A imagem acima foi registrada pelo fotógrafo João Ramid há sete anos. Cena comum. Ribeirinho da Ilha do Combu, em frente à cidade de Belém, no Pará, Amazônia, atravessa o rio Guamá rumo à metrópole.
“O que a metrópole oferece aos povos da floresta? Tudo de bom e de ruim. O que é ruim seduz e o bom, cura. Mas, ninguém busca a cura. A gente cede à sedução”, afirma João Ramid, ao explicar o que viu ao registrar a cena.
O relato é um olhar do artista sob uma problemática socioambiental, que é pura objetividade e precisa ser vista assim. Entre a poesia da imagem e a vida como ela é, vale a reflexão deste momento que vivemos.
O planeta ligou o sinal de alerta para tempos difíceis. Estamos em turbulência. Episódios de riscos transformando-se em desastres em vários locais do mundo. Há algo fora da paisagem. Enchentes no Rio Grande do Sul, seca no Amazonas, incêndios nos EUA, Portugal e na Austrália. Olhamos e não percebemos?
Como vamos nos proteger diante dos efeitos dos riscos climáticos, que foram criados por nós mesmos? Isso inclui conversar com todas as cerca de 8 bilhões de pessoas habitantes do planeta.
As temperaturas extremas derretem geleiras e aumentam os níveis dos oceanos, inundando cidades costeiras localizadas abaixo dos níveis dos mares. Belém, a cidade da COP, é uma delas. Olhamos e não percebemos?
O calor extremo atinge a produção de alimentos e agrava a insegurança alimentar no mundo. De acordo com o último Relatório Global sobre Crises da ONU, mais de uma em cada cinco pessoas, em 59 países, enfrentaram insegurança alimentar aguda em 2023.
A COP30 é uma oportunidade para o mundo conhecer a Amazônia. Porém, também é o momento para envolver as pessoas nas questões socioambientais. Não é tarefa simples. O ribeirinho que atravessa o rio em busca da modernidade busca também a própria sobrevivência. Ele não percebe a riqueza que está ao seu redor.
Este espaço foi criado para contribuir e ajudar a aguçar essa percepção. Queremos olhar a Amazônia e ver além das paisagens. Como vivem os amazônidas? Quais suas necessidades? Os paradoxos entre a sobrevivência humana das populações mais vulneráveis e a preservação ambiental.
Nosso farol será a COP30, que chega na Amazônia em tempos de emergência climática no planeta. Será muito mais que um evento. Muito mais que festa, muito mais que turismo, muito mais que dinheiro para novos investimentos. Temos um assunto sério e vital para conversar.
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Farol COP30
Dianteira ambiental
A cidade de Manaus tomou a dianteira novamente e se juntou oficialmente ao projeto #GeraçãoRestauração, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnbuma). É a cidade da Amazônia a promover ações de agroecologia em áreas urbanas e periurbanas para aumentar a segurança alimentar e reduzir a pressão sobre a floresta. Belém, a cidade da COP30, não está entre as selecionadas pela ONU.
Amazônia e a seca
A seca deste ano na Amazônia promete ser a mais severa de todos os tempos. A Defesa Civil alerta para os impactos do fenômeno na vida das comunidades locais. Até agora, nenhum plano foi anunciado para mitigar os impactos da seca. Além da falta de água, os ribeirinhos enfrentam dificuldade de locomoção. Com os rios secos, as populações ficam ilhadas.
Poluição mata
De acordo com estudo divulgado no último dia 19, pelas Nações Unidas, a poluição do ar foi responsável por 8,1 milhões de mortes em 2021. Cerca de 169 mil crianças com menos de cinco anos estão entre as vítimas. O estudo destaca a Índia, com 2,1 milhões de casos fatais; e a China, com 2,3 milhões. A ONU afirma que os dois países concentram 54% da carga global total de doenças causadas pela poluição do ar.
Feira do Açaí
A Feira do Açaí, no complexo do Ver-o-Peso, em Belém, vai ser revitalizada para a COP30. O projeto prevê iluminação com led, que reduz o consumo de energia. Mas, poderia ser mais inovador. O espaço desperta a atenção de turistas, considerando que o açaí é mundialmente conhecido e um dos produtos mais desejados em países como Portugal e Itália. Mesmo com o grande potencial, o projeto de revitalização para a COP segue na linha básica.
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VER AMAZÔNIA EM VÍDEO
Bioeconomia
A produção dos brinquedos de miriti é uma importante atividade econômica para as comunidades do município de Abaetetuba, no Pará, Amazônia. Além de preservar as tradições artesanais, a atividade é um sustento para muitas famílias locais. Veja o vídeo acima.
