Famílias deixam de autorizar doação de órgãos por falta de manifestação em vida do doador

Estudo aponta que número de negativas para doação ainda é maior do que o número de doadores; motivos religiosos são os que menos importam.

25/11/2024, 11:00
Famílias deixam de autorizar doação de órgãos por falta de manifestação em vida do doador
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enos de um terço das famílias autorizaram a doação de órgãos, após o diagnóstico de morte encefálica, de acordo com um levantamento feito por pesquisadores da Unisinos, no Rio Grande do Sul. O estudo analisou os registros de documentos de entrevistas familiares em 2022 por uma organização de procura de órgãos do Rio Grande do Sul para conhecer as justificativas de familiares para a não autorização da doação.


No Pará, o Hospital Jean Bitar, em Belém, atua na linha de frente da doação de órgãos, que envolve outras unidades de saúde do Estado/Fotos: Agência Pará.

Entre as principais justificativas para a recusa estão o fato de a pessoa não ter se declarado doador em vida, a falta de consenso familiar sobre a doação e a decisão da família por preservar a integridade do corpo do ente. Os resultados detalhados das motivações para não doação foram publicados em um artigo no periódico científico “Brazilian Journal of Transplantation”.

 

A equipe, que contou com pesquisadores de instituições gaúchas, analisou os registros de entrevistas com familiares de potenciais doadores feitas por uma Organização de Procura de Órgãos Tecidos no Estado. Foram analisados documentos de 121 entrevistas e, os autores identificaram 33 autorizações para doação, 65 negativas e 23 casos de contraindicação médica para a doação. Entre as negativas, 39 casos foram excluídos por falta de informações sobre a justificativa para a recusa da doação. Por isso, o montante analisado foi de 26 casos.

 

Em metade deles, a doação de órgãos não foi efetivada porque a pessoa que morreu se manifestou contrariamente à doação em vida ou não externou a vontade de ser doador. Em quatro casos, houve falta de consenso familiar, em três houve preocupação dos familiares sobre a preservação do corpo e, em outros três, receio sobre o tempo de espera para liberação do corpo. Questões religiosas foram apontadas em apenas dois casos, entre outras justificativas.

 

No Pará, as filas de espera por doação costumam ser grandes, e os órgãos oficiais não disponibilizam informações concentradas em dados catalogados sobre o quantitativo, mas sabe-se que a realidade não é muito diferente do Rio Grande do Sul e diametralmente oposta à do Paraná, Estado que aparece entre os que apresentam os melhores números de doação.

 

Fila de espera

 

“Temos uma fila de espera gigantesca por órgãos no Brasil. Algumas doenças têm o transplante como único tratamento, mas ele só acontece se houver a doação e, para haver doação, além de generosidade, é preciso conhecimento sobre o processo e sobre o desejo das pessoas”, diz a enfermeira Patrícia Treviso, autora do artigo e orientadora do trabalho de conclusão de curso que o originou.

 

Para ela, é importante que aqueles que querem que gostariam de ser doadores manifestem a vontade em vida às suas famílias. “Normalmente, as famílias querem honrar esse desejo do familiar que faleceu”, afirma. Vale lembrar que, ainda que haja manifestação em cartório, quem autoriza a doação sempre são os familiares. “É fundamental conversar em família e dizer se você é doador, para que a família possa respeitar a sua vontade. Vale destacar que quando não há consenso familiar, a doação não acontece”, observa a enfermeira.

 

Campanha de doação

 

Os resultados também podem contribuir para a implementação de campanhas e estratégias de comunicação sobre a doação de órgãos. “Falar sobre a morte pode ser difícil na nossa cultura, mas a doação de órgãos não é sobre a morte, e sim sobre a possibilidade de salvar outras vidas”, diz a enfermeira Maria Eduarda Pasquotto, primeira autora do artigo. As pesquisadoras destacam a importância do registro completo e detalhado da entrevista com os familiares de potenciais doadores, a fim de que novos estudos possam ser realizados (Fonte: Agência Bori/Coluna Olavo Dutra).

 

Papo Reto

 

· A confusão já recomeçou: definitivamente, não convidem para a mesma degustação de maniçoba o ex-senador Paulo Rocha (foto) e o senador Beto Faro, ambos do PT.

 

· Dizem que boa parte da cúpula nacional do partido "acha justo" que Rocha, preterido na última disputa, tenha preferência na próxima indicação ao Senado, mas - não é segredo para ninguém -, Faro quer porque quer a vaga para a mulher dele, deputada Dilvanda Faro.

 

· Além do trunfo chamado Sudam e o "fator Lula", Paulo Rocha teria extrapolado no acordo de parceria com o ministro Celso Sabino, do União Brasil, que poderá ser seu candidato para a disputa do governo.

 

· O quarteirão da travessa Apinagés, entre Conselheiro e a rua Tamoios, bem que poderia atender pelo nome de...deixa pra lá. Um cidadão improvável está comprando a maioria dos imóveis na área.

 

· Moradores dos imóveis remanescentes já receberam o aviso: coloquem preço. Até um terrenão vago deve virar um centro de vendas no estilo “atacadão”, “baixo preço” ou “mais barato”.

 

·  “Os artistas que embelezaram Belém” é o título da palestra que o imortal Sebastião Godinho apresenta hoje, às 17 horas, no solar do Barão de Guajará, sede do Instituto Histórico e Geográfico do Pará.

 

· O evento marca a comemoração ao Dia do Patrimônio Histórico de Belém, transcorrido no último dia 20.  A entrada é franca e haverá certificado para quem comparecer. 


· Garrafas plásticas viram fonte de energia verde nos EUA; a nova tecnologia propõe quebrar microplásticos antes que eles cheguem ao meio ambiente e transformá-los em combustível limpo. 

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