solenidade de posse dos prefeitos eleitos nos dois maiores colégios eleitorais do Pará - Belém e Ananindeua - pode ter sido tudo, menos pelo o que deixaram nas entrelinhas.
Em Belém, o democrata Edmilson
Rodrigues, do Psol, não compareceu à posse para passar a faixa e o cargo ao
novo prefeito, Igor Normando, do MDB. Para não ficar “muito feio”, Ed mandou um
prosaico bilhete a Igor que era quase uma daqueles poemas que costumava usar em
suas entrevistas.
“Se for bem, será bom para Belém”, diz
Edmilson Rodrigues ao desejar boa sorte a Igor Normando. Como se vê, o
derradeiro ato de Ed50 sugere mil interpretações, uma delas que jamais se
atreva a concorrer ao cargo novamente por absoluto desconhecimento do que vem a
ser bom para Belém - tanto que não fez em quatro longos, cansativos e
desgastantes anos.
Para além do futuro
Teve mais nessa posse. A faixa do
prefeito foi colocada pela mulher de Igor, Fabíola Cabral, publicitária e
ex-deputada estadual por Pernambuco, de 2019-2023. Ainda na posse, em ato
falho - ou seria de “previsão para além do futuro?” - uma repórter disse, ao
vivo, que Igor Normando “recebeu a faixa presidencial” pelas mãos da esposa
Fabíola. Antes, também ao vivo, disse que Silvane Ferraz, do MDB, foi “a
vereadora mais eleita...” Pano rápido, por favor.
Onde anda a estrela
Em Ananindeua, uma ausência foi muito
notada. Bruna Lorrane, que foi uma verdadeira “ponta de lança” da campanha de
reeleição do prefeito Daniel Santos, do PSB, não compareceu à posse, uma
ausência silenciosa que fez muito barulho na “República de Ananindeua”.
O pêndulo da política
O que se comenta no município vizinho
- mas há controvérsias, à luz da Câmara de Vereadores, onde o prefeito reeleito
não teve sequer concorrência -, é que o desembarque de Erick Monteiro e de
Manoel Pioneiro, ambos do PSDB, diretamente na corte de Helder Barbalho, do
MDB, marca com alguma ênfase a suposta desidratação da campanha de Daniel ao
governo do Pará, em 2026.
Pioneiro, até então sem cargo
público, assumiu, na quarta-feira, 1, a presidência da Cohab, que vai comandar
a entrega do famigerado cheque moradia no Pará, programa que beneficia
diretamente nas urnas alguns queridinhos políticos do governo na Assembleia
Legislativa.
Moral da história
Outro comentário que se ouve na
“República de Ananindeua” dá conta de que, o que é bom para Pioneiro, não é
necessariamente bom para Ananindeua.
Papo Reto
· O ex-prefeito de Belém Edmilson
Rodrigues (foto) não sancionou, nem vetou o projeto de
adequação à constituição da contribuição previdenciária de Belém.
· Incontinenti, o presidente da Câmara,
John Wayne, transcorrido o prazo legal, sancionou o projeto que vai para o colo
do novo prefeito com os espinhos de sempre.
· Quatro anos atrás, o aporte financeiro
adicional do Executivo para a previdência era na ordem de R$ 10 milhões. Hoje,
pelo comportamento desequilibrado da gestão Ed50, deve estar em torno de R$ 20
milhões.
· Quando foi apresentado à Câmara, na
gestão Zenaldo Coutinho, o projeto impactava em torno de 50% do excedente.
Hoje, com valor de cerca de R$ 5 milhões. A gestão de Igor Normando deverá
bancar mais ou menos R$ 15 milhões.
· Aliás, Igor Normando tem entre
seus secretários pelo menos um ex-auxiliar do ex-prefeito Edmilson
Rodrigues. André Cunha foi secretário de Turismo de 2021 a 2024 e é
secretário de Desenvolvimento Econômico de Igor Normando.
· Mais de cinco mil prefeitos, 3.077 de
primeiro mandato e 2.466 reeleitos tomaram posse no Brasil.
· Existem 14 municípios com resultado
da eleição sob judice e três com a votação anulada por diferentes
circunstâncias, que terão novos pleitos marcados pelos tribunais regionais.
· Aliás, nunca foi tão expressiva a
reeleição de prefeitos: 82% dos candidatos que buscaram um novo mandato saíram
vitoriosos.
· Ao apagar das luzes, Lula sancionou a
Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025, mas com vetos a emendas parlamentares
e fundo partidário. Lá vem barulho!
· O projeto, aprovado pelo Congresso
Nacional no último dia 18, amarra uma meta de resultado primário - déficit ou
superávit - por volta de zero, com um intervalo de tolerância de 0,25% do PIB.
Vai faltar "inglês" pra ver...
· Lula também "desancionou" a
lei que acaba com a volta do Dpvat e, assim, o seguro não será cobrado, pelo
menos em 2025.
· O Dpvat, para quem não lembra, foi
extinto pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas reformulado e
retomado no ano passado pela gestão Lula 3 sob o pomposo nome de Seguro
Obrigatório para Proteção de Vítimas de Acidentes de Trânsito (Spvat).