situação do Pronto Socorro do Guamá - Dr. Humberto Maradei - continua caótica e muito longe de uma solução por parte da Prefeitura de Belém. Há dez dias, o Sindicato dos Médicos manifestou “profunda preocupação com a grave situação” enfrentada pelo hospital. As denúncias chegaram ao sindicato em 19 de novembro, e apontam para um cenário de extrema precariedade, com impactos tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.
As denúncias levadas ao sindicato
circulam também nas redes sociais e até em cartas entregues a jornalistas que
estiveram na unidade de saúde - os funcionários preferem se expressar por esse
meio, ao invés de conceder entrevistas, temendo retaliações da Secretaria de
Saúde de Belém.
Um dos recados nas redes sociais
chama a situação de “calamitosa”. “Estamos sem insumos básicos: seringas, gaze
e luvas; medicação injetável - tramadol, morfina fenobarbital, fenitoína,
amiodarona, bloqueador neuromuscular para intubação, antibióticos e
válvula de ventilador”, explicam.
“Amputação higiênica”
“Tem pacientes sendo submetidos a
amputação higiênica de membros porque não há antibióticos, ou seja, perderam
uma perna, porque não tem medicação para tratar a infecção. Na maioria dos dias
trabalhamos com equipe reduzida de técnicos que, por sinal, não estão recebendo
o valor do piso salarial de enfermagem”, continua.
“Está insustentável. Não há médicos
para cobrir as escalas de emergência nos finais de semana, há tempos. E
agora também estão largando os dias úteis por conta desse descaso. Esta
situação, infelizmente, não é de agora, por isso nos mobilizamos para
denunciar, porque não há mais como improvisar e colocar, mais ainda, a vida das
pessoas que procuram o PSM em risco”.
Muro de lamentações
Na carta, entregue a uma jornalista
que cumpria pauta no hospital, as informações dão conta que não há
material para trabalhar e “ainda somos perseguidos pela gestão do hospital,
porque mostramos a incompetência dela”. E continua: “A direção do hospital e
seus vassalos não aparecem no trabalho desde a campanha eleitoral. As decisões
são tomadas ‘via zap’. O chefe da farmácia-almoxarifado só apareceu nos últimos
dias porque houve fiscalização do CRM. A direção clínica, não se sabe, nem se
viu”.
Contratos rasgados
O Sindicato dos Médicos do Pará
recebeu denúncias semelhantes e ainda acrescenta que há atraso no
pagamento de salários; médicos contratados de
forma quarteirizada enfrentam atrasos recorrentes, gerando
instabilidade financeira e emocional em um contexto já desgastante.
O sindicato também aponta o
descumprimento de cláusulas contratuais pela Organização
Social responsável pela gestão da unidade, que não tem garantido
os direitos trabalhistas dos profissionais, enquanto a Secretaria de Saúde
falha em fiscalizar rigorosamente o cumprimento das obrigações
contratuais.
As condições de trabalho indignas,
com ambientes insalubres, falta de locais adequados para repouso e refeição e
sobrecarga de trabalho que agravam ainda mais a situação dos
profissionais que atuam sob intensa pressão. A crise ocorre em um
momento delicado de transição de governo municipal, o que aumenta o receio de
que a situação se agrave caso medidas urgentes não sejam tomadas.
Recomendações e cobranças
Diante desse
cenário alarmante, o sindicato cobra a regularização imediata do
fornecimento de medicamentos e insumos essenciais; pagamento urgente dos
salários atrasados dos médicos e demais profissionais; realização de auditorias
nos contratos da OS, com aplicação de sanções em caso de
irregularidades; cumprimento de condições dignas de trabalho, incluindo
espaços adequados para descanso e alimentação; transparência e diálogo com
a população sobre as medidas adotadas para enfrentar a crise.
O sindicato também informa
que irá encaminhar essas denúncias a todos os órgãos de controle e fiscalização
competentes, incluindo o Ministério Público Estadual, Ministério Público
Federal, Ministério Público do Trabalho, Conselho Municipal de Saúde, Comissão
de Saúde da Câmara Municipal de Belém e OAB.
O Pronto-socorro do Guamá faz parte
do Sistema Único de Saúde, o SUS, e é um hospital de porta aberta. Por esse
motivo, segundo a Prefeitura de Belém, o local não recebe apenas pacientes da
capital, o que, eventualmente, geraria situações de pico de atendimento.
Papo Reto
· A Ordem dos Advogados do
Brasil entrou no radar dos próprios advogados. A instituição tem sido duramente
acusada de “omissão” por não se manifestar sobre o papel do ministro Alexandre
de Moraes (foto), que aparece como vítima, investigador e juiz no
mesmo processo.
· O caso se refere à quebra do
sigilo do inquérito que trata da suposta tentativa de golpe no governo
Bolsonaro, determinada pelo ministro do Supremo.
· Quem se manifestou no caso
foi o presidente da Associação Lexum, Leonardo Corrêa, para quem a OAB “deveria
ser guardião intransigente do pacto republicano”, mas “falta firmeza”. A
associação foi criada recentemente e reúne juristas de considerados de direita.
· Aviso aos navegantes: as
infames vendas de decisões judiciais, que entraram definitivamente no radar da
Polícia Federal, não são "privilégio" de Mato Grosso, Pernambuco e
Distrito Federal.
· O governo bloqueou o
Benefício de Prestação Continuada para mais de 306 mil segurados, alegando
falta de atualização do CadÚnico por mais de 48 meses.
· Dizem que a tesoura do
governo será mais radical ainda com quem recebe seguro-defeso.
· A prévia da inflação oficial
subiu para 0,62% em novembro, puxada pelos alimentos e bebidas, que subiram de
preço 1,34%, inquietando de vez o mercado.
· Motivo: a previsão otimista
do mercado era de 0,22% e as pessimistas, 0,58% para as duas últimas semanas do
mês, mas o dragão vomitou 0,62%.
· Pior que isso só mesmo a
percepção inflacionária de quem presta continência diária às gôndolas dos supermercados.
· Pelo andar da carruagem e a
julgar pela mediocridade técnica da seleção, o Brasil não será mais que um mero
figurante na próxima Copa do Mundo.
· E o tal corte de gastos
"oficial" do governo Lula da Silva, sai quando mesmo?