A infame estória de Edmilson Rodrigues para lavar as culpas de uma gestão caótica

Ex-prefeito usa factoide para justificar inação que prejudicou população de Belém e jogar culpa na atual gestão; os fatos contam a história real da incúria e da falta de responsabilidade.

12/04/2025, 13:30

Coluna apurou que “ônibus escondidos” denunciados pelo ex-prefeito pertencem ao BRT Metropolitano; os que ele comprou, sim, foram escondidos/Fotos-Divulgação-Sandro Barbosa.


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o cinema, um dos momentos mais esperados nos filmes são os plot twists. Na Belém real, quando se pensava que a questão dos ônibus se encaminharia para veículos novos, sabe-se que a cidade ainda não tem esses ônibus nas ruas porque o então prefeito Edmilson Rodrigues não quis: preferiu escondê-los, por vontade própria. Desavergonhadamente, porém, o ex-prefeito tentou culpar a atual gestão, mas a máscara caiu. No português claro, o feitiço virou contra o feiticeiro.

É fato que o prefeito Igor Normando não é obrigado a dar o aumento pedido pelos empresários e aprovado esta semana pelo Conselho de Trânsito. Agora, porém, por bem ou por mal, os empresários, no melhor estilo ‘morde e assopra’, têm que colocar 90 novos veículos para rodar nas ruas de Belém, mas, para agonia geral, o reajuste da tarifa está atrelado à cláusula do acordo assinado pelo impagável Edmilson Rodrigues

Indução ao erro

Desde quinta-feira, 10, a Coluna Olavo Dutra investe no assunto. Tudo começou quando o próprio Edmilson citou 300 ônibus supostamente comprados dos quais ninguém ouviu falar. A partir dessa revelação, começaram a pipocar vídeos de ônibus “escondidos” em garagens e até no “meio do mato”. 

Um dos vídeos encaminhados à coluna mostra ônibus na cor verde estacionados no pátio da antiga Secretaria de Transporte do Estado, sugerindo que eram os veículos aos quais o ex-prefeito se referia. Mentira dele. Contato com a assessoria de comunicação do governo do Estado resultou infrutífero àquela altura, como de costume, mas a coluna apurou que os veículos são, na verdade, para uso no BRT Metropolitano, daí estarem no pátio da Secretaria.  

Cientes ou não da farsa, também publicamos um vídeo atribuído aos ativistas ligados à Unidade Popular, Ariane Parra e Richard Abreu, mencionando os mesmos veículos, parte deles encontrada em um terreno do Corpo de Bombeiros, “no meio do mato”.  

Em novo contato com a comunicação do governo do Estado, da Prefeitura de Belém e da Secretaria de Transporte não obtivemos resposta. Enquanto isso, a militância ligada ao ex-prefeito Edmilson Rodrigues e conhecidas vereadora e deputada estadual, passaram a “cobrar” os veículos da gestão Igor Normando. E viraram vítimas de um atropelamento coletivo, envolvendo 300 ônibus.

Explicações em ondas

“Em 2023, além dos 300 ônibus que seriam comprados pelas empresas, o governo do Pará - com R$ 368,6 milhões de recursos do governo Lula e R$ 19,4 milhões de contrapartida do Estado - se comprometeu com a compra de 265 novos ônibus”. Esse trecho está em reportagem do site Ponto de Pauta, o site de “estimação” da ex-gestão Ed50.    

A Prefeitura de Belém, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o generoso BNDES, - obtido pelas graças do ex-prefeito -, compraria 213 ônibus para uma frota própria do município, sendo 30 elétricos e os demais a diesel, com baixa emissão de poluentes.  

Segundo Edmilson, “os cinco ônibus elétricos que chegaram a Belém foram recolhidos, mas ‘barrados’ no Terminal Mangueirão por decisão do prefeito Igor Normando, fazem parte desta frota municipal. No total, seriam 778 novos ônibus para a população da Região Metropolitana de Belém, o que prova que santo de casa não faz milagre. 

Ônibus ‘escondidinhos’

O fato é que os ônibus foram comprados e chegaram a Belém em 2024. Mas uma das cláusulas do acordo firmado em 2023 entre a Prefeitura de Belém, o governo do Estado e a Secretaria de Transporte é clara: os ônibus novos entrariam em atividade, mas a tarifa subirá para R$ 4,94, devendo ser arredondada para R$ 5. 

Em 2024 houve eleição para a Prefeitura de Belém. O ex-prefeito Edmilson Rodrigues - ou qualquer outro candidato à reeleição - jamais aumentaria o valor de uma tarifa de ônibus em plena campanha eleitoral. E o que fez Edmilson? Escondeu os ônibus, penalizando ainda mais a população de Belém.  

E deu-se o fato de que, como se diz por aí, fica mais fácil entender como o União Popular, partido digamos, simpático à esquerda, teve tanta facilidade em encontrar os ônibus escondidos de cuja existência ninguém sabia, muito menos onde estavam, até que Edmilson “deu com a língua nos dentes”. 

E mais: como o União Popular teve acesso à informação segundo a qual a “prefeitura ainda tem R$ 96 milhões para gastar com a compra de novos ônibus e escolhe não gastar para não competir com o Estado e as empresas”?

Só Deus sabe, mas o conluio político só prejudica a população.   

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