Exploraçao

Greenpeace vai avaliar impactos da exploração de petróleo entre o Pará e o Amapá

Entidade usará um veleiro para realizar a pesquisa na Foz do Amazonas. Petrobras quer iniciar ainda neste ano a perfuração no local, mas o projeto gera controvérsia.

25/02/2024 15:31
Greenpeace vai avaliar impactos da exploração de petróleo entre o Pará e o Amapá

São Paulo (SP) - Um veleiro do Greenpeace internacional vai atracar em águas brasileiras nesta semana, entre os estados do Pará e Amapá. A embarcação, que é usada para pesquisa, será utilizada para investigar os impactos que uma possível exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas pode provocar na região.


A Petrobras e o governo Lula querem iniciar ainda neste ano a perfuração do chamado bloco 59, na divisa do Pará com o Amapá. No ano passado, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) negou concessão de licença para o projeto, mas a estatal recorreu.


Em reportagem anterior, o jornal Folha de São Paulo mostrou que o cálculo do grau de impacto ambiental da exploração, feito pelo Ibama no local, atingiu escala máxima, com alta magnitude do impacto negativo, influência em biodiversidade formada por espécies ameaçadas de extinção e o comprometimento de áreas ainda desconhecidas.


Demanda local


O objetivo da expedição do Greenpeace Brasil, segundo a organização, é fomentar essa discussão, entendendo como funcionam as correntes marítimas e quais são os riscos de um eventual vazamento de petróleo na região.


De acordo com a entidade, há incertezas se, em um acidente, o óleo poderá atingir a costa amazônica, os manguezais, os rios, terras indígenas e lavouras da região.

Com as informações coletadas no veleiro, diz o Greenpeace, a Petrobras poderá desenvolver ações de prevenção e mitigação de impactos.


A expedição, diz a organização, irá ouvir também os povos indígenas e outras pessoas que atuam no local. Pescadores e moradores da região já disseram anteriormente que objetos caídos em alto-mar chegaram à costa do Amapá, aos rios e mangues do Oiapoque. Essa percepção contraria, em um primeiro momento, modelos de dispersão apresentados pela Petrobras de que o petróleo não chegaria até a costa, em caso de vazamento.


Pesquisa científica 


O veleiro chamado de Witness possui 22,5 metros de comprimento e é capaz de navegar em águas rasas por causa de uma elevação na quilha e no leme.


O estudo do Greenpeace será realizado em parceria com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (Iepa). Eles vão lançar derivadores (equipamentos oceanográficos que emitem sinais de localização GPS) para mapear as correntes marítimas.


Em resposta


A Petrobras disse que o cálculo do grau de impacto ambiental apresentado pelo Ibama "não significa que a atividade pretendida pela empresa ocasionará os impactos ao ambiente ou em áreas sensíveis e na fauna."


Afirmou também que, para cada possível impacto identificado nos estudos, são propostas medidas para evitar ou mitigá-los." "A Petrobras avaliará as medidas e eventuais questionamentos quanto ao grau de impacto no momento oportuno", informou a estatal na ocasião.


(Foto: Nilo Davila/Greenpeace)

(Com a Folha)

Mais matérias Polícia