GLP sobem de preço a partir deste sábado, fruto do alinhamento de ICMS dos governadores.

·Ou seja, o "grosso", que será o alinhamento interno à paridade internacional do petróleo - que a Petrobras luta para reintroduzir -, virá "assim que Deus se aborrecer".

·Como já vinha sendo vaticinado por dez em cada dez economistas, o Comitê de Política Monetária elevou os juros a 13,25% ao ano; foi na primeira reunião chefiada pelo indicado de Lula, Gabriel Galípolo. 

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