Na OAB do Pará, disputa por vaga no desembargo vira campo de batalha, polêmicas e de denúncias

Vídeos de suposto consumo de bebida alcoólica durante votação da lista do quinto constitucional e apoio explícito a uma candidata engrossam o caldo.

02/07/2025, 10:30

Imagens publicadas em site nacional ganham forte repercussão, mas direção da Ordem no Pará reafirma responsabilidade lisura na condução do processo | Fotos: Divulgação Metrópoles.


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escolha do nome da advocacia para disputar uma vaga de desembargador no Tribunal de Justiça do Pará pelo quinto constitucional virou palco de batalha política, polêmica, troca de acusações e denúncias que tomaram proporção nacional.

Em meio ao processo conduzido pela OAB do Pará, vídeos sugerindo que membros da cúpula da entidade estariam consumindo bebida alcoólica durante a sessão de arguição que definiu os doze candidatos para a disputa da lista sêxtupla circularam nas redes sociais e chegaram a um portal nacional, o que foi prontamente negado pela direção da Ordem.

Nas imagens, a vice-presidente da OAB, Brenda Araújo, aparece com a filha no colo durante a sessão, quando a criança pergunta sobre o conteúdo da caneca. Brenda responde que não era água e, ao ser questionada sobre o que seria, diz: “Esse é drink, filha. Esse é de adulto”. A fala gerou interpretações de que haveria álcool na caneca, o que motivou críticas públicas à condução do processo.

Repúdio à interpretação

Brenda, no entanto, repudiou a interpretação. Disse que foi alvo de um ataque difamatório e que a bebida era, na verdade, um energético. “Usei o termo ‘drink’ em tom lúdico, comum entre mães e pais, para explicar que se tratava de algo que a criança não podia tomar”, afirmou. Ela também destacou o contexto da cena: uma sessão que já durava mais de 12 horas, durante a qual teve que conciliar a presença da filha com o exercício profissional. “Mães que conciliam a maternidade com a carreira merecem empatia, não julgamentos distorcidos”, afirmou.

O presidente da OAB, Sávio Barreto, também saiu em defesa da vice-presidente e da lisura do processo. “É uma tentativa clara de deslegitimar uma disputa legítima, conduzida com regras claras, sob supervisão da Comissão Eleitoral e com ampla participação de todos os candidatos. Há insatisfeitos, conhecidos nos bastidores, tentando atacar o processo porque seus candidatos não avançaram”, afirmou.

Entidade fala de ataque

A OAB também reforçou que o processo obedeceu à paridade de gênero e às cotas raciais que chegou até a receber “elogios” da categoria pela diversidade e qualidade dos postulantes. Inicialmente, 26 advogados tiveram candidatura aceita. Após sabatinas conduzidas por comissão específica, a votação em urna eletrônica - cedida pelo TRE - definiu os 12 nomes que passarão pelo voto da categoria para compor a lista sêxtupla a ser enviada ao Tribunal de Justiça.

Em nota divulgada nesta terça-feira, 1º de julho, a OAB afirma que “a conselheira consumiu uma bebida estimulante não alcoólica (energético), compartilhada entre colegas no plenário” e que “não houve qualquer tipo de interferência, favorecimento ou direcionamento político”. A entidade classificou os ataques como “infundados e sem comprovação”.

Apesar do posicionamento oficial, os ânimos seguem acirrados, inclusive com críticas ao processo de triagem que eliminou parte dos candidatos antes da votação, gerando suspeitas de que nomes com apoio da classe advocatícia local foram preteridos.

Apoio político explícito

Além das acusações sobre conduta durante a votação, a participação ativa de figuras políticas externas também levantou questionamentos. O advogado Délio Dalla, filho da vice-governadora do Pará, Hana Ghassan, publicou apoio explícito à candidata Anete Penna de Carvalho que, claro, usou a declaração a seu favor. “Uma honra contar com o apoio do Délio Dalla, uma grande referência na juventude da advocacia paraense”, declarou Anete em sua rede social.

O apoio explícito a quase governamental, por assim dizer, provocou reações nos bastidores da OAB. Para críticos, o apoio escancarado de um nome ligado ao alto escalão do governo estadual expõe a politização do processo e reforça as preocupações quanto à isenção da disputa.

Alianças e influências

Mesmo diante das polêmicas, a OAB mantém o discurso de que o processo seguiu todos os trâmites legais e reforça o compromisso com a transparência e a responsabilidade institucional. O episódio, no entanto, escancara o quanto a disputa por uma cadeira no Judiciário paraense pode revelar muito mais do que critérios técnicos - mas também alianças, influências e interesses políticos.


Papo Reto

O convite do governo do Pará a “prefeitos e prefeitas” para apresentação, na última segunda-feira, da empresa Aegea Saneamento como vencedora da concessão dos serviços de abastecimento de água e esgoto sanitário foi bem recebido, mas deixou muitos insatisfeitos.

•A reunião aconteceu, no Hangar, em cujos corredores ouviam-se cobrança da cota parte da outorga com a venda dos serviços.

O contrato com a empresa não foi assinado na ocasião, embora já esteja instalada nas dependências da Cosanpa. A assinatura depende da presença do governador Helder Barbalho (foto), que está em gozo de férias na Europa.  

•Como ninguém se preocupava, o engenheiro Maneco Bisi, através da sua Mape Engenharia, cuida de reformar a Capela do Pombo, no Centro de Belém. A obra está quase concluída. Maneco é 10.

"A enxurrada de publicidade institucional embutida no Parque da Cidade acaba comprometendo significativamente a beleza arquitetônica e paisagística do espaço" – escreve à coluna um experiente profissional do ramo.

•Os relógios das esquinas da cidade, instalados pelo poder público, estão marcando hora errada. O da Presidente Pernambuco com a Gentil Bittencourt, por exemplo, está com 2 horas de diferença. 

Atenção redobrada é o que recomenda o Detran aqueles que se preparam para pegar a estrada: revisão veicular, cinto de segurança, evitar álcool e celular quando ao volante são as regras de ouro da segurança para um veraneio feliz.

•O Ministério da Justiça finalmente criou norma inédita para regulamentar o uso de Inteligência artificial na segurança pública.

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