insegurança sobre as condições de hospedagem durante a COP30, em novembro, está ficando insustentável. Mais uma promessa do governo federal de organizar o setor caiu por terra. Previa entregar até o fim de junho uma plataforma oficial para hospedagens - e o mês de julho já está pela metade.
O secretário da Casa Civil para a COP30, Valter Correia, blefou durante a reunião da ONU em Bonn, na Alemanha, com representantes de quase 200 países e da sociedade civil, e não foi a primeira vez. Desde fevereiro, outros anúncios de lançamento “em breve” da plataforma foram descumpridos.
Na falta de uma plataforma oficial, surgem “alternativas”. Uma delas promete resposta em até quatro horas e afirma ter recebido a visita de mais de 170 mil interessados na última semana. “Com nossas acomodações, os participantes da COP30 só precisam relaxar.” No site, nenhum dos integrantes da “equipe” tem sobrenome.
A organização da COP30, que não demonstra, mas está bem preocupada, afirma que já conta com mais de 28 mil leitos em Belém, mais que os aproximadamente 24 mil quartos que a ONU aponta serem necessários para viabilizar a acomodação para os visitantes.
Minha Casa Minha Vida
Mais uma alternativa surgiu como a solução ao problema de hospedagem, esta, oferecida pelo Ministério das Cidades, que estuda utilizar imóveis do programa Minha Casa Minha Vida como estadia temporária. Belém segue com dificuldades de lidar com a alta de preços no setor.
De acordo com o Ministério das Cidades, das 768 unidades habitacionais em construção na Grande Belém, 256 devem ficar prontas até outubro. A medida é uma das formas estudadas pelo governo para ampliar o número de leitos. O ministério confirmou ao jornal “O Globo” que o uso do Residencial Viver Pratinha durante o evento, "está sendo treinado". O ministério confirma que 256 das 768 unidades habitacionais do conjunto deverão ficar prontas até outubro.
Forças Armadas
Outra possibilidade vem das Forças Armadas, em Belém. A Marinha oferecerá hospedagem no Ciaba e no 2º Batalhão de Operações Ribeirinhas. O Exército terá vagas no 2º BIS, 8º Batalhão de Manutenção, 15ª Companhia de Polícia do Exército, 41º Centro de Telemática e em hotéis de trânsito.
A Força Aérea contribuirá com acomodações nos seus hotéis de trânsito, blocos de apartamentos na Vila 14 BIS e barracas climatizadas. A destinação desses leitos será definida pela Secretaria Extraordinária para a COP30.
Delegações reduzidas
Ainda assim, a desconfiança está muito alta. Em Bonn, na Alemanha, representantes de países da Europa, da África e da Oceania, além de entidades da sociedade civil, sinalizaram que deveriam mandar delegações menores que as inicialmente planejadas, caso os preços de hospedagem em Belém continuem elevados. Os países apontam que as tarifas cobradas em Belém não são aceitáveis, com diárias na casa dos US$ 2 mil. Outra preocupação é com a qualidade da infraestrutura oferecida às delegações.
Publicamente, diplomatas e entidades internacionais dizem confiar que o Brasil vai resolver as questões da infraestrutura hoteleira, mas reservadamente as falas são de apreensão. Ao menos uma das conversas em Bonn, houve a sugestão, por parte dos ambientalistas, para que se avaliasse uma eventual mudança da sede da COP30 para outra cidade, caso os problemas de infraestrutura não sejam resolvidos a tempo.
Por outro lado, integrantes do governo brasileiro afirmam que questões como saúde, alimentação e segurança estão "praticamente resolvidas", mas admitem que o principal problema continua sendo a hospedagem.
Preços exorbitantes
Um embaixador europeu disse que há hotéis em Belém cobrando, diariamente, preços considerados exorbitantes e que cancelam um período mínimo de hospedagem que exceda os dias do evento. As reclamações são também sobre os valores, considerados ainda mais elevados do que os praticados em COPs anteriores. Reservadamente, um representante de uma Ong afirma que os preços de Baku já eram elevados, mas os de Belém são “sem precedentes”.
O Reino Unido está entre os países que ainda não bateram o martelo quanto ao tamanho da delegação que deverá enviar à COP, e cogitou alugar leitos em uma embarcação, em vez de hotéis, devido ao alto custo, mas a opção foi descartada. Uma delegação britânica teria entre 300 e 400 pessoas, mas a decisão dependerá, além dos custos, da quantidade de representantes que outros países europeus deverão enviar.
Em Belém, o governo do Estado negociou preços com a rede hoteleira e a situação é dada como contornada - mas parece que falta combinar com os queixosos mundo afora.