Benefícios salariais garantidos por lei seriam usados como moeda de troca e favores no Banpará

Politização do banco pune funcionários não-alinhados e expõe expressiva disparidade entre salários de cargo técnico e de comissionados.

15/03/2025, 08:15
Benefícios salariais garantidos por lei seriam usados como moeda de troca e favores no Banpará
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esde de que iniciou a publicação de reportagens denunciando supostos mandos e desmandos no Banpará, cada vez mais servidores têm procurado a Coluna Olavo Dutra para relatar episódios completamente alheios ao que deveria marcar tanto a hierarquia quanto a valorização no serviço público estadual.

Cenário cria um ambiente de temor e assédio no banco estadual, não bastassem os problemas diários vividos pelos correntistas com prestação de serviços/Fotos: Divulgação.
Desta vez, a reclamação mostra como benefícios salariais incorporados por lei aos vencimentos são usados como moeda de troca e favores políticos dentro do banco.

De acordo com a nova denúncia, o que acontece no Banpará vai muito além das mazelas psicológicas provocadas por uma auditoria intimidadora. Para se arrumar confusão dentro da instituição, basta divergir da linha política adotada pelos superintendes de cada setor. Não há liberdade de expressão política e, não raramente, cargos com altas gratificações são utilizados como pagamento de favor político-eleitoreiro.

Essa situação, continua a denúncia, agravada a expressiva disparidade entre o salário base do cargo de técnico bancário e as comissões pagas pelas funções de confiança. No caso dos superintendes, por exemplo - todos nomeados politicamente -, a gratificação chega a R$ 13.617,70 para um cargo cuja designação é totalmente subordinada ao humor ou necessidade da diretora-presidente, neste caso, Ruth Melo.

Pressão e assédio

Esse cenário resulta em um ambiente de pressão e assédio contra aqueles que não se alinham às diretrizes da gestão. Quem organiza sua vida financeira em torno da remuneração que recebe corre um risco alto porque pode, inadvertidamente, perder 2/3 do valor pago no contracheque também ao bel-prazer da diretoria.

A incorporação da gratificação de função ao salário, garantida por lei desde 2018 -, acabou se tornando uma moeda de troca. Empregados destituídos de suas funções por decisão da administração, sem justa causa, teriam direito à incorporação da média das gratificações recebidas ao longo de 10 anos, retornando ao cargo de origem com essa compensação financeira.

Mas não é isso que acontece no Banpará e a gestão segue distorcendo, a próprio gosto, um mecanismo que deveria oferecer mais segurança e estabilidade ao servidor.

Um caso real

A denúncia encaminhada à coluna também relata um caso emblemático que mostra, com propriedade, a fragilidade desse direito. Uma ex-superintendente, pertencente a um grupo não alinhado à atual presidente, foi destituída de sua função supostamente por motivações políticas. Após a perda da comissão, solicitou ao RH os cálculos para fins de incorporação de benefícios ao salário - algo que, naturalmente, foi validado pelo setor.

Sem consulta prévia ou manifestação da funcionária, no entanto, o banco a nomeou para a função de Coordenadora de Serviços, com um salário bem menor e proibiu a incorporação garantida por lei sem qualquer explicação, numa conduta considerada arbitrária e abusiva.

Atualmente, essa funcionária encontra-se afastada do banco por razões de saúde. Ela foi diagnosticada com transtorno misto ansioso e depressivo, além de esgotamento profissional, reflexo do ambiente de insegurança e pressão psicológica que muitos seguem enfrentando dentro do Banpará. 

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