epois
da publicação da matéria “Títulos de origem estranha assombram imortais da
Academia Paraense de Letras”, a Coluna Olavo Dutra recebeu
diversas manifestações de fontes, e também um pedido de direito de resposta do
escritor Flávio Quinderé, citado na matéria. Em relação às fontes, uma delas,
de destacada universidade, esclarece que a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação trata apenas sobre a emissão do título de "Notório Saber",
mas não trata de "Honoris Causa".
Isso
implica dizer que as universidades públicas ficam com a missão de definir, por
normas internas - normalmente resoluções aprovadas por conselhos superiores -,
os critérios para quem pode ou não receber a honraria, mas, por outro lado,
como a legislação federal não define os critérios, outras entidades acabam por
entrar nesta seara que supostamente deveria ser uma prerrogativa das
universidades.
“Costumeiramente,
o título de honoris causa é concedido por universidades,
considerando que são as instituições habilitadas para conceder titulação de
doutorado. Mas como, infelizmente, a legislação brasileira não é específica
sobre concessão e tampouco fiscaliza, na internet é possível encontrar
entidades até vendendo títulos”, informa a fonte.
Em
relação ao pedido de direito de resposta, embora a matéria questione muito mais
o fato de a Academia Paraense de Letras parecer não apurar a fundo as
documentações apresentadas por seus membros e ter tentado sem sucesso
Fala de marquês
“Leitor assíduo de vossa interessante coluna, causou-me
surpresa e inquietação o fato publicado sob a manchete “Títulos de origem
estranha assombram imortais da Academia Paraense de Letras.” O fato narrado,
segundo Vossa Senhoria informa, com base em depoimento de pelo menos cinco
imortais, membros da Academia, representa um inescrupuloso ataque à minha honra
pessoal e dos companheiros que receberam o título de Doutor Honoris Causa
expedido pelo Centro Sarmathiano de Altos Estudos Filosóficos e Históricos,
órgão mantido pela Federação Brasileira dos Acadêmicos das Ciências, Letras e
Artes (Febacla).
Trata-se de
instituição regularmente criada, com sede no Rio de Janeiro, com registro
em cartório e, portanto, habilitada legalmente para conceder esses títulos.
Lembro ao sempre ilustre jornalista que há centenas de órgãos semelhantes, com
o mesmo objetivo estatutário de conceder títulos honoríficos e que essa função
não se restringe somente às universidades. O MEC, inclusive, não dirige,
coordena ou controla essa atividade. Como toda atividade lícita, ela é livre
para atingir seus objetivos. Por conseguinte, a origem do título não é
estranha, a não ser na estrábica e criminosa visão dos acadêmicos que
ludibriaram a vossa boa-fé, induzindo Vossa Senhoria a escrever o que eles
queriam registrado em vosso precioso espaço jornalístico.
E procuraram Vossa Senhoria justamente pela
credibilidade que possui junto ao público. A APL não tem qualquer relação com a
Feblaca-CSAEFH, que concedeu os títulos, revestida de total legalidade,
acrescente-se. Portanto, a Academia permanece altaneira, acima dessas injunções
paroquianas. A Academia não tem qualquer responsabilidade quanto à emissão
desses títulos honoríficos, sendo impropriamente citada na matéria.
Presidente da ABL
Para que Vossa Senhoria possa aquilatar a seriedade da
instituição Feblaca, o presidente da Academia Brasileira de Letras, por três
mandatos, poeta Marco Lucchesi, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, no
dia 28 de julho de 2019, o mesmo concedido aos integrantes da APL, fato
noticiado pela imprensa carioca, como fazem prova os documentos que estou lhe
enviando, registrando a seriedade do órgão que concedeu título aos acadêmicos
paraenses.
Os títulos foram entregues aos imortais da APL por
ocasião da festa de natal do ano passado, a pedido deles, por serem
absolutamente legais os títulos e não existir nada que deslustre a APL.
Fui alvo dessa trama difamatória por parte de alguém
- acho que foram várias mãos que manejam o chicote da difamação -, porque haverá
eleição no ano que vem na APL e não sendo candidato mais o professor, advogado
e romancista Ivanildo Alves, alguns acadêmicos entenderam que posso ser
candidato a presidente e passei a ser alvo de inflamados dardos, com o
propósito de alijar eventual candidatura.
Deuses do Olimpo
A trama politiqueira é tão manifesta que um simples
diploma honorífico, expedido legalmente, parece, na visão dessas pessoas, haver
atentado contra a honra dos deuses do Olimpo, ou que eu tivesse cometido um
crime hediondo por ter indicado meus pares para receberem esse honroso título,
que bem poucos têm no Brasil. Ao que parece, para a indicação dos confrades e
confreiras que receberam o título, eu teria que pedir autorização ao grupo
“Salto Alto”. Nunca precisei de orientação de policiais ideológicos, de falsos
pais da ética e da moralidade para seguir um caminho de honestidade e de
absoluto respeito às leis do nosso País.
Denuncie se puder
Por fim, a questão é tão absurda, esquálida, movediça,
insustentável, digno jornalista, que os arautos da moralidade, travestidos de
acadêmicos, movidos por politiqueiro interesse eleitoreiro, não buscam o
Ministério Público, a polícia, o Poder Judiciário para fazerem a “biruta
denúncia”. Simplesmente, porque lá, terão que colocar a cabeça covarde do lado
de fora, sem se esconder por trás do anonimato das fontes jornalísticas. Não
buscaram sequer a direção da APL para requerer providências que, neste
caso, poderiam redundar em processo criminal pela denunciação caluniosa, caso o
meu nome fosse citado em qualquer pedido dessa natureza.
Lá, nos órgãos repressivos do Estado aqui citados, há
o contraditório e a inversão das acusações. Os meus acusadores estão recebendo
o desafio, feito aqui de público, para levarem ao conhecimento de tais órgãos a
“denúncia” feita, no anonimato das fontes jornalísticas, onde serão fatalmente
processados.
“A raposa e as uvas”
Quanto às ironias que foram feitas e atribuídas aos
acadêmicos, em relação aos títulos pessoais conquistados pelo signatário, faço
lembrar, neste passo, a fábula da Raposa e as Uvas, do grego Esopo, reescrita
pelo escritor francês Jean de La Fontaine.
Vossa Senhoria nada tem a ver com esta liça de
aldeia. Apenas cumpriu vosso dever jornalístico de informar e de repor a
verdade dos fatos externada neste pedido de direito de resposta”.
Assinatura:
Escritor Flávio Quinderé Tavares, sócio-proprietário da Academia Paraense de
Letras, ocupante da cadeira 39, até que a indesejada das gentes chegue.