Belém, PA - Na imagem escolhida para esta edição da Ver Amazônia, o fotógrafo João Ramid lançou o olhar da floresta para o asfalto. Lá longe, depois do rio, está Belém, a cidade da COP 30, onde ocorrerá a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
“As populações da Amazônia navegam nas entranhas da floresta. Não temos um lugar vazio de flora e fauna. Povos e comunidades habitam nas matas, nas beiras de rios e nas cidades”, analisa João Ramid ao falar sobre o que viu ao registrar a imagem em sobrevoo de ultraleve, na ilha do Combu.
O que esperar da 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que começa neste domingo, 07, em Belém? Um dos maiores eventos científicos da América Latina, chega na cidade da COP 30 com o tema central “Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo: por um novo Contrato Social com a Natureza”.
Lembremos que a SBPC está intrinsicamente ligada à história política, social e científica do Brasil, com participação em momentos importantes como a luta contra a ditadura militar. A atuação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência vem desde 1949, quando aconteceu a primeira reunião anual, repetindo-se todos os anos.
As reuniões ocorrem como forma de “difundir os avanços da ciência nas diversas áreas do conhecimento e debater políticas públicas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação”, conforme a divulgação feita pela Universidade federal do Pará (UFPA), organizadora desta edição do evento.
De acordo a divulgação oficial, serão realizadas diversas atividades, dentre as quais conferências, mesas-redondas, painéis, minicursos presenciais e virtuais, sessão de pôsteres, atividades culturais, exposições, mostras interativas e outras programações, destinadas para estudantes e professores do ensino básico, técnico ou superior, pesquisadores, profissionais e público em geral.
Cadê a COP 30 na SBPC?
Quando os olhos do país se voltam para Belém, por ser a cidade sede da COP 30, a SBPC pretende reunir dentro do espaço da Universidade Federal do Pará, de 30 a 40 mil pessoas, nos sete dias de evento. A abertura acontecerá no Teatro da Paz, às 17h30.
Sem deixar de considerar a importância e as especificidades tratadas na Reunião Anual da SBPC para o progresso da ciência no país, cabem algumas indagações acerca da programação, que é gratuita e aberta ao público.
Como a SBPC irá tratar o tema COP 30, que é um evento organizado pela ONU, porém com a participação dos governos federal, estadual e municipal? A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), historicamente, debateu e influenciou questões importantes para o país. A COP ocorrerá pela primeira vez no Brasil e na Amazônia. A reunião da SBPC terá também um tom preparatório para a conferência de 2025?
Somente perguntas, sem juízo de valor. O certo é que os movimentos em torno da COP 30 ainda estão longe de envolver os povos da Amazônia nos eventos preparatórios. Ainda estamos na superfície. Se a comunidade científica não se apropria para fomentar esses movimentos, ficará o lugar vazio. A Reunião Anual da SBPC será um local de fala neste sentido?
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Farol COP 30
Furação antecipado
Estudos da ONU sobre alterações climáticas apontam para a chegada, cada vez mais frequente, de evento extremos e inesperados no planeta. O furacão Beryl de categoria 5, no Oceano Atlântico, é o mais precoce já registrado. O Beryl chegou antecipadamente causando destruição e mortes.
Multirriscos
Os furacões sempre foram eventos considerados naturais. Porém, com as interferências humanas, os multiriscos se formam e agravam as consequências para as pessoas, principalmente para os mais vulneráveis. Furacões ganham força quando surgem ao mesmo tempo de momentos do calor extremo que provoca incêndios, por exemplo. Com as alterações climáticas, o natural deixa de existir. Não dá para negar mais!
Multirriscos no Pantanal
Ventos forte, baixa unidade e calor extremo. Essa junção, que resulta das alterações climáticas, forma multiriscos em várias partes do planeta. O Pantanal arde e perde biodiversidade com incêndios que devastam em pouco tempo.
Multirriscos no mundo
Não é só no Pantanal. O mesmo ocorre em países como Portugal, Grécia e Austrália. Em Portugal, a junção de um furacão vindo da Espanha, o calor extremo e a vegetação propensa a combustão, resultou na morte de 50 pessoas em uma estrada, em 2017. As pessoas morreram dentro dos carros, porque não conseguiram escapar do fogo.
Calor na Europa
O verão na Europa foi antecipado este ano e o calor forte chegou ainda na primavera. Por isso, as altas temperaturas já atingem recordes no continente europeu. Os países estão esperando calor acima do registrado no ano passado, quando alguns lugares tiveram temperaturas superiores aos 50 graus. Além de secar as fontes de água potável, como os rios, o calor mata, pincipalmente os idosos. Alteração climática, não dá para negar mais!
Ver Amazônia em Vídeo
O Ver Amazônia em vídeo mostra as relações entre ciência moderna e o conhecimento tradicional para desenvolvimento sustentável, através da bioeconomia. O vídeo tem direção conjunta de João Ramid e Wilson Paz. ASSISTA NO TOPO DA COLUNA!