Denúncia: pacientes têm membros amputados por falta de medicamentos no PSM do Guamá

O que já estava ruim antes, ficou pior depois das eleições, segundo os funcionários do hospital; Sindicato dos Médicos cobra providências e leva caso ao Ministério Público.

28/11/2024 08:00
Denúncia: pacientes têm membros amputados por falta de medicamentos no PSM do Guamá
A

 

situação do Pronto Socorro do Guamá - Dr. Humberto Maradei - continua caótica e muito longe de uma solução por parte da Prefeitura de Belém. Há dez dias, o Sindicato dos Médicos manifestou “profunda preocupação com a grave situação” enfrentada pelo hospital. As denúncias chegaram ao sindicato em 19 de novembro, e apontam para um cenário de extrema precariedade, com impactos tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.


Em carta, funcionários apontam retrato cruel da situação, que se deteriorou depois da eleição; nem dirigentes se apresentam ao trabalho/Fotos: Divulgação-Redes Sociais.
 

As denúncias levadas ao sindicato circulam também nas redes sociais e até em cartas entregues a jornalistas que estiveram na unidade de saúde - os funcionários preferem se expressar por esse meio, ao invés de conceder entrevistas, temendo retaliações da Secretaria de Saúde de Belém.

 

Um dos recados nas redes sociais chama a situação de “calamitosa”. “Estamos sem insumos básicos: seringas, gaze e luvas; medicação injetável - tramadol, morfina fenobarbital, fenitoína, amiodarona, bloqueador neuromuscular para intubação, antibióticos e válvula de ventilador”, explicam.  

 

“Amputação higiênica”

 

“Tem pacientes sendo submetidos a amputação higiênica de membros porque não há antibióticos, ou seja, perderam uma perna, porque não tem medicação para tratar a infecção. Na maioria dos dias trabalhamos com equipe reduzida de técnicos que, por sinal, não estão recebendo o valor do piso salarial de enfermagem”, continua.  

 

“Está insustentável. Não há médicos para cobrir as escalas de emergência nos finais de semana, há tempos. E agora também estão largando os dias úteis por conta desse descaso. Esta situação, infelizmente, não é de agora, por isso nos mobilizamos para denunciar, porque não há mais como improvisar e colocar, mais ainda, a vida das pessoas que procuram o PSM em risco”.  

 

Muro de lamentações 

 

Na carta, entregue a uma jornalista que cumpria pauta no hospital, as informações dão conta que não há material para trabalhar e “ainda somos perseguidos pela gestão do hospital, porque mostramos a incompetência dela”. E continua: “A direção do hospital e seus vassalos não aparecem no trabalho desde a campanha eleitoral. As decisões são tomadas ‘via zap’. O chefe da farmácia-almoxarifado só apareceu nos últimos dias porque houve fiscalização do CRM. A direção clínica, não se sabe, nem se viu”.

 

Contratos rasgados 

 

O Sindicato dos Médicos do Pará recebeu denúncias semelhantes e ainda acrescenta que há atraso no pagamento de salários; médicos contratados de forma quarteirizada enfrentam atrasos recorrentes, gerando instabilidade financeira e emocional em um contexto já desgastante.  

 

O sindicato também aponta o descumprimento de cláusulas contratuais pela Organização Social responsável pela gestão da unidade, que não tem garantido os direitos trabalhistas dos profissionais, enquanto a Secretaria de Saúde falha em fiscalizar rigorosamente o cumprimento das obrigações contratuais. 

 

As condições de trabalho indignas, com ambientes insalubres, falta de locais adequados para repouso e refeição e sobrecarga de trabalho que agravam ainda mais a situação dos profissionais que atuam sob intensa pressão. A crise ocorre em um momento delicado de transição de governo municipal, o que aumenta o receio de que a situação se agrave caso medidas urgentes não sejam tomadas. 

 

Recomendações e cobranças

 

 Diante desse cenário alarmante, o sindicato cobra a regularização imediata do fornecimento de medicamentos e insumos essenciais; pagamento urgente dos salários atrasados dos médicos e demais profissionais; realização de auditorias nos contratos da OS, com aplicação de sanções em caso de irregularidades; cumprimento de condições dignas de trabalho, incluindo espaços adequados para descanso e alimentação; transparência e diálogo com a população sobre as medidas adotadas para enfrentar a crise.

 

O sindicato também informa que irá encaminhar essas denúncias a todos os órgãos de controle e fiscalização competentes, incluindo o Ministério Público Estadual, Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Conselho Municipal de Saúde, Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Belém e OAB. 

 

O Pronto-socorro do Guamá faz parte do Sistema Único de Saúde, o SUS, e é um hospital de porta aberta. Por esse motivo, segundo a Prefeitura de Belém, o local não recebe apenas pacientes da capital, o que, eventualmente, geraria situações de pico de atendimento. 

 

Papo Reto

 

· A Ordem dos Advogados do Brasil entrou no radar dos próprios advogados. A instituição tem sido duramente acusada de “omissão” por não se manifestar sobre o papel do ministro Alexandre de Moraes (foto), que aparece como vítima, investigador e juiz no mesmo processo.

 

· O caso se refere à quebra do sigilo do inquérito que trata da suposta tentativa de golpe no governo Bolsonaro, determinada pelo ministro do Supremo.

 

· Quem se manifestou no caso foi o presidente da Associação Lexum, Leonardo Corrêa, para quem a OAB “deveria ser guardião intransigente do pacto republicano”, mas “falta firmeza”. A associação foi criada recentemente e reúne juristas de considerados de direita.

 

· Aviso aos navegantes: as infames vendas de decisões judiciais, que entraram definitivamente no radar da Polícia Federal, não são "privilégio" de Mato Grosso, Pernambuco e Distrito Federal.

 

· O governo bloqueou o Benefício de Prestação Continuada para mais de 306 mil segurados, alegando falta de atualização do CadÚnico por mais de 48 meses.

 

· Dizem que a tesoura do governo será mais radical ainda com quem recebe seguro-defeso.

 

· A prévia da inflação oficial subiu para 0,62% em novembro, puxada pelos alimentos e bebidas, que subiram de preço 1,34%, inquietando de vez o mercado.

 

· Motivo: a previsão otimista do mercado era de 0,22% e as pessimistas, 0,58% para as duas últimas semanas do mês, mas o dragão vomitou 0,62%.

 

· Pior que isso só mesmo a percepção inflacionária de quem presta continência diária às gôndolas dos supermercados.

 

· Pelo andar da carruagem e a julgar pela mediocridade técnica da seleção, o Brasil não será mais que um mero figurante na próxima Copa do Mundo.

 

· E o tal corte de gastos "oficial" do governo Lula da Silva, sai quando mesmo? 

 

Mais matérias OLAVO DUTRA