São Paulo, SP - O ex-campeão e lenda do boxe mundial George Foreman morreu nesta sexta-feira (21), aos 76 anos. A grande maioria conhece "Big" George como um dos protagonistas da luta mais famosa da história do boxe, a "Batalha na Selva", o icônico duelo com Muhammad Ali no Zaire.
A história do desacreditado Ali que destronou o jovem, invicto, destrutivo, campeão olímpico e campeão mundial dos pesados Foreman, que décadas depois se tornou um documentário, "Quando Éramos Reis", ganhador de Oscar.
Porém Foreman foi muito, muito mais. Ele fez história, por exemplo, em 1994, quando se tornou o mais velho campeão mundial dos pesados, marca que se mantém até hoje. Aos 45 anos, após suportar castigo assalto após assalto imposto pelo jovem Michael Moorer, o veterano acertou um golpe certeiro, para recuperar o cinturão mundial dos pesados.
Foreman lutava por sua redenção e um dos primeiros a entender isso foi justamente o treinador de Moorer, Teddy Atlas, que previu que o pupilo teria problemas ao notar que Foreman subira ao ringue com o calção que tinha usado na famosa derrota para Ali há duas décadas.
Sem querer me repetir, Foreman foi muito mais. Após sofrer a derrota para Jimmy Young, por pontos em 1977, provavelmente por conta da exaustão, teve uma visão em que Deus pediu que ele dedicasse sua vida à religião.
Foi assim que o valentão, que na adolescência flertou com a criminalidade e que ouviu da prima que ele jamais seria nada na vida - algo que o feria até depois de ter sido campeão mundial pela segunda vez— se tornou pastor, foi ridicularizado por isso, e abriu uma academia para afastar jovens da criminalidade no Texas.
Foreman aprendeu a pregar tão bem, mas tão bem, que quando sua academia correu risco de fechar por falta de dinheiro, o ex-campeão virou garoto-propaganda com grande lábia para promover uma grande variedade de produtos, entre eles o famoso George Foreman grill. Fez tanto sucesso que ele mesmo admite que a nova geração o conhecia mais como "o cara do grill" do que como o ex-campeão mundial.
Foreman ficou conhecido como máquina de destruição em sua primeira carreira, demolindo de forma brutal ícones como Frazier, Ken Norton, fazendo com que muitos temessem pela vida de Ali quando desafiasse Foreman.
Porém seu segundo ato foi sua grande história de redenção, dentro e – mais importante – fora do ringue, como exemplo de onde a abnegação, o coração e a atitude positiva podem te levar.
Foto: AFP
(Com a Folha)